A vitória do Santos por 1 a 0 sobre o Blooming-BOL, em jogo válido pela primeira rodada da fase de grupos da Copa Sul-Americana, é um exemplo clássico de que não há relação direta entre resultado e desempenho no futebol, por mais que o técnico Odair Hellmann tenha afirmado na coletiva pós-partida que sua equipe jogou bem.
Sem disputar partidas oficiais por 26 dias, desde a vitória por 3 a 0 diante do Iguatu pela Copa do Brasil, o técnico prometia algumas mudanças no seu sistema de jogo. A principal delas seria uma nova formação tática, o 4-4-2 com um losango no meio-campo, 'desenho' que foi trabalhado em treinamentos — a imprensa ouviu do próprio Odair como seria o funcionamento ideal do time.
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Nos primeiros minutos do confronto, até foi possível notar alguns comportamentos trabalhados, como a entrada de Dodi, o primeiro volante, no meio dos zagueiros, para gerar superioridade numérica (3 contra 2) na construção — Messias, Bauermann e Dodi. Ou até mesmo o 4-1-4-1 defensivo, com Dodi protegendo a entrada da área, Lucas Lima fechando o lado direito e Lucas Barbosa entrando na linha de meio-campo para dar mais consistência ao setor.
No entanto, esses comportamentos não foram notados por mais que 20 minutos de jogo. O que se viu adiante, então, foi um Santos desorganizado, onde os poucos padrões existentes foram substituídos por movimentações aleatórias: três jogadores ocupando o mesmo espaço (Lucas Lima, Ivonei e Camacho), laterais presos, atacantes sem saber se corriam em direção ao gol ou se aproximavam da bola...
Além da falta de sincronia nos movimentos, o losango no meio-campo apresentou defeitos estruturais bastante relevantes para o funcionamento do time. Sem pontas de origem, por exemplo, o Santos perdeu profundidade e, por consequência, agressividade nas jogadas de ataque. O time foi previsível. No momento defensivo, a falta dos pontas também deixou os laterais Nathan e Felipe Jonatan expostos, sem cobertura na marcação.
Depois de três semanas apenas treinando, o Alvinegro apresentou uma mistura de desorganização com um sistema tático mal pensado e falta de repertório. Diante desse contexto, a linha de cinco na defesa do Blooming não pode servir como desculpa para o placar magro, como Odair afirmou na coletiva pós-jogo.
Só uma pergunta ecoa na cabeça do torcedor: se após 26 dias de treino, o futebol apresentado foi esse, o que será do Santos no Brasileirão?