Com a contratação do zagueiro argentino Fabian Noguera, o Santos chegou a quatro estrangeiros no atual elenco. Além dele, o Peixe conta com o também argentino Emiliano Vecchio e os colombianos Valencia e Copete.
Copete, contratado do Atletico Nacional, semifinalista da Copa Libertadores, fez dois gols nos primeiros dois jogos e já caiu nas graças da torcida. Apesar de ainda ser cedo, o atacante já dá sinais de que pode escrever uma rara história de efetivo sucesso de jogadores gringos com a camisa alvinegra. Com a assinatura de Noguera, na última terça, o Peixe contabiliza 86 jogadores nascidos em outros países a defender o clube em seus 104 anos de vida.
Quando o Santos dava seus primeiro passos, ainda engatinhava, teve no gol um francês. Julien Favel era o guarda-metas da equipe em sua primeira partida, contra o Santos Athletic Club, conhecido como Clube dos Ingleses, em um campo localizado na Avenida Ana Costa, até hoje uma importante via da cidade litorânea. Segundo o Almanaque do Santos, de Guilherme Nascimento, o francês foi titular na partida vencida pelo Peixe por 3 a 2, em 15 de setembro de 1912. Ele atuaria em apenas mais três vezes pelo clube. No transcorrer das décadas, outros dez goleiros atuariam pelo Alvinegro, entre eles o uruguaio Rodolfo Rodrigues, um dos maiores ídolos santistas até hoje. Sua série de defesas em jogo contra o América-SP é até hoje reprisada como das mais incríveis de todos os tempos O argentino Cejas, falecido no ano passado, também teve passagem marcante pelo clube. Ele fez 253 partidas no gol alvinegro e foi campeão paulista em 1973, o último troféu de Pelé pelo Santos, na polêmica divisão da taça com a Portuguesa por erro na contagem de pênaltis pelo árbitro Armando Marques.
O argentino Echevarrieta é até hoje o estrangeiro que mais gols fez pelo Santos. Ele marcou 20 vezes entre 1942 e 43, período em que o clube ainda estava distante de começar a construir sua história gloriosa - ela teve uma faísca com o ataque dos cem gols no Paulista de 1927, mas só começaria a ganhar cimento com o primeiro título estadual, em 55. Curiosamente, Echevarrieta, nascido em La Plata, havia atuado anteriormente no rival Palmeiras, onde fez 113 gols. Ele figura como o 11º maior artilheiro da história alviverde.
Ainda em tempos mais antigos, um outro argentino, Ramos Delgado, cravou seu nome na memória santista. Tricampeão paulista em 67/68/69, o xerifão da zaga foi o estrangeiro que mais partidas fez pelo time da Vila Belmiro (323), seguido justamente pelos goleiros Rodolfo Rodrigues e Cejas.
Nas últimas décadas, mais precisamente de 1990 para cá, o Peixe teve muitos insucessos e poucos êxitos com atletas vindos de fora (veja alguns deles na galeria que abre a matéria). Teve, por exemplo, três japoneses em suas fileiras. Kazu foi o primeiro atleta da pátria do Sol Nascente a atuar no Brasil. E seu momento mais marcante foi um gol contra o Palmeiras. Maezono e Sugawara tiveram passagens pálidas.
Algumas contratações se tornaram folclóricas pelo roteiro e desfecho. É o caso, por exemplo, da dupla de africanos Kennedy, do Zimbábue, e Arthur, da África do Sul, que foram indicados por Pelé e conquistaram o Torneio de Verão de 96 - competição que teve as participações de Corinthians, Grêmio e Cruzeiro.
- Lembro que eu estava renovando o contrato e não fui pro jogo. O Kennedy foi escalado no meu lugar e fez gol contra o Corinthians e foi campeão do torneio de verão. Fiquei preocupado, acertei a renovação rapidinho pra não dar muito espaço pra ele. Pô, o cara tinha sido indicado pelo Pelé, né? Não ia dar mole... Os dois eram gente boa, pena que não ficaram muita mais tempo - conta ao LANCE! o ex-meia Robert, que em 2002 seria campeão brasileiro pelo Peixe, sobre o gol de Kennedy contra o Corinthians na decisão do torneio.
Pior ainda foi o zagueiro Armstrong, dos Estados Unidos, que atuou apenas três vezes. Isso para não falar do colombiano Usuriaga, que chegou com pompa e circunstância em 96 do Independiente, da Argentina, mas só jogou uma vez e bateu em retirada por problemas com documentação.
Além da trapalhada com Usuriaga, o clube protagonizou outras duas com estrangeiros. Em 96, contratou Edgard Baez achando tratar-se de Richard Baez, que defendia a seleção paraguaia. História parecida se deu em 2006, quando o clube teve o mexicano Antonio de Nigris quando o desejo era na verdade por seu irmão Aldo de Nigris. O atleta marcou apenas um gol pela equipe.
No início deste século, ainda antes do fim da fila de títulos, o Peixe contou com o zagueiro argentino Galván e o colombiano Rincón. Já em 2008, no time comandado por Leão, teve um punhado de estrangeiros, como acontece agora. Eram quatro: o argentino Tripodi, o chileno Sebastian Pinto, o equatoriano Quiñones e o colombiano Molina. Este último foi bem-sucedido, a ponto de ter se tornado o segundo gringo com mais gols (17 em 78 partidas). Quiñones ficou célebre por um gol em 2008, contra o Inter, na Vila Belmiro, que foi vital para o Santos escapar de um inédito rebaixamento no Brasileirão. O chute, torto, desviou na defesa e acabou entrando.
O último estrangeiro que teve algum brilho pelo Santos foi o argentino Montillo Porém, abaixo das expectativas que sua estrepitosa contratação gerou em 2013, então a mais cara da história do clube.
Maiores goleadores estrangeiros do Santos
1º colocado - Echevarrieta (Argentina) - 20 gols
2º colocado - Maurício Molina (Colômbia) - 17 gols
3º colocado - Molina (Argentina) - 13 gols
4º colocado - Miralles (Argentina) - 12 gols
5º colocado - Montillo (Argentina) - 8 gols
Estrangeiros com mais jogos pelo Santos
1º colocado - Ramos Delgado (Argentina) - 323 jogos
2º colocado - Rodolfo Rodrigues (Uruguai) - 255 jogos
3º colocado - Cejas (Argentina) - 253 jogos
4º colocado - Ayala (Paraguai) - 111 jogos
5º colocado - Maldonado (Chile) - 85 jogos