Medalhista de prata na maratona, o etíope Feyisa Lilesa aproveitou a exposição que teve nos Jogos Olímpicos e praticou um ato político. O atleta levantou os braços e os cruzou à frente do rosto em protesto ao governo de seu país, que restringiu o acesso à internet e neste mês, segundo as agências internacionais, matou mais de 80 pessoas (400 segundo os ativistas) que protestaram contra os abusos aos direitos humanos que acontecem na região.
"Eu apoio os protestos no meu país, estou a favor do meu povo e por isso fiz o sinal. Ainda não decidi se vou voltar”, declarou o atleta que fez o gesto na linha de chegada do Sambódromo da Marquês da Sapucaí e repetiu no pódio, assim que a bandeira da Etiópia foi hasteada.
Agora, com o protesto visto pelo mundo inteiro, Lilesa não sabe se voltará para seu país-natal. O medalhista teme represálias das forças de seguranças nacionais, como aconteceu com outros militantes da oposição ao governo etíope recentemente, e cogitou se estabelecer em outra nação.
"Se eu voltar eu sei que eles podem me matar. Se não me matarem vão me prender, ou me segurar do aeroporto. Vou conversar com minha família e amigos para decidir o que fazer. Talvez eu vá para outro país”, explicou o maratonista.
O COI (Comitê Olímpico Internacional), responsável pela organização dos Jogos, é contrário aos atos políticos durante competições e em cerimônias de premiação. Embora ainda não tenha se pronunciado oficialmente sobre o caso, o COI deve abrir investigações e existe a possibilidade de Lilesa sofrer algum tipo represália no esporte.