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Uso no profissional, Vitinho, Alan e Copinha: Verdão faz balanço da base

Depois de ter em 2017 o ano mais vitorioso de sua história na base, Palmeiras entra na Copa São Paulo em busca do primeiro título e projeta a ida dos garotos ao time de cima

Diretor estatutário Marcelo Dedeschi e o coordenador geral da base, João Paulo Sampaio
imagem cameraFabio Menotti
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 24/12/2017
14:36
Atualizado em 25/12/2017
07:00

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Com 16 títulos e oito vice-campeonatos em 38 competições, o Palmeiras considera que 2017 foi o melhor ano de sua história na base. Cheio de taças, o Verdão prepara-se para a disputa em janeiro da Copa São Paulo, campeonato sub-20 mais famoso do Brasil e aquele que até hoje não conquistou.

Na esteira de uma temporada com tanto sucesso, o clube tem como meta, enfim, ganhar a Copinha, depois de em 2017 usá-la para amadurecer jogadores mais jovens, como Vitão e Alan Guimarães, ambos apostas de só 17 anos.

Ao LANCE!, João Paulo Sampaio, coordenador geral da base do Verdão, fez um balanço do momento, inclusive sobre o pouco uso de garotos no profissional. Falou, também, dos planos para o futuro de Vitinho, meia emprestado até junho ao Barcelona B, e do próprio Alan, já um xodó da torcida. Leia abaixo:

LANCE!: Depois de tantas conquistas, de chegar à final do Paulista em todas as categorias, qual o balanço que vocês fazem da base do Palmeiras em 2017?
João Paulo:
Segundo pessoas do Palmeiras e historiadores é o melhor ano dos 103 anos de Palmeiras na base. A base nunca esteve tão bem, em termos de resultados, de aparecer, de jogadores convocados, da maior venda da história (Gabriel Jesus para o Manchester City), que foi ano passado, mas... historicamente foi o melhor ano, comprovado. O balanço muito positivo, mas só começou a colher os frutos do que foi plantado. Quando chega (à final) em uma categoria só, uma geração só, fica a dúvida porque pode ter sido um raio naquela categoria, vai ter gente falando que foi sorte. Mas quando chega em todas, do sub-11 ao sub-20, não só no Estadual, se vê que é um trabalho como um todo. Isto mostra que o Palmeiras vai ter muitos anos para aproveitar estes atletas em vários sentidos.

Há sempre a discussão na base sobre qual a importância dos títulos. Em que isto ajuda na formação dos jogadores?
É um dos parâmetros para saber da qualidade do seu trabalho. São três que falamos na base. Os títulos; claro, a forma de ganhar os títulos, não é de qualquer forma. Um exemplo agora é que tínhamos todos os jogos em TV e não estávamos preocupados no Rio Grande do Sul em ganhar (a Copa RS), se não a gente tinha colocado os titulares em todos os jogos e foi o contrário. Todos os 25 atletas jogaram de titular, a maioria em dois jogos, então a forma de ganhar também diz como é seu trabalho. Não quero entrar com todo o time de último ano de júnior, todos de 20 anos, para depois passar no profissional e não ser aproveitado. Outro parâmetro é ter jogadores de nível de Seleção, e o Palmeiras foi o clube com mais jogadores convocados para a Seleção Brasileira na base em 2017. Em 2016 foi o segundo, só perdemos para o São Paulo. Este é outro parâmetro bom. E o terceiro, e talvez mais importante, é o uso de atletas no profissional. Claro que isto depende muito de épocas, o profissional está muito bem financeiramente. Ganhou em 2015 e 2016 com atletas da base, se lembrar da final da Copa do Brasil tinham quatro (João Pedro, Taylor, Matheus Sales e Gabriel Jesus), ano passado o melhor jogador do campeonato e a melhor venda da história. Este ano foi um pouco menos... até por causa do elenco, faz parte disso, mas pela qualidade que eles mostraram, os desempenhos nas competições eles vão ter mais espaço. Eu digo para os jogadores que eles têm de fazer acontecer, não esperar acontecer. Nos 15 minutos do treino no profissional, do jogo da TV, que a torcida e todo mundo está vendo. O Roger (Machado) foi nos jogos (da Copa RS), o auxiliar de Roger também, Cícero (Souza) está sempre presente, Alexandre (Mattos) também.O momento é bom, mas estes três parâmetros que precisamos levar em consideração. Nos três anos foi uma média boa.

