Entre tantas indefinições e incertezas do Santos para a próxima temporada, uma delas é remanescente de 2018: o mando de campo. Dividido entre Vila Belmiro e Pacaembu, o clube sofreu as consequências com resultados, prejuízos com bilheteria, e reclamações de comissão técnica e jogadores. Essa divisão foi uma promessa do presidente José Carlos Peres, após assumir seu mandato neste ano e que, na última semana, voltou à tona.
- Peço o apoio do torcedor santista. Já posso adiantar que em 2019 vamos jogar 60% dos nossos jogos no Pacaembu. Vamos onde o torcedor está. Contamos com eles - declarou o mandatário à Rádio Transamérica.
Em 2018, o objetivo era que 50% das partidas do Peixe como mandante fossem realizadas no Pacaembu, e os outros 50% na Vila Belmiro. No entanto apenas um terço desses jogos foram em São Paulo (12 duelos) e os demais em Santos (21 duelos). Essa alternância trouxe consequências esportivas e financeiras.
Os santistas tiveram o segundo pior aproveitamento em casa entre os clubes de Série A na temporada (53,54%), superando apenas o Paraná (42,31%). Além disso, acumularam nove partidas com prejuízo na bilheteria. Esse, aliás, é um dos fatores que incentivam a divisão entre os dois estádios.
No entanto há um dilema que parece difícil de ser resolvido. Isso porque o desempenho do Santos atuando na Vila Belmiro em 2018 (60,34%) foi bem melhor do que atuando no Pacaembu (41,67%). Foram apenas três vitórias usando a cidade de São Paulo como mando de campo, mas que teve apenas duas rendas líquidas negativas, enquanto na Baixada foram sete.
A diferença financeira, porém, não para por aí. Enquanto a renda bruta na Vila em 21 jogos foi de R$ 3.464.930,50 (média de R$ 164.996,69), a do Paca foi de R$ 7.303.266,00 em 12 partidas (média de R$ 608.605,50). Em outras palavras, em São Paulo o Peixe arrecada quase quatro vezes mais do que em Santos, em média, por duelo.
Nas palavras do presidente, o clube irá jogar onde a torcida estiver. Dentro dessa afirmação também se justifica a preferência pelo Pacaembu, que recebeu 198.302 pagantes (16.525 por jogo), contra 172.327 pagantes na Vila Belmiro (8.206 por jogo). A média praticamente dobra na capital do estado.
No entanto, durante o ano, jogadores e comissão técnica do Santos, principalmente quando Cuca era o treinador, deixaram claro que a preferência era por jogar na Vila. Gabriel que, assim como o antigo comandante, já deixou o clube, explicitou o que pensavam seus companheiros.
- Acho que a gente sabe, todo mundo já comentou isso, faz muito tempo essa história de Pacaembu e Vila. Acho que todos os jogadores preferem jogar na Vila Belmiro. O Santos tem uma casa e somos de Santos. Então creio eu que a maioria gosta de jogar na Vila Belmiro - disse o atacante após empate com o Vasco, em São Paulo.
Resta saber como Peres resolverá essa equação ao lado da nova comissão técnica chefiada por Sampaoli. Em 2018 não foi possível juntar resultado esportivo e financeiro com a divisão de mando entre os dois estádios. Ficará para o treinador argentino a missão de fazer valer o fator casa, historicamente tão forte no clube, independentemente do local que será realizada a partida.