Assim que foi procurado pela diretoria do São Paulo, em dezembro de 2015, Edgardo Bauza logo tomou uma providência. O argentino de 57 resolveu telefonar para Juan Carlos Osorio, treinador colombiano que quase três meses antes havia deixado o Tricolor para treinar a seleção do México.
Patón tinha como objetivo conhecer um pouco da realidade são-paulina, da política do clube e das características do elenco, referências que Osorio não pôde ter. O Lorde prestou a ajuda possível ao colega de profissão, mas se manteve calado sobre a opinião que tinha sobre o retorno de Diego Lugano ao clube – o zagueiro de 35 anos será apresentado pela diretoria nesta segunda-feira, às 12h30, no CT da Barra Funda, após o treino da equipe.
– De Lugano não falou, porque não trabalhou com ele. Só avisei que Diego voltaria ao São Paulo e ele ficou feliz, porque sabia o que representa o jogador para a o clube. Falamos mais do elenco que trabalhou com ele e das coisas que faria se tivesse ficado, os jogadores que traria – explicou Bauza, ao LANCE!.
O argentino e o colombiano discordam sobre a possibilidade de Lugano atuar em alto nível no São Paulo. Enquanto Bauza aposta na experiência para liderar o time, protegida por uma equipe mais compacta, Osorio vê mais obstáculos. O Profe acredita que o veterano teria de jogar muito recuado, dificultando seu estilo de jogo agressivo. Além disso, acredita que o uruguaio pode conter o desenvolvimento de Rodrigo Caio.
Foi com esses argumentos que Osorio, em agosto do ano passado, foi ao Paraguai para explicar pessoalmente a Lugano as razões para não ter pedido sua contratação à diretoria. Bauza também quis conversar com o zagueiro antes de pedi-lo à diretoria, mas saiu satisfeito. Apesar da discordância de filosofias de jogo, Patón segue aberto ao apoio de Osorio.
– Em linhas gerais, falamos sobre o time, sobre os inconvenientes que ele teve durante o período em que trabalhou aqui e sobre as virtudes que encontrou. Falamos individualmente de cada um dos jogadores da experiência com eles e do nível que atingiram. São coisas internas.
Falamos muito de tudo o que se passou no São Paulo. Ele sofreu com a saída de vários jogadores (seis vendidos em dois meses). São ferramentas que ajudam para tudo o que estamos fazendo, tomar decisões e ter uma conclusão mais rápida de tudo o que acontece no plantel – destacou.
SEMELHANÇAS
Se uma das ressalvas de Juan Carlos Osorio sobre Diego Lugano tinha a ver com o fato de seu time atuar muito adiantado, Edgardo Bauza não tem o mesmo temor. Nos treinos táticos e coletivos aplicados até o momento pelo treinador argentino no CT da Barra Funda, uma das cobranças mais comuns é para que a linha defensiva não fique parada e avance, como Osorio fazia.
Na última quinta-feira, por exemplo, durante o jogo-treino contra o Juventus, os titulares ganharam uma falta na intermediária defensiva e Bauza ordenou que Denis a cobrasse. Ao ver o volante Hudson e o lateral-direito Bruno na mesma linha do goleiro na defesa, o técnico se irritou e gritou para que eles saíssem para o ataque para não atrair os rivais.
Já no sábado, em treino tático, Bauza utilizou uma fita para demarcar no gramado a posição onde os defensores deveriam ficar. O método foi adotado para melhorar a compactação da equipe, justamente um dos pontos fracos da temporada passada. Ao mesmo tempo em que pede a zaga adiantada, Bauza teme que os volantes subam demais para marcar e ultrapassem os meias.