Sem contar a óbvia importância dos três pontos conquistados contra o Bahia, na segunda-feira (18), o Santos apresentou outro aspecto que pode dar motivos para os torcedores sonharem com a permanência na Série A do Brasileirão: mudança de postura.
Diante do Cruzeiro, quando o Peixe perdeu por 3 a 0 de forma vexatória, em plena Vila Belmiro lotada, o que se viu em campo foi um time bagunçado e com alma de derrotado. Nem o apoio das arquibancadas foi suficiente. A zona era tanta que os atletas assistiam Nikão e companhia desfilarem no gramado do Time do Rei e afundarem o Alvinegro no Z4.
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Contra o Bahia, mudança completa, pelo menos no primeiro tempo. Com menos de cinco minutos, o Santos teve duas bolas na trave (em lances anulados por impedimentos), e Marcos Felipe colocou em seu DVD uma defesa espetacular em tentativa de Marcos Leonardo. Soteldo e Jean Lucas também puxaram contra-ataques perigosos.
Uma possível explicação para a mudança de postura é a disposição tática do time. A defesa foi bem armada com três zagueiros rápidos (Joaquim, João Basso e o lateral Dodô), além da saída de bola estar mais qualificada. Lucas Braga e Kevyson protegeram bem os lados e tinham força para atacar e recompor. Jean Lucas pôde atuar onde rende melhor (segundo volante), Rincón protegeu a linha de cinco e Lucas Lima não precisou marcar na ponta. Marcos Leonardo e Soteldo ficaram 'soltos' na frente, com liberdade de movimentação e menos obrigações defensivas.
Os jogadores estavam mais conscientes sobre as faixas do campo que percorreriam e ficaram 'à vontade'. Com um mínimo de organização tática, o Santos conseguiu 'morder' melhor no meio-campo, pressionar a saída de bola de maneira um pouco mais arrumada e criar boas chances de gol — foram 15 finalizações na partida, praticamente o mesmo número dos dois últimos jogos somados na estatística.
Que o Santos está uma bagunça dentro e fora de campo nos últimos tempos não é novidade. Marcelo Fernandes dirigiu o time de forma interina após o técnico antecessor ser demitido depois de cinco jogos.
Cinco treinadores trabalharam em partidas do Peixe em 2023: Odair Hellmann, Claudiomiro (interino), Paulo Turra, Diego Aguirre e o próprio Fernandes. Na quinta tentativa, o time mostrou alguma evolução, mas resta ao torcedor esperar para saber como o Alvinegro se comportará com o provável sexto treinador do ano, que precisa urgentemente livrar o time do rebaixamento inédito.
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A segunda-feira foi de esperança no Santos, ainda mais com o gol épico de Julio Furch nos acréscimos contra o Bahia. Mas o Peixe dá motivos para acreditar que a onda positiva se manterá? Tudo ainda parece um mistério nebuloso na Baixada Santista.