Parceiros por 30 anos por conta do Allianz Parque, Palmeiras e WTorre batem cabeça repetidamente. Na terça houve o último capítulo desta complicada relação: Rogério Dezembro, CEO do braço de entretenimento da construtora, justificou a sessão de cinema da arena em dia de jogo do Verdão, mas teve sua versão rebatida por Paulo Nobre.
A arena está em funcionamento há um ano e meio, mas as rusgas, troca de farpas e disputas na Justiça entre os parceiros se acumulam. Enquanto o presidente do Verdão diz que o clube não trabalha a quatro mãos com a WTorre, Dezembro disse que falta mais 'amor' no casamento.
- Ter discussão nunca é agradável. O ideal pelos bons resultados que a arena vem gerando para os dois lados era de que tivesse um clima mais amoroso, mas entendemos também, porque estamos falando de um negócio em que é tudo novo para todo mundo. São dores do nascimento de um novo modelo. Estamos ainda sofrendo entre aspas, mas a criança é linda e tem valido a pena - disse Dezembro.
Nobre, por sua vez, contesta algumas decisões da construtora, como a última, de utilizar o estádio para lançar o filme 'Independence Day: O Ressurgimento' no dia da partida contra o América-MG, que agora deve ser no Pacaembu.
- Acho absolutamente legítimo o torcedor ficar revoltado de o Palmeiras ter que sair da sua casa para ter uma exibição de uma sessão de cinema. Não cabe a mim decidir quais eventos são feitos no Allianz Parque, mas uma coisa é um megashow outra coisa é um evento desse tipo, realmente a torcida está revoltada, estou sendo cobrado - acrescentou, à ESPN.
Enquanto a arena rende boas receitas para os dois lados, Palmeiras e WTorre discutem diversos pontos do contrato na corte arbitral, incluindo receitas. Por contrato, quando o Palmeiras precisa jogar fora de casa, a WTorre deve pagar uma multa: 50% da renda bruta desta partida, além dos 20% do aluguel do Allianz para eventos. A construtora, porém, não tem feito este repasse sob o argumento de que o Verdão também não paga valores considerados de manutenção do Allianz Parque.
Desde a reinauguração do estádio, o Palmeiras já precisou jogar no Pacaembu sete vezes. Somados os 50% de cada renda bruta, as multas são superiores a R$ 1,5 milhão, mas estima-se que a dívida da empresa com o clube esteja próxima dos R$ 4 milhões porque os repasses de outras receitas do Allianz Parque (porcentagem de naming rights, camarotes, etc.) também não estão sendo feitos.
O valor que a construtora cobra do clube é referente ao reembolso de custos de dias de jogos, como conta de luz, mais o aluguel de três partidas: os amistosos contra Shandong Luneng e Red Bull, na pré-temporada de 2015 e a despedida de Alex. A cobrança é feita por não se tratarem de jogos oficiais.
'Quando o palmeirense perceber que se ele lotar o Pacaembu e a renda for muito boa, começa a ficar inviável para a WTorre nos tirar da arena. Mas quando o jogo não é no Allianz grande parte da torcida não comparece', Nobre
Em janeiro, a WTorre calculava a dívida também em valor próximo aos R$ 4 milhões. Parte do débito foi quitado pelo clube mediante a apresentação de notas pela empresa, mas a diretoria alviverde segue contestando outras cobranças, como manutenção do gramado. Apesar de tantos problemas, Dezembro reforça que este é o modelo de negócio ideal para as duas partes.
- Se não fosse esse modelo de negócio, qual seria a alternativa (para o Palmeiras)? Gerar uma dívida gigantesca, sacrificando receitas. É o melhor modelo que se tem, disparado, não só clubes do Brasil, mas outros de fora pediram para que replicasse esse modelo. Falamos que ainda não aprendemos tudo - completou Dezembro.