Conselheiros do Santos fazem novo pedido de impeachment de Peres

Encabeçada por ex-presidente do Conselho, representação se baseia nas empresas do presidente que estariam em desacordo com artigo 61 parágrafo terceiro do Estatuto Social

imagem camera(Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos)
Avatar
Lance!
Santos (SP)
Dia 18/06/2018
17:59
Atualizado em 18/06/2018
19:16
Compartilhar

Depois de dois pedidos de impeachments já protocolados contra o presidente José Carlos Peres, um grupo de conselheiros do Santos voltou a pedir o impedimento do mandatário na tarde desta segunda-feira, ao protocolarem o documento na Secretaria do Conselho Deliberativo, na Vila Belmiro. O novo requerimento está encabeçado pelo conselheiro nato Esmeraldo Tarquinio, que já presidiu o órgão.

No documento, está a assinatura de 100 conselheiros do clube. A representação baseia-se na suspeita de que o presidente era sócio de duas empresas quando assumiu o cargo no Peixe, o que estaria em desacordo com artigo 61 parágrafo terceiro do Estatuto Social do clube alvinegro:

"Os membros do Comitê de Gestão são impedidos de ter qualquer tipo de relacionamento profissional com o santos, direta ou indiretamente, ou ser procurador de atletas, empresário de atletas, agente de atletas ou sócio de pessoas jurídicas que exerçam tais atividades", diz o trecho do estatuto referido acima.

Tarquínio alega que o fechamento da empresa Saga Talent, que tinha Peres como sócio, não invalida o pedido:

- Mesmo com o presidente fechando a Saga Talent em maio deste ano, ele cometeu infração estatutária grave. E mais, como um dos sócios da empresa está reivindicando 10% da venda de Gabigol à Inter de Milão em uma ação judicial contra o Santos e contra a família do atleta se Peres alega que a vinda dele ao clube foi ‘de graça’? Como a empresa nunca atuou, se na coletiva para falar do caso ele afirma que ajudaram muitos meninos? A Comissão de Inquérito e Sindicância tem que apurar. Afinal, segundo a própria CBF em comunicado público, mesmo que tenha agido informalmente, como alega o presidente, ele exerceu, na condição de sócio da empresa, a função de empresários de atletas, o que infringe o nosso Estatuto - ponderou. 

O pedido foi assinado por 28 membros que fizeram parte da chapa Santástica União, encabeçada à época das eleições por Andrés Rueda, que faz parte atualmente do Comitê Gestor do clube, colegiado responsável por tomar todas as decisões que envolvem o futebol do Santos. 

Marcelo Teixeira, presidente do Conselho Deliberativo precisará encaminhar o requerimento dos opositores à Comissão de Inquérito e Sindicância depois de recebê-los. Peres, então, será notificado e poderá apresentar sua defesa. Por Estatuto, caso Peres seja impedido de seguir no cargo, quem assume é o vice-presidente Orlando Rollo.

Outros dois pedidos de impedimento do presidente já foram protocolados neste ano. O primeiro acabou arquivado por Teixeira. O segundo, que assim como o inicial foi encabeçado pelo conselheiro Alexandre Santos e Silva, foi entregue à mesa do Conselho Deliberativo na semana passada. 

Entenda a questão
De maneira simplificada, os questionamentos dos conselheiros se baseiam nas duas empresas ligadas a Peres, a Saga Talent Sports & Marking e a Peres Sports & Marketing, as quais ele é acusado de usar para gerenciamento de atletas - algo que nega com veemência. Tal ato é proibido de acordo com o Estatuo Social do clube. Um dos sócios de Peres na Saga teria, inclusive, exigido 10% da venda de Gabigol à Inter de Milão, da Itália, em 2016. Já que tal empresa teria trazido o jogador ao Santos "de graça".

Ricardo Marco Crivelli, o Lica, gerente da base do Peixe em 2018 e afastado do cargo por acusação de abuso sexual, é também sócio de Peres na primeira empresa, que segundo o dirigente já foi encerrada e, em 2015, criou a Hi Talent Ltda. Um relatório da Comissão Fiscal do clube sobre a movimentação financeira no primeiro trimestre mostrou que o Alvinegro comprou 100% dos direitos econômicos do zagueiro equatoriano Jackson Porozo, de 17 anos, para o time sub-20, em fevereiro e que passará 20% de uma futura venda ao Manta (EQU) e 30% do lucro à Hi Talent.

A diretoria pagou 350 mil euros (cerca de R$ 1,5 milhões) pelo jovem, com vínculo até o final de 2021. O contrato não menciona o motivo das cláusulas acima. Tais questionamentos serão feitos nos pedidos de impeachment.

Siga o Lance! no Google News