Como é a relação com o profissional?
A gente entende o momento, já tiveram outros clubes que foram campeões, como São Paulo e Corinthians, com poucos da base, depois quando precisou aproveitou mais. Entendemos o momento do clube, mas os meninos vão fazer acontecer, não vão esperar. É para isto que preparamos eles. E tem a integração para o profissional... a gente usa o CT, toda a estrutura. Já estamos há dois meses sem nosso CT (nota da redação: a região do CT de Guarulhos foi fechada por prevenção contra a febre amarela), e o sub-15, sub-17, sub-20 usam toda a estrutura (do Centro de Excelência). Hoje eles se sentem mais confiantes, porque não é uma coisa estranha, todos são conhecidos pelo nome. Isto facilita muito.

Muito se contesta, pois o Palmeiras ganha bastante na base e usa pouco no profissional. Por que isto?
O Palmeiras não ganhava anteriormente (na base). Pode falar deste ano. Se colocar, em 2014 tinham seis ou sete jogando no profissional, um ano mais difícil. Em 2015 tínhamos quatro jogando a final da Copa do Brasil. Em 2016 tinham dois ou três, com o maior ídolo dos últimos tempos formado no clube. 2017 foi um ano atípico, até pela expectativa da Libertadores. Quem não contrataria Guerra? Quem não contrataria Borja? O Palmeiras trouxe grandes atletas, fez um grande elenco. Mas a base começou a ganhar neste ano. E vai ser mais aproveitada a partir do próximo ano, e já foi neste ano. O Fernando foi, o Léo (Passos). Até porque no sub-20 era um time jovem, com muitos de 17 anos, que ainda tem três anos de base. Eles confirmaram a qualidade, mas ainda estão em maturação de todos os aspectos. Físico, emocional, tático, técnico, para estar mais pronto para o profissional. É o que estamos fazendo aqui. Eles confirmaram na base, vão continuar confirmando e vão ter oportunidade no profissional, porque já tiveram com 17, 18 anos. Já falei de alguns que viajaram com a equipe, no melhor elenco do país, que muitos avaliam assim. Não ter o resultado faz parte, mas ninguém fala que o elenco do Palmeiras não é o mais valioso ou o melhor do país, principalmente quando foi formado. Eu lido muito bem com isto, nós no Palmeiras lidamos muito bem com isto. A gente sabe que estes meninos, apesar do desempenho que estão tendo na base, ainda estão no processo.

Ganhamos muita coisa na base, tivemos um ano maravilhoso, mas o processo não muda devido aos títulos. É saber que a maturação chega no momento certo. Até porque imagino no time de 2013 e 2014, se Gabriel Jesus estreia, não sei se ele teria este sucesso todo. Ele entrou no momento certo, onde o time foi campeão da Copa do Brasil, campeão brasileiro. Se ele vai disputando a Série B, disputando as últimas colocações para não cair, ele não vira este ídolo. Ele foi encaixado em um time que estava bem. E eu venho de um lugar que vi muita gente morrer assim, principalmente em alguns clubes médios, que o garoto entrava e ia vencer fora, ia dar lucros a outra equipe sem ser a sua porque o time profissional estava bem mal. Acredito em esperar o momento para colocá-los.

Como entrar na Copinha sabendo que o time é considerado um dos favoritos?
Tentamos tirar o peso, mas números e estatísticas não dá para mudar. É praticamente o time (que ganhou) o Paulista, depois você disputa um torneio difícil que é a Copa RS, com os melhores times do país mais seis estrangeiros e você perde uma final no finzinho, no detalhe, depois de rodar o grupo todo. Você mostrou muita qualidade dos atletas e do seu trabalho. Agora a Copa São Paulo é muito traiçoeira. A gente sabe que tem capacidade e confiança para marcar na história este título para o Palmeiras, mas é traiçoeiro, às vezes pega um campo ruim, chuva, aí não tem jogo, vai para o desespero dos pênaltis... sabemos disso. Mas confiança total que temos muita condição de entrar para a história com o primeiro título para o Palmeiras isto aí não temos dúvida nenhuma. Estamos indo mais confiantes neste ano do que nos anteriores.

