A torcida começou tímida. A classificatória para o tiro de pistola de ar 10m foi num pequeno stand no Centro Olímpico de Tiro em Deodoro. Poucos torcedores, muitos membros de delegações. Mas na final, tudo mudou. A torcida brasileira cantou, aplaudiu, gritou e até "brigou" com alguns russos que insistiam em tocar uma corneta enquanto os atiradores estavam para executar seus movimentos. No fim, o apoio do público ajudou Felipe Wu em duas coisas: na conquista da medalha de prata, a primeira láurea do país-sede neste Jogos, e na opinião dele sobre o incentivo dos torcedores em uma prova de tiro.
- Até hoje de manhã, achava que a torcida não fazia diferença no tiro esportivo. Hoje mudei de ideia, eles fizeram a diferença para mim. Foi especial - afirmou Wu, em coletiva.
Além do apoio dos torcedores, a conquista também foi especial pelo local onde foi disputada. O Centro Olímpico de Tiro, na verdade chama-se Centro Nacional de Tiro Esportivo Tenente Guilherme Paranaense. A homenagem é ao militar, primeiro medalhista de ouro da história do Brasil, em Antuérpia-1920. Foi nessa edição dos Jogos que o Brasil conquistou também as medalhas de prata, com Afrânio da Costa e o bronze por equipes. Desde então, nunca mais.
– Na época do Guilherme Paraense era diferente, então não dá para comparar a situação que eu passei com a dele. Naquela época era militar, as armas eram emprestadas... Mas realmente foi especial ganhar aqui. Ele era militar, eu também sou, e ganhar aqui como militar também é especial. Ele conseguiu um feito incrível e fico muito feliz de ganhar aqui, é um lugar especial – disse.