O presidente do Santos Orlando Rollo se pronunciou, na manhã desta quarta-feira (21), sobre o caso envolvendo o atacante Robinho, que foi contratado pelo clube no dia 10 de outubro e, após pressão de torcedores, conselheiros e patrocinadores, acabou tendo o vínculo rescindido por conta de uma acusação de violência sexual na Itália.
Robinho foi condenado a nove anos de prisão em primeira instância em 2017 por suposta participação em crime de violência sexual contra uma jovem albanesa. A defesa do atleta garante que há recurso e outras instâncias para a sentença final e que há evidências que comprovam a ausência da participação do atacante no caso. Rollo falou sobre a rescisão do contrato e também se posicionou sobre o caso, além de ter pedido mais tolerância:
- Não vou fugir de assunto polêmico, porque o torcedor tem que saber. Decidimos em comum acordo junto com o atleta e sua assessoria uma licença do contrato para que ele possa se defender do processo na Itália. Não vou entrar no mérito de se ele é culpado ou inocente, não sou ninguém para julgá-lo. Tem que ser julgado pelo juiz lá da Itália. Tem que apedrejar menos e ter mais tolerância. Quem não sabe, sou policial, eu abomino o crime de estupro, qualquer tipo de violência e contra as mulheres – disse ele em entrevista coletiva.
Orlando Rollo é policial civil e afastou-se do cargo para manter suas atividades no Santos, durante essa diretoria de ‘transição’, conforme foi chamada por ele, desde o afastamento de José Carlos Peres. Ele disse que pode falar abertamente sobre estupro e violência sexual, pois já prendeu e investigou homens nessas condições, e que, caso o jogador seja condenado em segunda instância, o Alvinegro rescindirá o contrato por completo – no momento, Robinho está de licença para poder se defender da acusação.
- Já formalizamos ao Conselho Deliberativo essa licença do contrato do Robinho. Se o Robinho vier a ser absolvido em segunda instância, não vejo problema nenhum em voltar. Se for condenado, vamos pedir a rescisão do contrato.
O atacante havia sido contratado para o que seria a sua quarta passagem pelo Alvinegro no dia 10 de outubro, em um contrato válido por cinco meses, com R$ 1,5 mil mensais em salários neste período.
Confira abaixo as demais afirmações de Orlando Rollo envolvendo o caso Robinho:
- Nos meus 18 anos de polícia, na condição de investigador, já prendi dezenas de estupradores, investiguei dezenas e levei à condenação judicial dezenas de estupradores. Eu luto efetivamente contra esse tipo de crime. Um caso que ficou muito conhecido na cidade de Santos, recentemente, o maníaco dos ônibus de Santos, fui eu que investiguei e prendi junto com a minha equipe. Então, é um assunto que eu posso falar à vontade. A gente abomina esse tipo de crime, só que a gente tem que a gente tem que deixar se defender. A gente pode estar diante de um novo caso da Escola de Base, quem é do jornalismo lembra desse caso. Injustiça que se cometeu, mas não entrarei nesse mérito. Quero que o atleta tenha total liberdade para se defender do seu processo na Itália.
- Nós decidimos trazer o Robinho por uma razão bem simples: ele aceitou o nosso chamado em nos ajudar no momento mais difícil da historia administrativa e financeira do clube, aceitando um contrato de cinco meses com salário de R$ 1500 por mês, que é o piso mínimo pago ao jogador de futebol no Brasil. Robinho, como atleta, é um grande ídolo da história do Santos, veio querer nos ajudar.
- Sobre a questão da condenação em primeira instância, quem sou eu pra julgar? Sou policial civil, já prendi muito estuprador, mas temos que respeitar o processo legal. O Robinho depois dessa questão grave, desculpa, já jogou no Santos, já jogou no Atlético-MG, na Turquia, na China e nunca ninguém falou nada. Começaram a falar agora. Não vou entrar no mérito se está certo ou errado, mas ele já jogou e ninguém falou nada. A questão é bem delicada.
- Os áudios são bem significativos. O crime de estupro e qualquer crime contra a mulher é repugnante. Nunca, como policial, respondi a nenhum processo administrativo dentro da minha carreira. Dentro dos direitos e garantias fundamentais, ele não pode ser considerado culpado, condenado, até que se transite em julgado. Os áudios são gravíssimos, gravíssimos, fiquei incomodado.
- O atleta e a sua defesa, e vou entrar numa seara que talvez nem poderia entrar, mas em nome da transparência vou entrar. O atleta alega que alguns áudios foram traduzidos de maneira equivocada e outros áudios foram tirados do contexto. Não posso emitir juízo de valor ainda sobre isso, apesar de achar que foi repugnante, temos que analisar o processo como um todo e não como partes isoladas. A sentença é volumosa, centenas de laudas. Tenho total desprezo pelo que foi divulgado, eu respeito as mulheres, as crianças, os homens, todos que se sentiram ofendidos. Realmente me senti incomodado, mas não podemos antecipar julgamentos. Quem sou eu para julgar alguém?