Após ter seus "direitos totais de volta", o vice presidente do Santos, Orlando Rollo, retornou efetivamente ao cargo nesta segunda-feira e já conversou com a imprensa. Em seu discurso, o dirigente se denominou "em exercício", já que José Carlos Peres foi afastado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportivo por 15 dias, e afirmou que blindou o futebol e que é fã do trabalho de Jorge Sampaoli. Inclusive, torce pela permanência do argentino para 2020.
Além disso, Orlando Rollo foi no Conselho Deliberativo para remanejar os membros de Comitê de Gestão. Ele solicitou a saída de Pedro Henrique Dória, Anilton Peirão, José Bruno Carbone e Paulo Roberto de Souza Silva, substituídos por Luiz Fernando de Oliveira Almeida Cardoso, Mário André Badures Gomes Martins, Mariza Brigido Mendes e Orlando Lopes Parra.
O grande problema nisso tudo é que Peres e Rollo interpretaram a punição do STJD de formas diferentes. Para Peres, ele foi punido apenas pelo futebol, portanto não poderia comparecer na CBF ou Federação Paulista de Futebol, por exemplo. Porém, como presidente do Santos, internamente, ele atuaria normalmente e estaria ao seu alcance assinar documentações, tomar as principais decisões ou barrar o que discordasse.
Já para Orlando Rollo, Peres estaria punido como presidente principalmente, já que qualquer ação que ele tomasse dentro da Vila Belmiro teria relação direta com o futebol. O vice, inclusive, foi acompanhado pelo advogado Wladymir Camargos, advogado e especialista em direito esportivo, que deu sua versão:
- O atual código brasileiro de justiça desportiva diz, no artigo 172, que as suspensões contra dirigentes valem para todas as esferas da gestão. Em um clube de futebol, todas as ações têm reflexo no futebol. A decisão do STJD tem valia em todos os atos de gestão do Santos, incluindo a proibição de assinar documentos - disse o advogado.
Com a confusão, Rollo inicialmente planejou sua coletiva na sala da presidência, mas o Santos vetou por entender que ele não é o presidente em exercício. Com isso, ocorreu uma grande confusão na entrada da Vila Belmiro, mas a decisão final foi a do vice descer para conversar com a imprensa.
Veja abaixo todas as respostas da coletiva de Orlando Rollo:
Sobre seu retorno
Tento combater essa gestão, mas o presidente tem mais força política. A caneta é dele. Fui obrigado a voltar bem no período de vacância imposto pelo STJD. Não posso me omitir. O Santos não podia ficar 15 dias sem presidência. Oficiamos às entidades do futebol brasileiro que eu estaria assumindo nesses 15 dias.
Sobre as trocas no Comitê de Gestão do Santos:
A gente assumiu e está evitando medidas extremas, pelo bom clima que tem que pairar no clube. O clima está ruim por causa do próprio presidente. Sim, trocamos não todos os membros do Comitê de Gestão, apenas alguns que não são da minha confiança. Não posso administrar o clube com pessoas com quem tenho problemas judiciais. Nomeei outras pessoas, e o Peres, quando voltar, nomeia de novo, sem problema nenhum.
E quando o Peres retornar ao cargo da presidência?
Volto para a vice-presidência. Talvez volte até antes. Se o Peres conseguir um efeito suspensivo no STJD, vou imediatamente para a vice-presidência. Estou aqui para cumprir determinação judicial. Depois, volto à vice-presidência normalmente.
Com a crise, Sampaoli e Paulo Autuori, superintendente de futebol, podem deixar o Santos?
Esse tipo de problema político acontece em quase todos os grandes clubes, infelizmente. O sistema associativo na maioria dos clubes impõe essa normativa. Mas quero tranquilizar os santistas. O futebol está blindado. Entramos em contato com a direção de futebol e passamos que esse problema é da parte administrativa, não havendo qualquer ingerência, de minha parte, no futebol. Passei que o Sampaoli poderia continuar seu belo trabalho. Sou fã do futebol do Sampaoli e quero que ele fique. O departamento de futebol está blindado.
O grande problema é que o presidente afastado consegue ser unanimidade. Ninguém se dá bem com ele. Todo mundo que aporta no Santos se indispõe com ele. Eu me dou bem com todo mundo. Todo mundo briga com o Peres, e o Peres briga com todo mundo. Sou apenas mais uma vítima do Peres.