Durante entrevista coletiva na última semana, após a vitória do Santos por 3 a 0 sobre o Iguatu-CE, uma das respostas do técnico Odair Hellmann chamou a atenção pela riqueza nos conceitos táticos abordados.
Questionado sobre a maneira que seu time defende as bolas paradas, e se o treinador estaria disposto a mudar a organização de sua defesa, Odair falou sobre marcação por zona, individual e mista. Mas o que seriam essas maneiras de defender? Abaixo o LANCE! explica brevemente.
+ IFFHS atualiza as posições dos times brasileiros em ranking mundial de clubes; veja aqui
MARCAÇÃO POR ZONA
Acontece quando a defesa prioriza a proteção de espaços e não a marcação dos adversários. Não importa o movimento feito pelo adversário, os jogadores continuam defendendo os seus espaços. Esse estilo de marcação tem como ponto forte a organização coletiva, e como ponto fraco a distância entre os marcadores e os atacantes.
MARCAÇÃO INDIVIDUAL
É o famoso ‘cada um pega o seu’, onde cada defensor acompanha um atacante adversário até o final. O ponto forte dessa organização defensiva está em dificultar o movimento dos atacantes dentro da área; o ponto fraco é que essa marcação é facilmente manipulada, com bloqueios ou movimentos para ‘arrastar’ os marcadores dentro do campo.
MARCAÇÃO MISTA
Em tese, une as principais virtudes de cada um dos estilos anteriores. Alguns jogadores são designados para proteger espaços e outros são responsáveis por marcar diretamente os adversários. Como é de se imaginar, as duas fraquezas também fazem parte desse estilo.
A RESPOSTA DE ODAIR
Na abertura de sua resposta, Odair afirmou que não há comprovação sobre maior eficácia de um estilo ou outro de marcação. De fato, não há diferença entre marcação por zona e individual nos escanteios, segundo um estudo publicado em 2009 na Universidade do Porto (Portugal). No entanto, este mesmo estudo aponta que defesas mistas – estilo utilizado pelo Santos – costumam ser menos eficazes que os modelos anteriores.
- Nós já temos dificuldade, por característica dos jogadores, para a função de marcação e de duelo na parte defensiva. Se você individualizar essa marcação e gerar espaço dentro da área, vai dar mais vantagem para o adversário. Eu não tenho problema nenhum em mudar. E, nessa troca com os jogadores, para buscar uma solução, eles também têm preferência de marcar por zona com bloqueadores – prosseguiu o treinador.
Bloqueadores, no caso, são jogadores responsáveis por atrapalhar o movimento dos atacantes, sem necessariamente acompanhá-los até o final. Dessa forma, os defensores posicionados na zona não disputam a jogada aérea em desvantagem física. É uma alternativa muito utilizada quando se tem atletas baixos no elenco, embora um levantamento do L! tenha indicado que o Peixe tinha um dos elencos mais altos do Paulistão.
Odair tem um diagnóstico claro sobre o elenco: acha que os jogadores não têm característica para disputar jogadas aéreas. Ao mesmo tempo, o time chegou a tomar 50% dos seus gols na temporada em bolas paradas, número citado pelo próprio treinador na última entrevista pós-jogo. Na última coletiva, o comandante santista revelou a criação de treinamentos para mitigar essas deficiências da equipe. Sem jogos nas próximas semanas, resta ao torcedor aguardar para ver o resultado destes trabalhos.