Desta vez o que é mais importante: conquistar o título ou maturar jogadores?
Desta vez, sim (o título é importante). Até porque na deste ano a gente jogou praticamente com o juvenil (sub-17), entramos com sete atletas de juvenil para entrar na maturação para este ano. Como Matheus Bahia, como o Fernando, que é um dos destaques, o Léo, o Alan, Vitão... todos foram titulares na Copa São Paulo deste ano. E naquele momento era este o projeto, amadurecer mais eles, até porque são atletas com perfil para o profissional do Palmeiras. Não adianta ter jogadores do último ano de júnior sabendo que não vão jogar na minha equipe. Então prefiro usar o mais novo, que tem capacidade, e maturar para a próxima. Eles estão mais amadurecidos, mais jogados. Estou falando de jogadores que já estiveram no profissional, jogadores que jogaram um Mundial sub-17. Nossa expectativa maior neste ano é pelo título. A maturação é importante, claro, mas acreditamos mais neste foco de marcar história.

A base da Copinha será o time campeão paulista sub-20, sem os três que estouraram a idade (Daniel Fuzato, Pedrão e Augusto)?
Mesmo time que jogou o Paulista e na Copa RS, além do Maílton, que estava com a seleção paulista durante o campeonato. E vieram estes do juvenil (sub-17), os três do Mundial, o Luan, que jogou três ou quatro jogos de titular no Sul, o Alan, que jogou, o Vitão, que confirmou, e aos 17 anos vai para sua segunda Copa São Paulo como titular. A gente mudou muito pouco o time que foi bem no Paulista para o time da Copa RS e agora o da Copa São Paulo.

Houve uma reformulação grande no time sub-20, com a saída de alguns jogadores para a Europa. O que vocês queriam com esta decisão?
A gente analisa: quando está vencendo o contrato e achamos que este jogador não vai desempenhar no profissional, mas apareceu - e por isto é bom ir bem nos torneios internacionais de base, porque o Palmeiras tinha uma média de uma, duas viagens por ano, no máximo. Agora, tem oito em média. Os jogadores vão nestas viagens e chamam a atenção de alguns clubes. Vou dar dois exemplos: do zagueiro Gabriel Estigarribia e do Iacovelli. Eles eram um ano ou dois mais velhos do que Vitão, que o profissional já vê com bons olhos para o futuro, já levou este ano, e o Estigarribia era 98. Vitão estava desempenhando melhor, a gente abre caminho para Vitão, Estigarribia já tinha times interessados e seu contrato ia vencer, é mais difícil negociar quando ele já não está desempenhando, com um menino mais novo na frente. A gente rescinde, deixa ele ir, fica com 30%, 40% (dos direitos econômicos). Em todos os casos que fizemos foi assim, a não ser o de (Gabriel) Barbosa. Primeiro envolveu empréstimo com dinheiro (ao SPAL, da Itália), segundo, para ele amadurecer, e aí é caso a caso, para ele seria bom pegar um ano de Europa, pegar o Campeonato Italiano. Ele tem 1,98m, e para atacante é muito difícil. Se ele tiver de voltar, volta um atleta e homem melhor. Quando ele amadurece como homem, também desempenha melhor como atleta. Isto aconteceu com Barbosa. Os outros eram fim de contrato e alguns mais novos com perspectiva melhor. Por isso abrimos caminho.

O Vitinho foi emprestado ao Barcelona B também para este desenvolvimento humano?
Da mesma forma a gente pensou com o Vitinho. Ele ia desenvolver muito a parte da pessoa, em todos os sentidos, e também do atleta. Não podemos tirar a escola do Barcelona, onde ele vai jogar. Se não houver a compra, que é um bom valor (15 milhões de euros ou R$ 59,3 milhões), ele volta um atleta melhor. É diferente do caso do Artur, que a gente coloca na Série B, empresta sem estipular valor, e coloca para dar rodagem a ele. A gente acha que, caso não aconteça a compra do Vitinho, ele volta uma pessoa e um atleta mais evoluído. O que estamos vendo no Barcelona é que ele teve duas oportunidades na equipe A, no banco, está indo na equipe B, jogando sempre, acho que ficou só dois jogos fora. Está sendo o camisa 10 da equipe B, que é uma segunda divisão da Espanha. Está desempenhando bem. Eu estive no Rio Grande do Sul com o pessoal do Barcelona e eles falaram que sempre os primeiros seis meses são de adaptação, mas que a capacidade de Vitinho é indiscutível.

Dá para dizer se o Barcelona vai exercer a opção de compra ou se ele volta?
Não dá para dizer, porque esta decisão é muito deles. Se for pela capacidade, acho que sim (vão querer comprá-lo), mas vamos ver a adaptação dele no estilo de jogo do clube, que é muito peculiar.

