As denúncias de corrupção e desvio de dinheiro, que assolaram a política brasileira nas últimas semanas, podem ter seu primeiro reflexo nas obras voltadas para a Olimpíada Rio-2016.
Na última quarta-feira, a Procuradoria Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) o afastamento de Eduardo Cunha de seu cargo de presidente da Câmara. Na acusação, feita pelo procurador-geral Rodrigo Janot, Cunha teria se beneficiado com o pagamento de propina, feito por empreiteiras envolvidas em construções olímpicas. A denúncia também acusa o político de ter contas no exterior não declaradas.
Na acusação que envolve as obras da Rio-2016, Cunha estaria envolvido em dois esquemas. Na primeira, o presidente da Câmara teria negociado modificações no texto de uma MP (Medida Provisória) que concedeu isenções tributárias a empresas envolvidas com construções olímpicas. Para isso, o deputado teria recebido R$ 1,9 milhão de propina, dividida em duas parcelas: uma de R$ 1,5 milhão, e outra de R$ 400 mil.
Em relação à segunda denúncia, Cunha teria ganho R$ 52 milhões para liberar recursos do FI-FGTS (Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para obras de empreiteiras. Uma das construções citadas, segundo a revista Época, é a revitalização da região portuária, chamada Porto Maravilha. O projeto faz parte do "pacote" de legado da Olimpíada Rio-2016 para a cidade.
A prefeitura do Rio e a Caixa Econômica Federal negam a existência de um esquema corrupto no emprego de verbas do FI-FGTS para o Porto Maravilha. Já Eduardo Cunha disse que as acusações são "ridículas".