O estádio Mansiche estará lotado para o confronto desta quarta-feira, às 21h45 (de Brasília), entre Cesar Vallejo (PER) e São Paulo na abertura da fase preliminar da Copa Libertadores da América. Mas o bom público não está ligado só à recente boa fase ou à riqueza do time peruano da cidade de Trujillo. Ter o Tricolor Paulista como adversário ajudou e muito aos Poetas para ter casa cheia nesta noite, algo que tem sido um obstáculo nos 20 anos do clube.
Atualmente, o Cesar Vallejo é uma das potências peruanas, embora esteja na Libertadores apenas pela segunda vez e nunca tenha chegado à fase de grupos. A força do time vem dos massivos investimentos de Cesar Acuña, um dos fundadores e presidente da agremiação trujillana. O cartola agora quer voos mais altos e é um dos candidatos à presidência do Peru. Fortalecer os Poetas, então, passou a ser arma política.
- Vallejo não tem uma ligação forte com a cidade, apesar de ter nascido de uma universidade importante daqui. É um time muito, muito rico, que tem contratado sempre os destaques da liga nacional. Dinheiro não é problema para eles, mas não têm muita torcida. Há fanáticos, como em todos clubes, é claro, mas é difícil ver o estádio cheio. Quando está, é porque distribuem ingressos quase de graça - reclama o taxista Ery.
O taxista, como a maioria dos moradores de Trujillo, torce para o Carlos Manucci, clube fundado em 1959, 37 anos antes do nascimento do Cesar Vallejo. A equipe participou da Primeira Divisão do Peru por duas décadas, mas desde 1994 não consegue retornar à elite. Nos últimos anos, a promoção bateu na trave, mas derrotas inesperadas frustraram o sonho da torcida, que nem sequer vê os Poetas como rivais. O clássico regional, para eles, é com o Alfonso Ugarte, de Chicín. Com o Vallejo, o sentimento é de ira.
- Tudo é política, tudo é dinheiro e poder. Ninguém quer que Manucci retorne à Primeira, é tudo política. Querem seguir investindo em Vallejo e não os interessa que Manucci esteja forte novamente. Mas temos a maior torcida - desabafou um colega taxista de Ery, que ouvia a conversa com a reportagem.