A torcida espera muito do Alan Guimarães. O que se planeja para ele?
A capacidade de Alan é indiscutível. A técnica, a inteligência de jogo, o desempenho dele na base, que já joga no sub-20 desde o começo do ano. Mas ele ainda precisa da maturação, principalmente física. Ele é muito maduro como pessoa, como atleta, de inteligência tática, técnica, mas tem a crescer no físico - não de tamanho, que achamos que ele não vai crescer tanto de tamanho -, mas na parte de força. A gente vê que a maturação do Alan ainda está baixa, vamos ter um pouco de calma para que aconteça, porque se vem naturalmente nas pessoas, com a puberdade, imagina com atletas. A gente tem que saber o tempo certo para não queimar um talento, porque ele tem muito.

Ele não está então na lista dos primeiros para o profissional no início de 2018?
Não, acho que mais para 2019, deixar mais este ano no sub-20, ter a maturação física, que é importante para um jogo de profissional, o sub-20 mesmo, porque ele tem 17 anos, e nem todos têm a genética de um Gabriel Jesus, de um João Pedro, que já tinham muita força. E precisa disto no futebol. Parte técnica e tática a gente sabe que ele tem, mas temos de esperar o tempo dele, não adianta acelerar este processo, até porque ele é muito jovem. Então esperar mais este ano para ele se preparar melhor para em 2019 estar pronto.

Imagino que você deva ouvir muito que agora espera-se encontrar outro Gabriel Jesus na base do Palmeiras. O que fazer para que isto não atrapalhe potenciais destaques e também não pressione vocês?
Nem a Seleção Brasileira tinha o Gabriel Jesus. Há quantos anos procuramos um número 9 que faça o que ele faz? Que arranca com a bola, com deslocamento, presença de área. Acho que o último foi o Ronaldo Fenômeno. Romário, depois Ronaldo Fenômeno. Os outros não tinham esta característica. Se nem a Seleção tinha, imagina o Palmeiras ter todo o ano. Mas esta expectativa criada neles (atletas), a gente não pode mudar, porque eles estão desempenhando bem, a torcida e a imprensa acompanham, não tem como. A pressão para ir bem acho que eles precisam se acostumar desde cedo. Acredito muito nisso. No Allianz Parque, na final do sub-15, teve uma bola que o atacante errou e a torcida chiou atrás do gol. É o que a gente mais procura, porque é o mais próximo que ele vai encontrar do profissional. Quando a gente procura que eles joguem preliminares, que joguem a Copa São Paulo, que joguem no Allianz Parque como foram aquelas finais, é para preparar para o habitat natural deles. Não vai ser em um campo do CT na base para 300 pessoas. Esta pressão eu acho salutar, e para mim sempre que tiver em cima deles vão estar mais preparados para o futuro. Faz parte a gente preparar melhor, com psicologia, treinadores, assistentes sociais, conversar, mas eles saberem da responsabilidade deles. Os últimos 13 jogos do sub-20, das quartas até a final do Paulista, e toda a Copa RS todos televisionados. Agora (na Copinha) todos televisionados. Tem lado bem e lado ruim. Lado bom se for bem. Se for mau, vou ser criticado. Esta pressão é boa, não é ruim, não.

Quais as metas do Palmeiras para a base em 2018?
A gente tem já no nosso case de base tudo traçado para os anos. Nos Estaduais em 2015 era chegar entre os quatro. Sempre colocamos esta meta. Em 2015, chegamos em três das cinco (categorias). Em 2016 (chegamos) em quatro das cinco, e em 2017 (chegamos) em cinco das cinco. Brinco que aqui fizemos o sub-14 e sub-16 e chegamos nas sete. Nos nacionais era chegar entre os quatro em 50% dos torneios. E nos internacionais era chegar entre os quatro em 75%, até porque nas competições internacionais a quantidade de times é menor. A gente terminou o ano com 87% de aproveitamo nos Nacionais, 100% nos Estaduais, e nos Internacionais com 83%. E é a mesma meta do ano que vem. Claro que depois de chegar entre os quatro não tem como você tirar a vontade de ser o primeiro. Até porque foi uma das coisas que bati muito quando cheguei aqui: vocês têm de gostar de sentir o gosto de ser campeão. Tem que gostar de estar entre os primeiros. Você vai chamar a atenção, forçar as pessoas a te conhecerem, mas você tem que sentir isso. Tiveram umas duas vezes que eles não sentiram a derrota e tive que dar uma quebrada no vestiário para que eles sintam que é ruim não ter este gosto. Porque quando você estiver no profissional vai ser exigido para ser o primeiro, não para ser quinto, sexto. 

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