Relatório aponta que o Santos pagou quase R$ 400 milhões por Leandro Damião e indícios de corrupção
Conselheiros acusam atual gestão de omissão e pedem saída de Rueda
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O Grupo Especial de Avaliação de Riscos e Perdas, composto por conselheiros do Santos, apresentou relatório que aponta a situação financeira do clube como "caótica". A principal dívida a qual o documento destrincha é sobre a contratação de Leandro Damião, em 2013, descrita como o maior motivo de prejuízo do Peixe na última década.
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De acordo com o Grupo, o Alvinegro pagou, entre 2013 e 2019, R$ 384,7 milhões ao fundo Doyen Sports Investments LTDA pela compra do atacante. A empresa foi responsável por financiar os valores acordados entre Santos e Internacional, na época da transferência.
Os dados foram apresentados na reunião do Conselho Deliberativo, realizada na última segunda-feira (14). O relatório foi publicado inicialmente pelo "Globo Esporte", e o Lance! teve acesso ao documento.
COMO ASSIM?
O Peixe topou pagar 13 milhões de euros para adquirir Leandro Damião. Em janeiro de 2014, Santos e Doyen firmaram em contrato o valor de 18 milhões de euros para vender o centroavante, 5 milhões de euros a mais que o valor inicial. Porém, um ano depois, Damião entrou com ação para rescindir contrato. Em 2016, as partes entraram em acordo, e o atleta rumou para o Betis, da Espanha, sem custos.
A Doyen acionou a justiça, pois no vínculo entre o Peixe e a empresa que emprestou o dinheiro era previsto que o clube arcasse com os 18 milhões de euros caso o contrato do atacante fosse rompido. Se o Santos vendesse o jogador por cifras superiores às acordadas inicialmente, ficaria com 20% do lucro. Com juros, os 18 milhões de euros se transformaram em 27 milhões de euros em 2016, segundo o relatório.
Gestões anteriores destinaram valores obtidos através de vendas para abater a dívida. Porcentagens de transferências, por exemplo, de Felipe Anderson, Gabigol e Geovânio ainda de posse santista, foram repassadas à Doyen. Além disso, o montante pago por patrocínio máster em 2017 também rumou para a dívida.
A soma dos valores, segundo o relatório, resulta em R$ 384,7 milhões entre 2013 e 2019. No último ano analisado pelo documento, a gestão de José Carlos Peres firmou acordo, deixou de pagar uma parcela e a dívida ficou em 15 milhões de euros. O relatório diz que não havia razão para deixar de honrar o débito, pois o dinheiro da venda de Rodrygo ao Real Madrid estava em caixa.
Com Rueda no comando, o Peixe segue pagando a dívida, mas o Grupo Especial de Avaliação de Riscos e Perdas não identificou o valor exato de quanto ainda falta para quitar o compromisso.
CORRUPÇÃO E OMISSÃO
O estudo do Grupo Especial ainda aponta que há indícios de recursos não contabilizados — 'caixa dois' — referentes às folhas de pagamento de Neymar e Gabigol, além de lavagem de dinheiro no período.
De acordo com o relatório, o presidente Andres Rueda foi informado diversas vezes sobre todos estes casos e providências foram solicitadas. Porém, o atual mandatário teria 'ignorado' a situação e é acusado de "omissão deliberada".
- A omissão do atual presidente quanto aos recursos drenados ilegalmente do clube são, sem sombra de dúvida falta de cuidado em preservar o patrimônio material do clube, incluindo sua imagem - diz trecho do documento.
Os conselheiros, ao final do relatório, pedem a responsabilização dos responsáveis anteriores e solicitarão o impeachment de Rueda, que tem mandato até o fim de 2023.
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