O presidente do Santos, José Carlos Peres, conseguiu nesta quinta-feira uma liminar que bloqueia o andamento dos processos de impeachment que correm contra ele na Comissão de Inquérito e Sindicância (CIS) do clube. Peres alegou na Justiça não ter tido acesso aos detalhes das acusações, o que estaria ferindo seu direito de ampla defesa. Os advogados do mandatário baseiam a acusação na Constituição Federal, carta magna do país, que está acima do Estatuto Social do Peixe.
A decisão da Justiça de São Paulo foi inicialmente informada pelo Globoesporte.com. O dirigente também exigiu mais tempo para juntar todas as provas necessárias para apresentar sua defesa. No dia 10 do mês passado, o LANCE! informou que o dirigente esteve reunido com seus aliados para discutir as estratégias de defesa que serão usadas no decorrer do processo.
Neste momento, os trâmites estão paralisados. O presidente ainda tem a intenção de incluir mais provas na defesa apresentada à CIS. Com a liminar, estão proibidas reuniões para tratar do assunto. Havia uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo do Santos, presidido por Marcelo Teixeira, marcada pra o próximo dia 31. Neste encontro, os conselheiros iriam falar a respeito dos dois processos de impeachment contra o presidente.
São dois pedidos de impedimento que correm no clube. Um encabeçado pelo conselheiro nato Esmeraldo Tarquínio e outro por Alexandre Santos e Silva. Ambos foram entregues a Marcelo Teixeira, presidente do Conselho, no mês passado. Ambos foram protocolados em junho.
Politicamente, a situação de Peres no clube não é favorável. O dirigente não tem o apoio nem de seu vice, Orlando Rollo, que declarou ao LANCE! estar rompido com o mandatário. Na visão de Peres e sua defesa, os pedidos de impeachment são meramente políticos e possíveis de serem derrubados pela própria defesa.
Entenda a questão
De maneira simplificada, os questionamentos dos conselheiros se baseiam nas duas empresas ligadas a Peres, a Saga Talent Sports & Marking e a Peres Sports & Marketing. Ele é acusado de usá-las para gerenciamento de atletas - algo que nega com veemência. Tal ato é proibido pelo Estatuto Social do clube. Um dos sócios de Peres na Saga teria, inclusive, exigido 10% da venda de Gabigol à Inter de Milão, da Itália, em 2016, pois tal empresa teria trazido o jogador ao Santos "de graça".
Ricardo Marco Crivelli, o Lica, gerente da base do Peixe em 2018 e afastado do cargo por acusação de abuso sexual, é também sócio de Peres na primeira empresa, que segundo o dirigente já foi encerrada e, em 2015, criou a Hi Talent Ltda. Um relatório da Comissão Fiscal do clube sobre a movimentação financeira no primeiro trimestre mostrou que o Alvinegro comprou 100% dos direitos econômicos do zagueiro equatoriano Jackson Porozo, de 17 anos, para o time sub-20, em fevereiro e que passará 20% de uma futura venda ao Manta (EQU) e 30% do lucro à Hi Talent.
A diretoria pagou 350 mil euros (erindo seu direito de ampla defesa. Os advogados do mandatário baseiam a acusação na Constituição Federal, carta magna do país, que está acima do Estatuto Social do Peixe. (cerca de R$ 1,5 milhão) pelo jovem, com vínculo até o final de 2021. O contrato não menciona o motivo das cláusulas acima. Tais questionamentos serão feitos nos pedidos de impeachment.