No quinto e último texto sobre a retrospectiva do Santos em 2021, o LANCE! traz um panorama de como foram os técnicos que trabalharam no Peixe durante o ano. Pela primeira vez desde 1989, o clube teve quatro treinadores em um mesmo ano. Com essa enorme confusão no comando técnico, a equipe não conseguiu jogar um bom futebol e teve resultados abaixo da expectativa.
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CUCA
Cuca foi o treinador que começou 2021 no Santos devido aos problemas do calendário brasileiro com a Covid-19, já que o Brasileirão e Libertadores se estenderam até janeiro.
E logo de cara, ele teve que lidar com um enorme desafio: uma semifinal de Libertadores contra o poderoso Boca Juniors. No primeiro jogo, na Bombonera, sua equipe foi melhor e o técnico ficou na bronca com o árbitro Roberto Tobar por não ter consultado o monitor do VAR em um possível pênalti de Izquerdoz em Marinho.
Na Vila Belmiro, o Peixe, mesmo sendo considerado o azarão no confronto, fez o jogo perfeito. Jogando nos espaços cedidos pelo Boca, o Peixe fez uma partida de almanaque, venceu por 3 a 0 e conseguiu a vaga para a final.
Na decisão no entanto, Cuca foi superado por Abel Ferreira, que levou a melhor sobre o técnico de 58 anos. O profisisonal ficou marcado por ter se envolvido em uma confusão com Marcos Rocha, e Cuca acabou sendo expulso. Pouco depois, da arquibancada, ele viu Breno Lopes anotar o gol do título palmeirense.
Apesar da frustração na final, Cuca conduziu o Peixe para o 8º lugar no Brasileirão, classificando a equipe para mais uma Libertadores. No final do campeonato, ele alegou "cansaço mental" e pediu para deixar a equipe.
- Eu saio, lógico, muito contente com o trabalho, porque foi árduo, muito difícil e ao mesmo tempo muito compensatório. As coisas foram todas feitas com prazer. Como disse na apresentação, sentia que era um lugar para aparecer o trabalho, e apareceu, graças principalmente aos jogadores, que entenderam e aceitaram, foram ponta firmes em todos sentidos. Formamos mesmo uma família, que no futebol não é fácil. Brotaram muitos filhos, meninos, que amadureceram dentro das competições, nos levando até a final da Libertadores, onde num lance perdemos, e muito próximo do objetivo, que é ficar na Libertadores desse ano - disse o treinador em sua despedida.
Cuca - cinco vitórias, quatro empates e cinco derrotas - 45,2% de aproveitamento
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ARIEL HOLÁN
Sabendo que Cuca não seria mais o treinador da equipe, a diretoria santista passou a analisar nomes para o cargo que ficaria vago. Após rescindir com a Universidad Catolica, Ariel Holán foi anunciado antes da rodada final do Brasileirão de 2020, mas só assumiu depois da competição.
A expectativa era grande para que o Peixe voltasse a praticar um futebol mais ofensivo, característico da equipe. Os primeiros momentos foram de sucesso, com o time engrenando no Paulistão e conseguindo avançar para a fase de grupos da Libertadores.
Mas a lua de mel não durou muito. A equipe teve uma queda vertiginosa em ambas competições, e a situação na Libertares se complicava, com derrota na estreia para o Barcelona de Guayaquil, na Vila Belmiro.
O ápice da crise veio após o revés por 2 a 0 diante do Corinthians no Paulistão. Torcedores protestaram na frente do CT e soltaram rojões na casa de Holán, que pediu demissão no dia 26 de abril.
O argentino se mostrou incomodado com a postura dos torcedores e insatisfeito com os jogadores, que não executavam sua ideia de jogo.
Ariel Holan - quatro vitórias, três empates e cinco derrotas - 41,6% de aproveitamento
MARCELO FERNANDES
Com um calendário extenso e ainda sem definir um nome para assumir o comando técnico, a diretoria do Santos confiou no auxiliar permanente Marcelo Fernandes para "tocar o barco" enquanto o clube definia o próximo treinador.
Seu maior teste enquanto interino foi na partida contra o Boca Juniors, na Bombonera. O Santos foi dominado pelos argentinos e perdeu por 2 a 0, se complicando na competição.
Marcelo Fernandes (interino) - duas vitórias, três empates e duas derrotas - 42,8% de aproveitamento
FERNANDO DINIZ
Com Diniz, o Santos esboçou uma reação na Libertadores, vencendo o Boca Juniors na Vila Belmiro. Mas logo em sequência, a equipe perdeu para The Strongest e Barcelona de Guayaquil, e foi eliminada da Libertadores. Com o terceiro lugar no grupo, o Peixe garantiu vaga na Sul-Americana.
O início do Brasileirão também não foi animador: um ponto nos três primeiros jogos, incluindo uma derrota na estreia por 3 a 0 para o Bahia.
Sem conseguir estabelecer um padrão de jogo, o Peixe não conseguia somar resultados positivos no Brasileirão, mas o desempenho nas copas era o que sustentava Diniz, colocando o Santos nas quartas de final da Copa do Brasil e Sul-Americana.
Mas o treinador não foi capaz de dar o próximo passo e acabou eliminado pelo Libertad na Sul-America, e deixou a situação quase irreversível contra o Athletico-PR. Sem as copas, seu trabalho passou a ser cada vez mais questionado.
Com muitas dificuldades para montar o esquema defensivo, Diniz amargou uma sequência de seis jogos sem vencer no Brasileirão. Após a derrota para o Cuiabá, a torcida clamava pela saída do treinador, que foi demitido no começo de setembro. Ele deixou o time a quatro pontos do Z4 no final do primeiro turno.
Fernando Diniz - 11 vitórias, oito empates e 12 derrotas - 44% de aproveitamento
FÁBIO CARILLE
Buscando um nome mais defensivo e que passasse segurança para a torcida, a diretoria santista foi atrás de Carille para evitar o rebaixamento histórico do Santos.
O ex-Corinthians chegou a passou a jogar com um esquema de cinco defensores. Mas a situação não melhorava, com o Santos perdendo por 3 a 0 para o Juventude.
Na rodada seguinte, um duelo direto contra o Grêmio na Vila Belmiro. Wagner Leonardo marcou nos acréscimos do segundo tempo, dando uma vitória fundamental ao treinador.
Nos jogos finais do Brasileirão, a eminência do rebaixamento era real, mas Carille fez mudanças na equipe titular e, após vencer o Flamengo no Maracanã, pela 37ª rodada, o Santos se livrou matematicamente do Z4.
Ao término da competição, o presidente do clube, Andrés Rueda, garantiu Carille como o treinador do Santos para 2022.
Fábio Carille - sete vitórias, sete empates e 6 derrotas - 46,6% de aproveitamento