De fato, o Brasil parou para ver a conquista de seu primeiro ouro em casa. Este momento foi especial, pois estive com o Flávio Canto, medalhista olímpico e idealizador do transformador Projeto Reação. E foi incrível quando ele nos contou, meses antes da conquista, a história de superação desta menina de ouro chamada Rafaela Silva.
É incrível a maneira como Canto atingiu esse status também de empreendedor, com visão para transformar a realidade de muitos jovens que vivem em comunidades carentes no Rio de Janeiro, por meio de um projeto social que definitivamente dá frutos.
Dentro deste contexto de vitórias e derrotas vividas tanto pelo Flavio quanto por Rafaela, podemos refletir em nosso dia-a-dia sobre situações semelhantes. Muitas vezes nos encontramos sem esperança para superar os problemas e bate uma solidão e um sentimento de fraqueza para continuar em busca dos nossos sonhos.
Lembro que Rafaela foi alvo de ofensas pesadas nas mídias sociais; sinceramente, não entendo como existem pessoas com alma negra e que investem o seu tempo para humilhar as outras. Este fato poderia ter ocasionado um mal de consequências incalculáveis para esta atleta que teve apoio da família, dos seus treinadores e principalmente do Projeto Reação para não desistir do seu sonho.
Aprendemos lições diárias em nossas vidas, e essa é mais uma: nos momentos mais difíceis, precisamos olhar para o céu, ter orgulho da nossa história, mas acima de qualquer coisa, trabalhar! Essa é a única receita do sucesso para quem tem a ética no sangue!
Rafaela terá sua agenda repleta de compromissos com patrocinadores e com quem a apoiou de verdade nesta caminhada de espinhos e rosas. O atleta que ganha uma medalha na Olimpíada representa muito mais do que o ouro, pois a sua realidade de superação é infinita.
O esporte brasileiro precisa ter mais patrocinadores, políticos sérios, presidentes de federações honestos e tantos outros executivos, com capacidade para transformar a vida de jovens que estão vivendo a falta de esperança em bairros de alto, médio e baixo poder aquisitivo. Fica evidenciado que o esporte transforma, não importa a classe social.
Ganhar o ouro é demais, mas incentivo que este momento deve ser levado a sério como um caminho para a sociedade do futuro, em um país que anda com a cabeça baixa. Somos capazes, sim, de transformar através do esporte a realidade de muitos brasileiros. Precisamos pensar de forma criativa, coletiva e ética como a organização da Abertura dos Jogos, que surpreendeu todo o mundo.
Pode ser que eu não tenha tempo para ver este novo Brasil, mas nossos filhos e netos merecem um novo país. Podemos começar já em criar eficientes e pequenas atitudes no cotidiano para esta transformação. Acabar com o jeitinho, com as vantagens e a busca pelo mínimo correto. Só assim acredito que podemos mudar. Pode levar muito tempo, mas não é impossível! Salve Brasil e a sua verdadeira pátria. Salve tantas Rafaelas e Flávios que estão espalhados por este lindo e promissor país!
*Rodrigo Geammal é formado em Administração de Empresas pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). Iniciou a sua carreira na ExxonMobil (Esso). . Desenvolveu diversos projetos focados em conteúdos esportivos e de entretenimento como o projeto de marketing de contratação de Clarence Seedorf pelo Botafogo. Foi diretor de Marketing da Sociedade Esportiva Palmeiras.