Quando pensamos em um duelo de pesos pesados, logo vêm à mente confrontos históricos como Muhammad Ali e George Foreman, ou Mike Tyson e Evander Holyfield, não é mesmo? Nesse caso, o confronto é caseiro e bem mais perto, entre os judocas David Moura e Rafael Silva, o Baby, por uma vaga nos Jogos do Rio, em 2016.
O primeiro surgiu como surpresa na temporada, “aproveitando” uma lesão de Baby no tendão do músculo peitoral para brilhar no Pan de Toronto (CAN), em julho.
Se não bastasse, Moura tornou-se o 12 melhor do mundo na categoria acima de 100kg, enquanto o compatriota é o 14. E o que definirá a convocação à Rio-2016? O ranking mundial. Mas será só isso mesmo?
– O que eles (Confederação Brasileira de Judô) dizem é que o ranking será um dos critérios. Irá quem estiver melhor. Mas não necessariamente. O fato de o Baby ter sido medalhista olímpico e em mundiais mostra que ele é um atleta excepcional. Mas estou provando que sou também. A CBJ quer o atleta que estiver melhor preparado para conquistar uma medalha. Quem já conquistou, não necessariamente significa que terá condições de levar mais uma. Tudo passa – comentou David.
Em 2016, a “surpresa” terá mais chances de brilhar. Após um treinamento com toda a Seleção, em janeiro, ele parte para a disputa de torneios na Bulgária e na França.
'Para ganhar dele (francês Teddy Riner, invicto desde 2008), tem de fazer algo diferente. Agradeço a Deus por ter um cara como ele na categoria. Até porque, imagina conquistar uma Olimpíada batendo ele na final' - David Moura
Se abrir larga distância para o rival, que volta de lesão nesse ano após seis meses parado, pode garantir a vaga, definida em maio de 2016.
– A tendência é estabelecer o ranking e agraciar quem estiver melhor. É claro que temos de analisar a bagagem. Uma medalha olímpica e mundial pesa na decisão. Se a diferença (no ranking) for pequena, pode ser um caso à comissão técnica estudar. Se estiver grande, não restariam dúvidas – disse o gestor de alto rendimento da CBJ, Ney Wilson, ao L!.
Mesmo com essa incerteza na mente, David entende o que precisa fazer para derrotar o seu rival nessa disputa: vencer, vencer e vencer.
– Se eu trouxer mais um ou dois grandes resultados, carimbo o passaporte para a Olimpíada. Tudo depende de como o Rafael voltará da lesão, mas minha preocupação tem de ser comigo – afirmou o judoca.
E, nessa briga, quem sabe o destino não os coloca frente a frente:
– Ganhar um confronto direto dele conta para a conquista da vaga. Mas isso não pode influenciar. No dia, é mais um rival que tenho de bater para chegar ao objetivo.
E agora, quem leva a melhor?
'Isso torna a categoria mais competitiva. Agora, o Baby vai voltar da lesão e isso vai dar uma pressão nele para acelerar esse processo de recuperação. É uma competição sadia, queria ter isso em todas as categorias' - Ney Wilson
A CONVOCAÇÃO
Critério da CBJ
O Brasil terá um judoca em cada uma das sete categorias (masculinas e femininas). Os representantes do país serão convocados pela Confederação Brasileira de Judô. Apesar de incerto, a entidade chamou às últimas competições (como o Pan de Toronto) o atleta mais bem colocado no ranking. A tendência é que isso se repita com a lista do dia 30 de maio.
QUEM SÃO ELES?
NOME
David Moura Pereira da Silva
NASCIMENTO
24/08/1987 - Cuiabá (MT)
PESO E ALTURA
130kg e 1,92m
PRINCIPAIS CONQUISTAS
Campeão do Pan de Toronto, em julho, e da Copa do Mundo (2010).
NOME
Rafael Carlos da Silva
NASCIMENTO
11/5/1987 - Rolândia (PR)
PESO E ALTURA
155kg e 2,03m
PRINCIPAIS CONQUISTAS
Bronze na Olimpíada de Londres (2012) e prata no Mundial (2013).