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Emocional, Ricardo Gomes e corujão no CT: detalhes da volta de Hernanes

Para acertar retorno do meia, diretoria do São Paulo passou a madrugada em negociação e fez força-tarefa para sensibilizar jogador. Ele usará a consagrada camisa 15

Hernanes - São Paulo - 2007
Divulgação

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O São Paulo surpreendeu a todos com o anúncio da contratação do meia Hernanes na manhã desta quarta-feira, mas trabalha há tempos para dar esse presente ao torcedor. Na negociação com o ídolo e o Herbei Fortune, da China, houve várias ações desde uma força-tarefa para convencer Hernanes de que era hora de voltar para casa até, por fim, um plantão da diretoria nesta madrugada para concluir as tratativas.

O início do namoro e Ricardo Gomes

O movimento para repatriar Hernanes iniciou-se há quase um ano. No meio do ano passado, tendo em vista que jogador já havia perdido espaço na Juventus (ITA), os dirigentes fizeram uma consulta. O meia, no entanto, relutou. Na visão dele, não era hora de voltar ao Brasil e um interesse do Genoa (ITA) o cativava mais. Na época, o São Paulo colocou até o técnico Ricardo Gomes em contato com Hernanes. Os dois trabalharam juntos em 2010, quando foram semifinalistas da Libertadores pelo Tricolor. Quando houve a conversa, em agosto, a janela para chegada de atletas ao Brasil já estava fechada, mas a intenção do clube era começar a trabalhar a cabeça de Hernanes para ele retornar no fim do ano.

Ficou no quase

No fim do ano, o São Paulo voltou à carga. Hernanes já havia definido que não ficaria na Juventus. E, dessa vez, não estava tão reticente com a possibilidade de retornar. Os contatos se estreitaram ao ponto de pessoas no Morumbi darem a negociação como certa. Com o jogador sem ser relacionado e desvalorizado, a Juve não colocaria obstáculos para emprestá-lo. No entanto, nos últimos dias da janela de transferências, o Herbei Fortune surgiu com 10 milhões de euros (cerca de R$ 33,6 milhões na época), mais um salário de cerca de R$ 2,4 milhões por mensais e frustrou os planos do Tricolor.

O apelo emocional

Hernanes foi para a China, mas as coisas não saíram como ele previa. Ainda sonhando em retornar à Seleção Brasileira para a disputa da Copa do Mundo de 2018, teve poucas chances no novo clube. Com concorrência de outros cinco estrangeiros, sendo apenas três relacionados, foram apenas oito jogos pelo novo clube. O último em junho, pela Copa local (na Liga não atuava desde abril). Passou a não ser nem relacionado, depois que manifestou sua vontade de atuar adiantado, na meia - o técnico Manuel Pellegrini o considerava mais recuado. Atento, o São Paulo acompanhou o processo e viu espaço para uma investida mais forte. As conversas com Hernanes e seu procurador, o empresário Joseph Lee, se intensificaram. Há cerca de um mês, o clube recebeu o primeiro sinal positivo: Hernanes já cogitava voltar. A partir daí, iniciou uma espécie de força-tarefa para convencê-lo. Profissionais remanescentes da outra passagem do jogador conversaram com ele diariamente. Era um bombardeio de mensagens na linha "Você tem de voltar. Sua casa é aqui". Mensagens de filhos, amigos. Tudo era importante, ainda mais diante de um sujeito sensível como Hernanes. Ele se convenceu. E comunicou seu empresário: "Se conseguir a liberação com os chineses, eu volto!".

A atuação do agente

A partir daí, entrou o bom trânsito do São Paulo com Joseph Lee, empresário de Hernanes dono de ótima relação no mercado chinês. A atuação do agente foi fundamental nas tratativas com o Herbie. Afinal, como convencer um clube que pagou mais de R$ 30 milhões e paga cerca de R$ 2,4 milhões mensais a liberar um jogador de graça e tendo que arcar com boa parte do salário? Simples: o São Paulo pagaria R$ 500 mil mensais, o que significa uma economiia de R$ 6 milhões em um ano, tempo do empréstimo. Melhor do que ter o jogador encostado, desmotivado, pagando a totalidade. No período, Hernanes pode se valorizar novamente e voltar a ser utilizado ou mesmo, negociado. Os chineses toparam.

Corujão no CT - A cartada final e o anúncio poético

Com tudo alinhado, o São Paulo chegou às últimas horas da janela de transferências internacionais precisando correr para concluir uma complexa negociação a tempo - fecha nesta quinta. O fuso-horário jogava contra. Por isso, a diretoria de futebol passou a madrugada desta quarta-feira de plantão no CT da Barra Funda. Enquanto o diretor executivo de futebol Vinicius Pinotti gerenciava os últimos detalhes da negociação, o advogado Alexandre Pássaro cuidava da papelada e os profissionais de comunicação, da forma como o jogador seria anunciado. Era preciso uma estratégia de mídia que estivesse à altura do reforço, tão querido pela torcida. Com tudo certo, passada toda a madrugada, o anúncio foi feito por volta das 7h30 desta quarta. Em forma de poesia. "Com o raiar de um novo dia, a profecia se cumpriu: torcida são-paulina, @hernanes voltou #OProfetaVoltou...", foi a mensagem escrita pelo São Paulo nas redes sociais. Junto, uma foto do jogador com a camisa do clube, e no fundo uma sombra com #15, referência ao número da camisa que ele utilizará, a mesma que vestiu em 2008, quando foi escolhido melhor jogador do Brasileiro. Pouco depois, o presidente Leco divulgou um vídeo do jogador em sua conta no Twitter. Hernanes manda um recado para a torcida e agradece ao mandatário e a Vinicius Pinotti. Pronto. A torcida já estava em êxtase. Após sete anos, o namoro que nunca esfriou foi reatado.

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