Um dos dias mais especiais para o torcedor do Santos completa 25 anos nesta quinta-feira (10). No dia 10 de dezembro de 1995, o Alvinegro Praiano, comandado por Giovanni, vencia o Fluminense por 5 a 2 e se classificava à final do Campeonato Brasileiro.
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No entanto, mais do que uma goleada, no estádio do Pacaembu, o resultado demonstrou uma das mais emblemáticas viradas da história santista, que no confronto de ida, no estádio do Maracanã, três dias antes, havia sido derrotado por 4 a 1.
Naquela partida, o Peixe tinha na defesa Narciso, um dos líderes daquele elenco, e na meia-ofensiva, o hoje supervisor do time sub-23 do Alvinegro, Marcelo Passos, autor do quinto gol daquela partida.
- Lembro até hoje o orgulho de todos da minha família e principalmente do meu pai, que faleceu no ano seguinte, o quanto ele estava feliz por eu estar fazendo parte de um momento histórico por um clube que amamos e que tivemos muitas dificuldades para chegar ao profissional depois de passar por várias categorias de base - disse Passos ao L!.
- As lembranças são as melhores possíveis, desde a chegada ao estádio, o mar de torcedores naquela ladeira a caminho do estádio, os gols, o ambiente no intervalo, quando ficamos em campo e a festa da torcida após a partida. Foi um dia fantástico para nós, atletas, e para o torcedor, que está marcado até hoje, tanto que estamos relembrando aquele momento 25 anos depois. Quando o santista fala em virada, em superação, sempre menciona aquela semifinal de 1995 - completou Narciso.
Permanência em campo no intervalo
Um dos momentos capitais daquela decisão aconteceu no intervalo de jogo, quando os atletas permaneceram no gramado, sentindo o calor dos mais de 28 mil presentes no estádio do Pacaembu - e poderia ter mais torcedores, mas o setor do Tobogã estava interditado. Muitas são as versões sobre quem seria o responsável pela decisão, mas o fato foi a importância dela para o moral do elenco, que já havia aberto 2 a 0 nos primeiros 45 minutos e precisava de mais um gol para garantir a classificação - e o tento saiu aos seis minutos da etapa final.
Para Narciso, o início dos planos de ficar no gramado se deve ao craque daquele Santos, Giovanni, que disse que marcaria dois gols no jogo - e marcou, além de dar assistência para os outros três. Já Marcelo Passos, atribuiu a ideia ao capitão Alexandre Gallo.
- A ideia de ficarmos no campo surgiu no almoço de domingo, no hotel em que estávamos concentrados. Todos sentados, almoçando e de repente o Giovanni levantou e disse que faria dois gols. O Macedo logo em seguida afirmou que marcaria um. Eu não disse que faria gol, mas garanti que grudaria no Renato Gaúcho e não deixaria ele jogar. Aí o Gallo, nosso capitão, falou que se terminássemos o primeiro tempo ganhando por 2 a 0 não iríamos descer para o vestiário - afirmou Narciso.
- Sinceramente, nosso grupo era tão unido que qualquer decisão vinda do Gallo, que na época era o capitão da equipe, seria respeitada. O que lembro é que houve uma conversa no hotel onde estávamos concentrados e, dependendo do resultado no intervalo, iríamos permanecer no campo. Aquela atitude se mostrou bastante acertada, pois atraiu mais ainda a emoção e a empolgação da torcida que foi fundamental - disse Passos.
Para Narciso, inclusive, a permanência no centro do gramado mesmo durante o intervalo do jogo, naquela decisão, foi um dos momentos mais marcantes do atleta.
- Ficar no meio de campo foi um dos momentos mais emocionantes da minha carreira. O torcedor gritando, a imprensa sem entender o que estava acontecendo e a gente eufórico, todos ansiosos para começar o segundo tempo. Não tenho a menor dúvida que aquela decisão foi determinante para conseguimos a classificação para a final - externou o zagueiro.
Na final, o Santos foi derrotado para o Botafogo, perdendo por 1 a 0 no jogo de ida, no Rio de Janeiro, e empatando em 1 a 1 a volta, no Pacaembu, no que é um dos jogos com a maior polêmica de arbitragem do futebol brasileiro, pois o árbitro mineiro Márcio Rezende de Freiras confirmou os dois gols do jogo, ambos irregulares, mas anulou o único tento legitimo da partida, anotado por Camanducaia, e que daria o título aos santistas.
* Sob supervisão de Vinícius Perazzini