A vitória por 1 a 0 sobre o Athletico-PR, nessa quarta-feira, no Morumbi, foi a melhor apresentação do São Paulo após a volta do futebol. Não há nenhum motivo para empolgação - mesmo que seja possível até terminar a próxima rodada na liderança -, mas alguns sinais podem ser comemorados pelo torcedor.
O principal deles veste a camisa 15 e se chama Hernanes. Se o meia de 35 anos não tivesse entrado no intervalo, talvez o parágrafo acima nunca fosse escrito. Por outro lado, há muito o que se lamentar: Daniel Alves sofreu uma fratura no antebraço e passará por cirurgia nesta quinta.
Fernando Diniz repetiu a escalação que venceu o Sport em um jogo burocrático do fim de semana, mas não foi com ela que conseguiu superar o Athletico-PR. Depois de um primeiro tempo em que teve mais posse de bola (55% a 45%), mas o mesmo número de finalizações (4 a 4) e nenhuma chance clara contra três do adversário, o São Paulo se transformou com as entradas de Hernanes e Paulinho Boia nas vagas de Gabriel Sara e Vitor Bueno.
São trocas, inclusive, que Diniz pode pensar seriamente em fazer para o clássico de domingo, contra o Corinthians. Na verdade, não há muito o que pensar sobre Hernanes: se ele tiver condições físicas para mais de 45 minutos, não pode ser reserva de Gabriel Sara. O garoto é obediente taticamente, não se omite, busca jogo, mas é pouco incisivo para um armador e, convenhamos, está algumas prateleiras abaixo do Profeta. Já Paulinho Boia não é nenhum primor técnico, mas sua velocidade e seu dinamismo contrastam muito com a apatia de Vitor Bueno neste retorno do futebol. Exceto pela assistência e pelo gol no fatídico jogo contra o Mirassol, ele não lembra em nada o atleta do primeiro semestre.
Com essa formação, o São Paulo encurralou o Athletico-PR para perto de sua própria área. É verdade que Dorival Júnior colaborou ao tirar o atacante Geuvânio, uma das principais válvulas de escape dos visitantes no primeiro tempo, e colocar o volante Christian, mas foi a postura do São Paulo que mudou o jogo.
Pablo, que passou o primeiro tempo todo criando praticamente sozinho os lances de perigo, ganhou boas companhias. Logo aos dois minutos, roubou uma bola de Khellven, tabelou com Hernanes e chutou com perigo. Pouco depois, puxou a marcação dentro da área e permitiu que Paulinho Boia enxergasse Hernanes entrando livre após chegar ao fundo - Cittadini travou o chute do ídolo. O mesmo Paulinho arrancou em velocidade e deixou Luciano na cara de Santos, mas a finalização foi ruim. Mais adiante, Pablo acionou Daniel Alves, que chutou da entrada da área e ganhou um escanteio. E foi depois dessa cobrança que Luciano, bem posicionado no segundo pau, praticamente repetiu o gol que marcou contra o Bahia e garantiu a vitória. Tudo isso em 19 minutos.
O São Paulo do segundo tempo teve ainda mais posse de bola do que no primeiro (58% a 42%) e "goleou" nas finalizações: 12 a 1. Se estivesse em um momento de maior confiança, possivelmente conseguiria vencer a partida por uma vantagem maior.
Para domingo, é possível que Diniz precise desfazer a dupla de zaga que foi bem contra Sport e Athletico-PR. Léo, grata surpresa pelo setor, possivelmente ocupará a lateral esquerda no lugar do suspenso Reinaldo, dando a Bruno Alves a chance de atuar ao lado de Diego Costa. O jovem, aliás, mostra todas as vezes que é acionado que tem muito futuro.