“Quem quiser ver espetáculo, que vá ao Theatro Municipal”, disse, há alguns anos, o técnico Muricy Ramalho, bicampeão paulista com o Santos. Adversário do Peixe nas finais do estadual, o Osasco Audax tem como trunfo o goleiro Sidão, que por um ano trabalhou como segurança de um dos cartões postais da capital paulista.
– Eu fiz muito bico de segurança no período em que estive parado, pelo tamanho, altura, fiz no Theatro Municipal.Tinha um ex-militar na Igreja que sempre me arranjava esse tipo de trabalho. Fiquei um ano afastado – conta Sidão.
Hoje, Muricy cuida do Flamengo, Dorival Júnior comanda o Peixe e Sidão não mais vê espetáculos. Tornou-se protagonista do show.
– A gente sonha, mas o ser humano gosta de ver as coisas. Na fé, você acredita mesmo que não esteja aparente. Meu sonho sempre foi jogar em time grande, fazer grandes jogos, disputar títulos. Incrível o que está acontecendo – agrega.
Desde que ajudou o Audax a eliminar São Paulo e Corinthians do Paulistão, o goleiro Sidão resolveu contar sua história de peito aberto: dos 17 aos 20 anos se envolveu com álcool, drogas e ‘‘vivia no mundinho’’ particular em Taboão da Serra, em São Paulo. Tudo passado.
– Estive bem perdido, retornei ao futebol com 22 anos e achava que nem dava mais tempo. Sem demagogia, encontrei Jesus Cristo e comecei a almejar outras coisas.
Coisas como casamento e paternidade. Sua mulher, Monique, está grávida de cinco meses de Davi. E tudo começou a melhorar quando acertou com o Rio Claro e disputou a Primeira Divisão do Paulistão com a equipe do interior.
Titular do time de Fernando Diniz e pronto para alçar voos ainda mais altos, Sidão fará de tudo para protagonizar outro espetáculo...
Lesão de Alves abriu espaço para sidão: ‘Torce junto’
Na décima rodada do Paulistão, o goleiro Felipe Alves fraturou uma costela em dividida com Erik, do Palmeiras. Desde então, está em recuperação e abriu caminho para Sidão brilhar embaixo das traves.
Felipe Alves era uma das peças chve de Fernando Diniz pela qualidade com os pés. Graças ao trabalho do preparador de goleiros Leandro Idalino, Sidão entrou e correspondeu às exigências do treinador. Os arqueiros são bem próximos.
– Converso todos os dias com Felipe, ficamos mais juntos do que com a própria família. Ele torce junto demais, é um baita cara, nunca torceu contra, e era assim quando eu estava na reserva, um sempre apoiando o outro – conta Sidão.
BATE-BOLA SIDÃO GOLEIRO DO OSASCO AUDAX
‘Amizades me prejudicaram, estava perdido’
O que aconteceu contigo antes?
Teve um período no qual me perdi, contei isso para todos vocês, tive encontro com Jesus Cristo, sem religião ou demagogia, mas foi Ele quem mudou minha vida.
As amizades atrapalhavam?
Sim, com certeza foi influência errada, os caras do futebol perdi o contato, vivia no meu mundinho onde morava, com certeza vai te levando para o caminho errado...
Quando as coisas mudaram?
No Rio Claro. A gente subiu o time para a Primeira Divisão e as coisas começaram a clarear, depois joguei a Primeira, e depois o Campeonato Brasileiro pelo Grêmio Prudente.
Quando chegou ao Audax?
Cheguei em 2012, depois teve a fusão para Osasco, acompanhei tudo. Peguei o trabalho do Fernando Diniz desde o
começo, nós subimos com ele.
Estranhou no começo?
No começo, eu estranhei muito (a filosofia), a gente até usava o goleiro, algo bem tranquilo. Se tivesse passe, beleza, se não, era chutão. Com Diniz usamos muito mais. Treino é muito diferente, os goleiros investem embaixo da trave, com Idalino (preparador) temos um dia só para trabalhar domínio, passe.
As coisas mudaram bastante para você fora de campo...
A gente ganhou de quatro do São Paulo e não teve a repercussão que foi eliminar o Corinthians. Fui almoçar numa padaria lá e o pessoal pediu para tirar foto. Toda hora dando entrevista... Bacana.
O que esperar do jogo contra o Santos em Osasco?
O Santos é baita equipe, muito qualificada, o Diniz vai armar estratégias para ver o que a gente pode fazer para parar o ataque dos caras e conseguir fazer os gols.