A renovação de contrato de Antony, assinada na tarde dessa quinta-feira, pode ser encarada como um recado ao mercado: mesmo com problemas de caixa, o São Paulo está disposto a segurar os seus jovens valores pelo maior tempo possível. A diretoria recusou uma oferta de 20 milhões de euros do Manchester City (ING) pelo atacante de 19 anos e, paralelamente, aumentou o salário dele.
É um recado também para outros garotos de Cotia. O São Paulo, que ganhou a fama de vender suas joias muito depressa, principalmente depois que David Neres partiu para o Ajax (HOL) com somente oito jogos na equipe profissional, agora quer convencê-los de que ficar por bastante no clube pode significar títulos, carinho da torcida e valorização financeira. Foi o que o gerente de futebol Alexandre Pássaro falou em entrevista coletiva há pouco mais de uma semana:
- Que o menino que está na base e seus agentes saibam que ele não vai aparecer no profissional e logo ser vendido. Pode ser que aconteça, mas não será uma regra. Estamos fazendo isso com o respaldo do presidente Leco. Ele está de acordo com nossa estratégia. O São Paulo passa por problemas financeiros que seriam facilmente resolvidos se a gente abrisse as portas para a venda desses jogadores, mas não é o que queremos. Não significa que jogadores desse elenco ou que estavam emprestados não possam ser negociados. Nosso planejamento é para que os meninos que estão jogando fiquem e se valorizem.
Antony e seu agente, Junior Pedroso, citaram o "projeto" do São Paulo e o desejo de "construir história" em suas primeiras declarações após a assinatura do novo vínculo.
- O São Paulo é minha casa e sou muito feliz aqui. Sabíamos de algumas propostas e projetos, mas sempre deixei claro que minha vontade era permanecer no São Paulo, construir minha história aqui e ajudar meus companheiros - disse o atacante.
- Mesmo com todo o cenário favorável para sua transferência, o Antony optou pela permanência no São Paulo, acreditando que pode contribuir para reforçar o time em busca do tão esperado título. Financeiramente, com a sua transferência para a Europa, o Antony teria ganhos cinco vezes maiores do que permanecendo no São Paulo. Mesmo assim, ele e sua família apostaram no projeto tricolor e não forçaram uma saída - emendou Pedroso.
Além de Antony, o mais assediado deles, os jovens que estão em alta no clube são os zagueiros Walce e Morato, os volantes Luan e Liziero, o meia Igor Gomes e o atacante Toró. Todos eles têm sido utilizados com frequência no profissional, à exceção de Morato, que tem só 17 anos e ainda não estreou. Mesmo assim, todos no clube apostam que ele terá futuro brilhante.
Todos tiveram renovações contratuais recentes e têm multa rescisória de 50 milhões de euros para o exterior. O São Paulo garante que a única chance de levá-los é pagando este valor, considerado irreal para o momento atual.
Mas nem todos os jovens que subiram de Cotia nos últimos meses conseguiram espaço no elenco principal. O zagueiro Rodrigo, de trajetória brilhante na base, jogou só uma partida oficial na temporada e depois perdeu espaço. O clube, então, resolveu emprestá-lo por um ano ao Portimonense (POR) para que ele possa se desenvolver e voltar pronto para brigar por posição- ou valorizado para ser vendido. É um caminho que pode ser seguido pelo atacante Helinho em breve.
Lucas Fernandes, joia de outra geração que não conseguiu engrenar na equipe principal do Tricolor, retornou recentemente de empréstimo ao mesmo Portimonense (POR), onde jogou bem. Se aparecer uma boa proposta, ele será vendido.