Dor, sofrimento e alegria nunca andaram tão juntas na vida de Ricardo Oliveira como no dia 8 de maio de 2016. Foi nesta data que ele fez o gol que deu o título do Paulistão ao Santos e também o dia em que ficou sabendo que não jogaria a Copa América pela Seleção Brasileira. Mais do que isso, ele não sabia quando voltaria.
Além das incertezas dos médicos, que cogitaram até uma cirurgia no joelho direito do camisa 9, inflamado, a dor foi a maior de sua carreira. Mas o dia 16 de julho tem tudo para ser um dos mais felizes para o atacante de 36 anos de idade.
Neste sábado, às 18h30, contra a Ponte Preta, na mesma Vila Belmiro que abrigou essa mistura de sentimentos há dois meses, ele volta aos gramados.
– Imagine a vontade que eu não vou estar de fazer um gol depois desse tempo todo me tratando. Tenho esse objetivo de procurar o gol, ajudar os companheiros e contribuir dentro de campo, mas, sem dúvidas, seria uma alegria muito grande voltar podendo ajudar e fazendo o que mais gosto – comenta, na véspera.
Apesar da vasta experiência, a ansiedade ainda é de garoto e até mesmo a expectativa. Para a imprensa e torcida, Ricardo não confirma que retorna como titular, mas o técnico Dorival Júnior sinaliza positivamente colocando Rodrigão, seu substituto, entre reservas no treino.
Ricardo Oliveira só tranquiliza e se coloca à disposição do técnico.
– Estou pronto para jogar, estou à disposição. Esta semana foi produtiva. Quero contribuir – avisa.
Quando a bola rolar, o atacante santista e da Seleção Brasileira promete esquecer o tempo que esteve “na jaula”, termo utilizado ao se referir ao departamento médico. Se for lembrar do passado, a recordação do camisa 9 deve ser os dois gols que já fez na Ponte Preta desde que retornou ao Santos, no ano passado.
– A Ponte Preta briga diretamente conosco lá em cima, será um jogo de extrema importância – pontua.
Nas horas difíceis, o santista já se acostumou a contar com Ricardo e promete retribuir com o som das arquibancadas: "Ah, é Oliveira!”.
“Fiquei escondido, aprendendo, fiquei na “jaula” para sair mais forte e melhor. Assim que me sinto agora”, Ricardo Oliveira
Confira o bate-bola com Ricardo Oliveira:
Essa dor no joelho foi a maior que já sentiu na carreira?
Foi a dor mais forte que senti. Ai dá para entender minha ausência de dois meses. Fiz um sacrifício, fui para o jogo e fui abençoado com o gol e o título. Imagina o tamanho do sacrifício.
Por isso que você mencionou, o Paulistão deste ano foi o título de maior significado para você?
Para mim, foi o maior título por causa da circunstância, fazer gol e conseguindo título sem condição de jogo. O objetivo maior era o troféu, o coletivo. Aí sou abençoado com o gol e a gente fica marcado, não tem como. Eu falei quando cheguei aqui que ganharia título, que queria marcar época, influenciar, não encerrar minha carreira. Sempre vale o sacrifício. Agora é um recomeço, voltar, ser inserido, estar com os companheiros, vestir a camisa e pisar no gramado. Isso me emociona.
O que foi mais difícil nesse período que esteve afastado?
Depois da final, eu já sabia que não teria condições de disputar a Copa América. Partiu de mim entrar em contato com a CBF e me colocar à disposição. Essa parte de ficar no CT foi mais difícil. Nunca fui de me lesionar e ficar fora do campo. Já fiz cirurgia e tive que parar. Mas tive que ficar dois meses só na academia e tinha cumprimentar os companheiros quando iam para o campo. O mais difícil era responder quando voltaria. Essa parte foi complicada. Eu não vinha ao campo para não sofrer mais.
E o que tirou de lição enquanto estava no departamento médico?
Foi um aprendizado. Fiquei escondido, aprendendo, fiquei na “jaula” para sair mais forte e melhor. Assim que me sinto agora. Tenho 36 anos, mas ainda dá aquele frio na barriga depois de dois meses ausente.