A iminente chegada de Christian Cueva ao Santos divide opiniões. Entre a torcida, o temor pelo alto custo da negociação - serão 7 milhões de dólares (R$ 26 milhões) pelo jogador de 27 anos - e a animação para suprir uma das posições carentes do elenco. Cueva deve assinar seu contrato com o Peixe nos próximos dias, após quase ser negociado com o Independiente, da Argentina.
O São Paulo, detentor de 10% de seus direitos econômicos, informou ao Krasnodar, da Rússia, que não tem a pretensão de exercer sua preferência na compra do meio-campista e deixou a chegada do jogador ao Alvinegro ainda mais próxima. O LANCE! ouviu jornalistas que viram Cueva atuar de perto e faz abaixo um balanço de prós e contras do meia, cuja passagem pela Europa não teve brilho.
No São Paulo, a passagem começou com encanto e ótimo futebol, mas terminou com episódios de indisciplina, postura que o fez sair do clube do Morumbi sem deixar saudades. Confira!
21 jogos, nenhum gol...
Foram 702 minutos em campo pelo Krasnodar, da Rússia, durante o segundo semestre de 2018. Nas 21 partidas disputadas com a camisa do clube russo, Cueva foi titular em apenas seis e não marcou gols. A passagem pela Europa termina sem brilho e longe do bom futebol apresentado outrora no São Paulo. O jogador sofreu para se adaptar ao clima frio da Rússia e a distância para a família. Agora, terá a chance de voltar a atuar em alto nível no país.
Com a palavra, Rodolfo Humán (repórter do Líbero, do Peru)
"Cueva é um jogador que, quando se dedica, é letal nos últimos metros do campo. É um ótimo camisa 10. Na seleção peruna, é o responsável por cobranças de faltas e escanteios. Teve um bom período no São Paulo, mas caiu de rendimento. Mesmo assim, não deixou de ser um bom jogador. Passou despercebido no Krasnodar por estar longe de sua família. Quer ficar mais perto da família pelo nascimento de sua segunda filha. É um pouco indisciplinado fora de campo, teve problemas no São Paulo e no Peru."
Com a palavra, Marcio Porto (repórter do LANCE! e ex-setorista do São Paulo)
"Do dia de sua apresentação no São Paulo até sua despedida, Cueva mudou da água para o vinho. A educação, carisma e sorrisos que cativaram no primeiro contato deram lugar à marra, a indiferença e a falta de respeito com funcionários, jornalistas, torcedores e o próprio clube. Enquanto foi o Cueva da primeira impressão, o meia peruano encantou os são-paulinos com um futebol refinado e a personalidade de quem marcou contra o Corinthians na temida Arena e comemorou com entusiasmo.
Depois de uma valorização de contrato para uma temporada 2017 que se anunciava muito promissora, Cueva passou a agir com o nariz empinado, os sorrisos deram lugar à cara fechada e os casos de indisciplina se multiplicaram. Por mais que o São Paulo nos últimos anos não seja nenhum exemplo de gestão, o peruano passou dos limites e desrespeitou o clube com faltas a treinos para disputar peladas no Peru, recusa a jogar um clássico contra o Santos e mais outros episódios internos em que sua postura foi reprovável.
Resta saber que Cueva o Santos terá. O de muito bom futebol e sorriso cativante ou o da indisciplina e displicência em campo. Esse último foi o que passeou na Rússia."
Com a palavra William Correia (repórter do LANCE! e ex-setorista do São Paulo)
"Contratado em junho de 2016 por R$ 8,8 milhões, do Toluca, do México, Cueva fez 89 jogos, 20 gols e durou pouco tempo como unanimidade do São Paulo. Durante dois anos, até ser vendido ao Krasnodar, da Rússia, por 8 milhões de euros (cerca de R$ 36 milhões, na época), em julho de 2018, o peruano conseguiu ser útil e, ao mesmo tempo, não deixar saudades. Ficou mais lembrado por frequentes problemas disciplinares.
O meia encantou nos primeiros seis meses no clube. Assim, começou 2017 recebendo a camisa 10 e, em fevereiro, ganhou aumento, renovando seu contrato até junho de 2021. Mas teve um problema muscular em meio às partidas decisivas no Campeonato Paulista e na Copa do Brasil e demorou a se encontrar, chegando até a virar reserva - no final do ano, porém, até subiu de produção, ajudando a evitar qualquer risco de rebaixamento.
Ainda em 2017, Cueva foi multado por voltar com atraso do Peru, após jogos pela seleção - foi protagonista na classificação do país à Copa do Mundo. Em 2018, outra punição financeira, por retornar das férias com seis dias de atraso para a pré-temporada. Dias depois, recusou-se a ser reserva enquanto era cobiçado por clubes da China e da Arábia Saudita e acabou barrado dos jogos por Raí, diretor-executivo de futebol, voltando a ficar à disposição somente quando detectou-se comprometimento de sua parte.
Assim, os seis últimos meses de Cueva foram quase uma espera por uma valorização no Mundial que o tirasse do Morumbi. Sua despedida simbolizou sua desconexão com o clube, sendo expulso na vitória por 1 a 0 sobre o Rosario Central, da Argentina, e recebendo antecipadamente a liberação para se preparar para a Copa do Mundo."