O Palmeiras divulgou uma foto no domingo (10) que levou seus torcedores à loucura: Gustavo Gómez, Endrick, Raphael Veiga e Weverton reproduziam uma imagem dos anos 70, composta por Luís Pereira, Leivinha, Ademir da Guia e Emerson Leão, integrantes do time que ficou conhecido como "Segunda Academia" de futebol por "dar aula" aos adversários.
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A comparação entre as duas equipes bicampeãs do Brasileirão (1972/1973 e 2022/2023) resgata um conceito antigo, relacionado ao Verdão desde a década de 1920, e que serve como síntese de um futebol bem praticado, acima até das conquistas: o de Academia de Futebol.
Ao contrário do que algumas pessoas pensam, no entanto, a expressão não tem relação direta com a quantidade de conquistas de um time. Por trás do termo, há uma explicação técnica e tática, segundo o historiador Fernando Galuppo, em entrevista concedida no ano de 2021 ao canal "Análise Verdão" no YouTube.
- Tentam associar a questão de Academia com o conceito de conquistas. O conceito de jogar academicamente nasce em 1920, com o Palestra (Itália). Pelas suas influências europeias, o Palestra praticava o "passing game", um jogo cadenciado, de passe, de pé em pé - explicou Galuppo, acrescentando:
- Não era jogo de improviso, uma característica dos times brasileiros. Era um time organizado em uma troca de passes que era, ao mesmo tempo, eficiente, plástica e objetiva na conquista dos títulos. Isso é muito mais profundo do que a materialização de conquistas.
Em outras palavras, o conceito de "Academia" serve para definir uma equipe que pratica um futebol coletivo. De fato, esta é uma das grandes marcas do elenco atual do Palmeiras. Mas o termo também tem relação com as origens italianas do Palmeiras, já que "Palestra", o primeiro nome do clube, significa academia (ou ginásio) em italiano.
Embora o termo "Academia" seja relacionado ao clube desde os anos 20, o primeiro grupo de jogadores que ganhou esta alcunha atuou no período entre 1959 e 1969. Este time ficou conhecido, entre outras coisas, por ser um dos únicos a igualar forças contra o Santos do Rei Pelé. Também foi neste período que o Palmeiras foi convidado a representar a Seleção Brasileira na inauguração do Mineirão, diante do Uruguai, em 1965.
Quase 10 técnicos comandaram o Verdão neste período, entre eles Osvaldo Brandão (1959-1960), Mário Travaglini (1963, 1964, 1965-1966 e 1967-1968), Filpo Nuñez (1964-1965 e 1968-1969) e Rubens Minelli (1969). Entre os craques da equipe, estavam Valdir de Moraes, Djalma Santos, Djalma Dias, Dudu, Ademir da Guia e Julinho Botelho.
A chamada "Segunda Academia", por sua vez, durou menos tempo, de 1972 a 1974, mas foi o suficiente para cravar na memória - e no coração - dos torcedores uma escalação que soa como uma boa música: Leão, Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir da Guia; Edu, Leivinha, César e Nei.
Com esta escalação, o Palmeiras nunca foi derrotado - vale destacar, no entanto, que estes jogadores atuaram juntos apenas 18 vezes. Novamente, o técnico da equipe era Osvaldo Brandão.
TERCEIRA OU QUARTA ACADEMIA?
Embora o perfil oficial do Palmeiras tenha classificado o elenco atual como a "Terceira Academia", há quem diga que a equipe atual é a Quarta Academia, já que a terceira seria o time dos anos 90, período que ficou conhecido como "Era Parmalat".
Comandados, principalmente, por Vanderlei Luxemburgo (1993-1994 e 1996) e Felipão (1997-2000), os times dos anos 90 também cumprem os requisitos necessários para serem chamados de "Academia": praticavam um jogo coletivo e conquistaram muitos títulos. Apesar disso, o nome não colou, muito provavelmente pela diferença de quase 20 anos entre os períodos vitoriosos.
Vale lembrar que, da mesma forma que o elenco atual igualou o feito da Segunda Academia ao faturar dois Brasileirões em sequência, o primeiro grande time da década de 90 também conquistou dois Campeonatos Brasileiros em sequência: 1993 e 1994.