Tiro com arco: Glória sul-coreana e drama das italianas, algozes do Brasil

Improvável tiro equivocado tirou as italianas da medalha na disputa feminina por equipes

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Sabe aquela derrota que chama mais atenção que o título. Pois é. Foi assim na disputa por equipes do tiro com arco feminino da Rio-2016, no Sambódromo, neste domingo. Todo mundo esperava que a medalha de ouro fosse para a Coreia do Sul, e assim aconteceu. A dúvida estava em saber qual equipe ficaria com a prata. E é aí que entra o drama da jornada olímpica, tendo as italianas como protagonistas de um final nada feliz.

O dia começou ótimo para elas. Foi o trio de azzurri - formado por Lucilia Boari, Claudia Mandia e Guendalina Sartori - que despachou a equipe brasileira logo pela manhã. E justamente com o time brasileiro tendo, até então, o pior tiro do dia, com uma nota 5. Afinal, o "braço tremeu" para Marina Canetta.

Enquanto as coreanas (Choi Misun, Ki Bo Bae e Tatafu Lusi) foram passeando em um lado da chave, as italianas iam avançando em outro. Até que o duelo com as russas chegou. Era a semifinal olímpica. Uma vitória significaria a garantia de medalha - algo inédito para as mulheres italianas do tiro com arco - e um confronto contra as favoritas na decisão.

E ele começou muito bem, com as italianas abrindo 3 a 1 no placar (no tiro com arco, isso significa um set empatado e outro vencido). Era necessário vencer só mais um set. Mas as russas reagiram, chegaram ao 3 a 3.

No set desempate, eis o drama. Na série final, Sartori teve um problema. Os arcos têm um dispositivo que faz um "clique" (e recebe este nome por causa do barulho). É o sinal que a flecha está engatilhada. Mas não teve clique. O tiro saiu torto. Sartori sentiu em seus dedos que o destino não seria a nota 10. Em uma velocidade altíssima, veio o golpe: nota 3.

A Itália desmoronou. Era necessário apenas uma nota seis para ir à final olímpica. Sobrou para as russas, que, claro, perderam para as coreanas e ficaram com a prata. Abatidas, as italianas ainda perderam a decisão do bronze para Taipei.

O momento mais dramático foi na zona mista. Sartori não segurou as lágrimas. Mandia ficou com olhos marejados. E Boari não quis nem falar. Estateladas, ficaram assistindo à decisão penduradas na grade, enquanto Sartori se abraçava com o presidente da Federação Italiana de Tiro com Arco, Mario Scarzella, que também chorou.

- Isso acontece uma vez em milhão. Mas não deveria acontecer. Poderíamos alcançar a final tranquilamente... - disse Sartori em meio às lágrimas e os gritos de "deeez" dados pelo locutor que anunciava a pontuação das coreanas na final.

O esporte tem seu lado cruel. E as italianas provaram essa amargura.

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