É inegável o sucesso de Abel Ferreira no comando do Palmeiras. Em pouco mais de um ano e meio à frente do Alviverde, o treinador já conquistou duas Libertadores, uma Copa do Brasil, uma Recopa e um Paulistão. Em conteúdo exclusivo ao LANCE!, a especialista em comunicação, Fabiana Teixeira, destrincha os principais pontos dessa gestão.
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Ao mesmo tempo que o português demonstra uma agitação na beira do campo, é evidente a calma e tranquilidade ao liderar os jogadores que, partilham da mesma ótima opinião sobre o treinador. Vem daí o lema “cabeça fria, coração quente”.
Nesta frase, ele tenta carregar uma mistura única de razão e emoção. É com este comportamento que ele vem gerando conexão com a torcida, seus atletas e até com aqueles que não torcem para o clube alviverde.
- Abel Ferreira usa todos os elementos de um bom comunicador: conta histórias, se emociona ao falar da família e mostra também vulnerabilidade ao reconhecer que não admira algumas das suas atitudes em campo, mas que são reações mais fortes que ele, por vezes, não consegue se conter. Ou seja, usa a técnica da humanização, muito importante em qualquer comunicação - explica Fabiana.
A especialista diz que não é necessário tentar ser ‘impecável’ para que as outras pessoas se identifiquem e admirem. Segundo ela, Abel acumula todos os requisitos para uma boa liderança.
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- Muitos pensam que para ser líder é necessário ser frio ou impessoal ao transmitir suas exigências e necessidades. Mas na verdade, a ‘imperfeição’ de ser você mesmo cria um laço entre comunicador e ouvinte, a partir do momento em que ele pode se ver em você. Para inspirar, não é necessário ser um modelo impecável, e Abel vem provando isso quando se mostra cada vez mais integrado com seu time e equipe - afirma.
Ainda segundo Fabiana, no futebol, a importância de se ter uma boa comunicação não é diferente de outros lugares e situações. A nível de comparação, em uma situação recente, o ex-jogador do Palmeiras Gabriel Verón foi flagrado numa balada na véspera de um jogo decisivo da Copa do Brasil.
A diretoria do clube multou o jogador, mas deixou a cargo do técnico a decisão de afastá-lo do time ou não. A maioria dos treinadores teria optado por uma punição complementar, mas Abel fez o contrário: chamou Verón e o colocou para jogar.
- Uma decisão desse tipo, ainda que afrontando a disciplina interna, funciona a favor do treinador, principalmente no ambiente de super corporativismo que existe entre os jogadores de futebol. Ainda que o Palmeiras tenha perdido aquele jogo, o desempenho em campo foi o máximo que ele pôde tirar de seus atletas. Ou seja: Abel soube fazer a gestão de crise entre o time, pessoas que estão sob sua responsabilidade, e se mostrou não complacente como muitos disseram, mas empático com seu jogador que cometeu um erro, e consciente do nível desse erro em comparação com o desempenho de Verón até então - contou.
A liderança do português no Palmeiras e a revolução estabelecida por ele nos diversos âmbitos do clube se mostram tão importantes quanto o conhecimento da bola em campo – que já provou ser tremendo.
- Ele se comunica com maestria com o grupo, incentiva, desafia e vai além da conversa do dia a dia. Abel conta inclusive com mantras especiais, que não só são repetidos pelos jogadores, mas também é ecoado pelos palmeirenses mundo afora: “Avanti Palestra”, “24 horas para celebrar uma vitória e 24 horas para chorar uma derrota”, “Todos somos um”, entre muitos outros” - disse Fabiana, que concluiu:
- Para qualquer um que se encontra numa posição de comunicador, vale a pena escutar uma lição importante que Abel nos trouxe do outro lado do Atlântico: para liderar seres humanos, inspirá-los a serem o melhor de si, precisamos também nos mostrar como seres humanos em troca.
Sem dúvida, esses são conceitos que não devem ser apenas aplicáveis no âmbito esportivo. Abel Ferreira é um exemplo de profissional, mas principalmente de ser humano. Que todos possam aprender um pouco com ele a cada dia.