O que você precisa saber sobre os processos de impeachment no Santos

Presidente Peres terá dois processos de impedimento votados pelo Conselho na noite desta segunda. Para processo seguir, é necessário aprovação de 2/3 dos presentes<br>

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No cargo desde janeiro, após ser eleito com a maioria dos votos em eleição no fim do ano passado, o presidente do Santos, José Carlos Peres, terá o seu impedimento votado pelo Conselho Deliberativo nesta segunda-feira, às 19h30, na Vila Belmiro. São dois processos de impeachment contra ele e, portanto, duas votações distintas. Para serem aprovadas, ambas precisam do "sim" de dois terços dos conselheiros presentes no encontro. 

A reunião está marcada para 19h30, mas a lista de presença só se encerra às 21h. Os votantes deverão escolher entre "sim" e o "não" em cada um dos dois pedidos. Em ambos, a votaçaõ será secreta. De acordo com o Estatuto Social do Santos, a Comissão de Inquérito e Sindicância fará a leitura do relatório sobre o primeiro pedido, Peres terá direito a apresentar sua defesa, caso assim deseje, e depois começará a votação. O protocolo se repetirá para que aconteça a segunda votação. 

O que acontece se os pedidos forem aprovados? 
Caso um ou até os dois pedidos sejam aprovados por dois terços dos conselheiros presentes na reunião extraordinária, a decisão final se dará apenas após uma Assembléia Geral. O estatuto santista não estabelece quórum mínimo para que a sessão seja válida. Todos os sócios adimplentes com um mínimo de três anos de associação terão direito ao voto para decidir o futuro do presidente em exercício. Para que haja aprovação final do impeachment, será preciso apoio de maioria simples dos associados presentes. É importante destacar que essa assembleia só irá acontecer caso seja dado prosseguimento ao impedimento e que, segundo o estatuto, tal encontro só pode acontecer 15 dias depois da sessão do Conselho Deliberativo.  

Quem fez os pedidos? 
Um dos pedidos foi feito por Alexandre Santos e Silva, conselheiro eleito pela chapa de Modesto Roma Júnior, antecessor de Peres na presidência do clube. Silva nega qualquer tipo de vínculo político com grupos de oposição e sempre ressalta buscar o bem do clube. Na época, 73 conselheiros assinaram o documento. No primeiro semestre, o próprio conselheiro já havia protocolado outro pedido de impedimento de Peres. Não foi dado, porém, prosseguimento ao documento pela mesa do Conselho Deliberativo, presidida pelo também ex-presidente Marcelo Teixeira. 

O outro pedido que será votado nesta segunda-feira é encabeçado por Esmeraldo Tarquínio Neto, conselheiro nato do clube e ex-presidente do órgão. Este segundo documento tem a assinatura de pouco mais de cem conselheiros - o órgão conta com pouco mais de 300 conselheiros.

O que dizem os pedidos? 
​De maneira simplificada, os questionamentos dos conselheiros se baseiam nas duas empresas ligadas a Peres, a Saga Talent Sports & Marking e a Peres Sports & Marketing. O dirigente é acusado de usá-las para gerenciamento de atletas - algo que nega com veemência. Tal ato é proibido pelo Estatuo Social do clube. Um dos sócios de Peres na Saga teria, inclusive, exigido 10% da venda de Gabigol à Inter de Milão, da Itália, em 2016. Já que tal empresa teria trazido o jogador ao Santos "de graça".

Ricardo Marco Crivelli, o Lica, gerente da base do Peixe em 2018 e afastado do cargo por acusação de abuso sexual, é também sócio de Peres na Saga Talent Sports & Marking, que, segundo o dirigente, já foi encerrada. Em 2015, Lica criou a Hi Talent Ltda. Um relatório da Comissão Fiscal do clube sobre a movimentação financeira no primeiro trimestre mostrou que o Alvinegro comprou em fevereiro 100% dos direitos econômicos do zagueiro equatoriano Jackson Porozo, de 17 anos, para o time sub-20 e que passaria 20% de uma futura venda ao Manta (EQU) e 30% do lucro à Hi Talent. A negociação foi refeita, tirando a Hi Talent dos lucros. 

O que diz Peres? 
No último domingo, o presidente usou a Santos TV para prestar esclarecimentos ao torcedor (veja o vídeo na íntegra abaixo). O dirigente considera estar sendo vítima de um golpe político no clube. Sua defesa foi construída com a ajuda de ao menos cinco advogados aliados. Peres garante não ter cometido nenhum tipo de irregularidade. Afirma que as empresas já foram fechadas e que nunca serviram para o agenciamento de atletas. O mandatário também garante ter refeito a negociação envolvendo Porozo assim que soube da suspeita envolvendo a Hi Talent. 

O dirigente confia na força dos aliados para barrar a aprovação dos pedidos ainda no Conselho. Peres chegou a conseguir uma liminar na Justiça que barrou o andamento de um dos processos, alegando não ter tido acesso aos detalhes da acusação e, portanto, ter sido privado do direito de ampla defesa. A liminar, porém, foi derrubada. Mesmo assim, o dirigente segue afirmando que não pôde se defender como gostaria por não ter tido livre acesso às acusações. 

Quem assume se Peres sofrer o impeachment? 
Caso Peres seja impedido de seguir na presidência do Santos quem assume o cargo de maneira direta e sem qualquer tipo de votação é seu vice, Orlando Rollo. Em junho, Rollo declarou ao LANCE! estar rompido com Peres. Desde o começo da gestão, há uma divergência de ideias e modus operandi entre os dois, algo que inviabilizou a paz política no Santos em 2018. 

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