Quem viu Victor Ferraz em uma posição um pouco diferente da habitual no fim do jogo contra o Atlético-MG, no último sábado, na Vila Belmiro, pode ter estranhado um pouco, já que o lateral-direito sempre demonstrou características mais defensivas. Mas isso tem a ver com a nova fase do camisa 4 no clube.
Desde que Elano assumiu o comando do time pela primeira vez, após a demissão de Dorival Júnior, em junho, Ferraz teve participação fundamental no trabalho do treinador. Foi dele o gol da vitória sobre o Botafogo na estreia do ex-jogador na nova função e não à toa, em cobrança de falta, fator aprimorado pelo lateral-direito em 2015, quando o agora técnico era seu companheiro de elenco.
- Observei muito. Tive esse privilégio de jogar com ele (Elano) e com o Alex (ex-meia, no Coritiba), dois exímios batedores. Peguei alguns toques. Quase bati uma falta no último jogo, o Elano até me deu uma cobrada, porque gosto de bater dali, mas decidimos que o Lucas Lima bateria, porque já fez gol dali. Se tiver uma próxima, a gente está calibrado - comenta Victor em entrevista ao L!.
Além da cobrança de bola parada, o que ficou registrado para Elano foi a liderança, versatilidade e olho tático do lateral-direito, que passou a atuar mais avançado no segundo tempo da vitória sobre o Galo, em posição parecida com a do chefe quando jogador.
Antes, Ferraz havia participado da jogada do gol de Arthur Gomes, que abriu o placar na reestreia do técnico. Tudo isso é reflexo da confiança do novo treinador no camisa 4 e de uma relação que começou há dois anos.
- Sem dúvida não é de hoje ( a confiança). Somos grandes amigos e sabemos dividir bem agora com ele na função de treinador. Ele é querido por todos e tem identificação enorme com o clube. Isso facilita para trabalhar. Ele entende bem, jogou junto e conhece ainda melhor as características de cada um. Vamos fazer de tudo para ajudá-lo nessa nova função - acrescenta.
Nesta quarta-feira, contra o Vasco, às 21h45, na Vila Belmiro, o Santos tem mais uma chance de diminuir a diferença para o líder se vencer em casa e o Corinthians tropeçar contra o Atlético-PR, na Arena da Baixada.
Mais uma vez, Victor Ferraz estará escalado com a missão guardar o lado direito da defesa, fazer a bola chegar em Bruno Henrique, entre outras. Fato é que a responsabilidade do camisa 4 com o amigo na área técnica só aumentou.
- Acho que aumenta a responsabilidade também. Na forma que eu penso futebol, o Elano não inventou. Nós treinamos isso, mostramos em vídeo, não é de momento. É trabalhado. Me senti à vontade por isso, porque sabia o que precisava fazer no jogo - pontua sobre a função diferente e mais solto na ala direita.
Com 167 jogos realizados em pouco mais de três anos no clube, Victor Ferraz está decidido que quer ter uma longa passagem pela Vila Belmiro. Tanto que já recusou até propostas da Europa.
A justificativa é simples: a felicidade. E nem mesmo torcedores mais nervosos devem mudar o planejamento do lateral que já é bicampeão paulista com a camisa alvinegra.
- É algo que converso muito com minha família. Sou muito feliz e realizado aqui. É um clube grande e sempre tem jogadores que querem estar no nosso lugar, mas o máximo de tempo que eu puder ficar aqui e aumentando meu nível, conquistando títulos, é o que planejo para minha carreira. Não sou fissurado em ir para Europa. Já tive boas oportunidades. É difícil jogar no Santos por tanto tempo e não ter chance de ir para a Europa. Mas nada me fez sentir a paz que tenho aqui. Dinheiro todos gostam, mas eu venho de um lar evangélico, tentamos não amar o dinheiro. É melhor estar feliz e ser realizado. Me vejo na responsabilidade de ajudar os mais jovens. Vem uma safra promissora aqui - pondera.Ocorreu isso em uns cinco times. Corinthians, Palmeiras, Ponte Preta, Flamengo... Bateram no Bruno Aguiar em Goiânia. Em equipes de ponta. São coisas que o torcedor tem que rever. A paixão é grande, claro. Em 2015 deixamos alguns mau acostumados porque fizemos bons jogos. Não veio títulos ainda maiores, mas quem sabe não vem agora?
Recentemente, torcedores picharam muros da Vila Belmiro, estenderam faixas em frente ao CT e foram até o aeroporto para cobrar atletas, principalmente Lucas Lima e Zeca, que tenta deixar o clube com medidas judiciais.
No entanto, o foco do jogador de 29 anos é crescer dentro do próprio clube e ele acredita que a relação com a torcida pode mudar. Para melhor.
- Ocorreu isso em uns cinco times. Corinthians, Palmeiras, Ponte Preta, Flamengo... Bateram no Bruno Aguiar em Goiânia. Em equipes de ponta. São coisas que o torcedor tem que rever. A paixão é grande, claro. Em 2015 deixamos alguns mau acostumados porque fizemos bons jogos. Não veio títulos ainda maiores, mas quem sabe não vem agora?
Com tanta confiança ganha com o novo treinador, Victor não descarta seguir no futebol depois de pendurar as chuteiras. Embora tenha objetivos ligados à religião, o primeiro passo para seguir como futebolista já foi dado e começou em um projeto social na Paraíba, sua terra natal e onde teve início a carreira como jogador.
- Fazer alguma coisa no futebol é certo. Não sei o que. Estou começando um projeto social em João Pessoa. Começa no dia 8 de dezembro. Projeto VF4. Vou ajudar crianças que querem ser atletas profissionais. Talvez estando mais perto do projeto eu possa me aproximar mais. É um projeto para crianças de 11 a 15 anos. Sei que é difícil sair jogadores da Paraíba. É um celeiro, mas há poucas oportunidades.