Rogério Ceni manteve tom tranquilo ao longo de sua entrevista coletiva neste domingo, logo após o empate diante do Fluminense, no Morumbi, que marcou a segunda sequência de cinco jogos sem vitória do time na temporada e deixou o São Paulo à beira da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. O ídolo avisou que não vai desistir e tem certeza da melhora em breve.
- Não é possível que isso não vai virar pelo que todos estão fazendo, uma hora as coisas terão de mudar. A responsabilidade é minha, mas não é possível que não vençamos. Se acharmos primeira vitória, vamos sair muito melhores do que nessa posição que não condiz com o São Paulo.
Na avaliação do treinador, mais uma vez, a equipe criou chances para conseguir um resultado melhor, mas não conseguiu as converter nas redes adversárias. Mas, apesar de a posição na tabela do Brasileiro estar pior do que ele previa, Rogério Ceni diz que já esperava dificuldades e que seguirá trabalhando pela evolução do seu time do coração.
- Não vou deixar de trabalhar. Não desistirei de fazer o meu melhor pelo São Paulo. Como torcedor, também estou xingando por dentro, também sinto isso. Mas vou trabalhar todos os dias e não vou me entregar. Sonhei com isso para a minha vida, que trabalharia para ser campeão no clube do meu coração. Esse é o meu objetivo - indicou.
- Assinei contrato de dois anos e sabia que teria dificuldades neste primeiro ano. A diretoria me explicou as dificuldades financeiras e vem sendo um grande desafio. Tinha como objetivo o título paulista, que não veio, e, nos pontos corridos, esperava posição melhor. Mas tenho ainda muita confiança de que faremos um São Paulo com uma temporada próxima muito melhor. Espero estar aqui no ano que vem. Decisão não passa por mim, mas sou apaixonado pelo São Paulo e acredito muito que faremos um ano de 2018 como programei, sem deixar de lutar agora, porque 2018 depende de 2017 - prosseguiu.
Confira como foi a entrevista coletiva do técnico após o empate diante do Fluminense, no Morumbi:
Análise do jogo
Foi um jogo bem parelho, com finalizações dos dois lados, mas Fluminense finalizou mais no gol e Renan defendeu. Fluminense cresceu na metade do primeiro tempo, mas dominamos no segundo e não conseguimos criar chances claras. Mudamos o sistema para ter mais gente próxima do Pratto. Saímos vencendo e cedemos o empate. Trabalhamos muito as finalizações, espero que no próximo jogo as bolas entrem e vençamos.
Análise do time
O time é coletivamente consistente. Jogamos dez partidas e pior derrota foi por um gol de diferença fora de casa, jogos em que poderíamos ter vencido ou empatado. estamos jogando muito parelho com a maioria dos times, mas não estamos conseguindo fazer o gol fora. Só que temos consistência, diminuiu o número de gols sofridos, jogando de igual para igual com Palmeiras e Atlético-MG, a diferença é que sofremos com equipes menores. Mas jogamos parelho com todos, sem nenhuma derrota vergonhosa.
Falta de vivência como técnico
Tento motivá-los todos os dias e faço mais do que isso, treinando circunstâncias do jogo, montando equipe de acordo com o adversário. Todo trabalho surte efeito. Se tivéssemos vencido, talvez não me perguntariam sobre vivência. A gente trabalha, luta, desenvolve treinos cada vez melhores e jogadores se empenham, mas Fluminense também tem bons jogadores e não estamos aproveitando nossos momentos de superioridade para matar o jogo e ter tranquilidade, estamos sempre no 1 a 0, contra ou a favor. Não falta aplicação, é uma pena que os resultados não sejam como no começo do Brasileiro, quando vencemos dois dos três primeiros jogos.
Reformulação atual
Trabalho todos os dias, vou conhecer jogadores que estão chegando. Diretoria se esforça para dar opções e vendas são difíceis de segurar quando o jogador quer ir embora. Algumas saídas são naturais, não tem como segurar o jogador. A diretoria tenta repor o mais rápido possível essas peças, com a chegada de mais jogadores. Volta do pessoal do departamento médico dá opções e vamos construir a equipe. Parte boa é que teremos semana cheia para trabalhar, mas vamos enfrentar o Flamengo. Porém, assim como vencemos e sofremos com Avaí e Vitória aqui, sufocamos o Atlético-MG e o Atlético-PR, não vejo jogo desparelho contra Flamengo. Podemos ganhar, empatar ou perder se não tivermos a mesma sorte nas finalizações. O São Paulo joga de igual para igual com qualquer um dos outros 19. Em resultados, realmente, está muito longe do que esperávamos.
