Orlando Rollo não conseguirá cumprir o seu principal objetivo como presidente do Santos, que é a "passagem de bastão" para a próxima administração com as dívidas a curto prazo em dia. O mandatário assumiu o clube no fim de setembro com mais de R$ 50 milhões em dívidas que colocavam o clube em "transfer ban", punição junto a Fifa por conta de inadimplências para com outros clubes. Como consequência, o Alvinegro não pode registrar novos atletas desde março
No entanto, Rollo afirmou em entrevista concedida nesta segunda-feira (21), após assembleia que empossou o novo Comitê Gestor e definiu a nova Mesa Diretora do Conselho Deliberativo, que deixa para o novo presidente, Andrés Rueda, as situações encaminhadas para que, até mesmo em janeiro, possam ser resolvidas.
Hoje, as pendências com o Huachipato (CHI) e Atlético Nacional (COL) pelo não pagamento santista nas contratações do atacante Soteldo e do zagueiro Felipe Aguilar respectivamente, ambos no início de 2019, fazem que o Alvinegro esteja punido na entidade máxima do futebol mundial.
De acordo com o atual presidente, o acordo com o time colombiano, onde pouco mais de R$ 4 milhões, oriundos do recente desbloqueio de mecanismos de solidariedade que o Santos tinha direito, serão repassados, está mais adiantado, dependendo apenas de formalizações. Já as tratativas com os chilenos atravancaram em algumas exigências, tanto do clube, quanto do próprio Soteldo, e como o Estatuto santista prevê que as decisões dos últimos três meses de gestão necessitem da aprovação do Conselho Deliberativo, Orlando achou melhor segurar a situação para que o próximo presidente tome as rédeas.
- O do Atlético Nacional provavelmente não consiga derrubar o transfer ban nessa gestão, mas já tá encaminhado, porque eles já aceitaram o acordo. Então, é só uma questão de formalidade burocrática, por isso não está derrubado. Já fizemos uma proposta pra eles, que eles já aceitaram, que o pagamento seja feito através dos créditos de mecanismos de solidariedade, já está aceito, só falta a instituição efetuar o pagamento, questão de dias, talvez só na virada de janeiro - disse Rollo.
- A do Huachipato eu tô discutindo com o Andrés Rueda a melhor forma da gente abaixar esse transfer ban,. Talvez seja até melhor a gente esperar virar o ano, porque pelo Estatuto a gente tá limitado na forma de agir, já que o Conselho Deliberativo outorgou algumas situações que o próprio Huachipato e o atleta querem fazer algumas considerações, óbvias em qualquer negociação. Mas a gente está estudando, inclusive para que a gente passe para janeiro e que o Rueda consiga derrubar esse transfer ban. Isso está sendo discutido diretamente com ele - complementou.
Histórico de dívidas
Quando Rollo assumiu o Santos, o clube estava banido pela Fifa desde março, por conta de uma dívida com o Hamburgo (ALE), pelo não pagamento pela contratação do zagueiro Cléber Reis, comprado em 2017, que ultrapassava a marca de R$ 25 milhões. A punição foi a primeira e maior, sendo resolvida no início de outubro, com o auxílio de Rueda, até o então apenas pré-candidato à presidência santista, que emprestou 2 milhões de euros.
Com a resolução da pendência, o Peixe ficou menos de uma semana liberado para registrar novos jogadores, conseguindo incluir ao elenco principal apenas o zagueiro Laércio, contratado junto ao Caxias semanas antes, mas que conseguiu ser formalizado apenas no hiato da queda do transfer ban. Quando a janela de transferências de outubro se abriu, uma nova restrição foi concedida ao Santos, pelas pendências com as equipes sul-americanas, que juntas chegam a R$ 25 milhões.
Se com o Nacional, o Peixe repassará o valor desbloqueado dos mecanismos de solidariedade, com o Huachipato a negociação envolve a "devolução" dos 50% adquiridos e nunca pagos por Soteldo, que volataria a pertencer ao time chileno, mas ficaria empresado ao Santos até outro clube se interessar. O Alvinegro Praiano, portanto, serviria como vitrine ao atleta. O acordo inicial foi aprovado pelo Conselho Deliberativo no dia 21 de outubro, mas toda alteração no negócio precisa retornar para o Egrégio para nova votação. Esse movimento faz parte do Estatuto Social santista, que prevê participação conselheiros nas decisões nos últimos três meses de toda gestão.
* Sob supervisão de Vinícius Perazzini