Sequência no Brasileiro
Fico preocupado, mas eles também se preocupam. Todos se preocupam neste campeonato, não há favoritos absolutos. É um campeonato muito equilibrado. Mas Flamengo e Santos são jogos difíceis e, depois, temos dois jogos em casa. Vamos trabalhar e treinar todos os dias. Como é difícil a gente vencer o Flamengo no Rio, também será difícil para eles nos vencerem no Rio.
Protestos
Torcedor paga ingresso para ver o time vencer. Futebol é muito impulsivo, imediatista. Sai frustrado do estádio. Talvez, amanhã, não pense isso. Mas o torcedor é o principal patrimônio e temos que trazê-los para o nosso lado. É natural que saia frustrado, são dois jogos sem vencer aqui, e fica chateado, saindo mais um domingo desgostoso, começando mais uma semana sem o time ganhar. Temos de entender a forma de expressão do torcedor
Até quando pressão da torcida é sustentável?
Se eu tivesse bola de cristal para falar isso... Mas o torcedor não é comigo, está ligado aos resultados. Ele pode até ver bons jogos, chances de gol, bom domínio de jogo, mas, se não vê resultado, não vê a figura de quem está no banco, vê resultado. Torcedor me vê como treinador e protesta. Torcedor e eu desvincularam minha imagem de goleiro, vocês (imprensa) que precisam desvincular. O que precisamos é apresentar placares superiores. Estamos fazendo jogos equilibrados contra 90% dos times, mesmo com Corinthians fez um bom jogo, empatando e com chance de virar, e o Corinthians é mais consistente que as outras. mas vejo São Paulo sempre com totais condições de somar três pontos e é natural e aceitável que a pressão caia sobre mim e o torcedor xingue. Ele quer a vitória e eu quero mais do que qualquer um deles, trabalho para isso. Não é possível que isso não vai virar pelo que todos estão fazendo, uma hora as coisas terão de mudar. A responsabilidade é minha, mas não é possível que não vençamos.
Centurión
Sem dúvida. É um jogador do São Paulo, fez campanha muito boa pelo Boca, campeão. Ele jogou comigo quando eu era atleta. se vier novamente, vamos observá-lo e ver a intenção dele. Se ele se enquadrar dentro das nossas necessidades e práticas diárias, é um excelente jogador.
Pior momento no São Paulo?
Eu tinha o sonho de jogar pelo São Paulo quando era jovem e realizei esse sonho em 1990. Tinha o sonho de ser campeão pelo São Paulo como atleta e fui, muitas várias vezes. Passei dificuldades morando embaixo das arquibancadas, coisas muito difíceis e cresci como homem. Tinha o sonho de virar treinador do São Paulo e atingi. Assinei contrato de dois anos e sabia que teria dificuldades neste primeiro ano. Por isso, fui a Cotia, observei jogadores, aproveito muitos da base. Em janeiro, me explicaram as dificuldades financeiras e vem sendo um grande desafio. Vim apra fazer primeiro ano com muita dificuldade, mas para melhorar condição financeira, promovendo garotos. Tinha como objetivo o título paulista, que não veio, e, nos pontos corridos, esperava posição melhor. Mas tenho ainda muita confiança de que faremos um São Paulo com uma temporada próxima muito melhor. Espero estar aqui no ano que vem. decisão não passa por mim, mas sou apaixonado por aqui e acredito muito que faremos um ano de 2018 como programei, sem deixar de lutar agora, porque 2018 depende de 2017. Não vou deixar de trabalhar. Passamos por momentos difíceis, elencos enxutos, sem peças por azar, acaso. Não desistirei de fazer o meu melhor pelo São Paulo. Como torcedor, também estou xingando por dentro, também sinto isso. Mas vou trabalhar todos os dias e não vou me entregar, não vou jogar fora. Sonhei com isso na minha vida e que trabalharia para ser campeão no clube do meu coração. Esse é o meu objetivo.
Thiago Mendes
Ótimo jogo, fez excelente partida. Não sei situação dele (sobre propostas para sair), mas Vinicius (Pinotti, diretor de futebol) está muito presente e se colocando à disposição para nos dar o que é necessário. Eu me preocupo com o campo de jogo, ver condições de cada e faço o meu melhor.
Momento atual do time
Perguntem aos atletas o que sentem e veem, também ficam chateados. Meu sucesso depende de quem está em campo, logicamente com suporte do diretor que está lá todos os dias. estão todos se doando. Se acharmos primeira vitória, vamos sair muito melhores do que nessa posição que não condiz com o São Paulo.