Rogério Ceni disse nesta sexta-feira que tentará reduzir o elenco do São Paulo para a sequência da temporada e que a chegada de reforços depende da qualidade. O treinador falou em receber apenas "nomes de peso". Ele gostaria da contratação de um meia e de um atacante, mas não apenas para somar. Há pouco, chegaram os atacantes Morato e Marcinho, destaques no Paulista.
- Devemos até diminuir um pouco nosso elenco. Se existe a possibilidade de algum reforço, alguém de peso, a gente estuda o caso. Senão, o elenco é esse que temos - declarou o treinador, em entrevista coletiva.
Chateado com as duas eliminações do São Paulo, Copa do Brasil e Campeonato Paulista, o treinador disse com quantos jogadores pretende trabalhar para a disputa da Copa Sul-Americana e Campeonato Brasileiro a partir de maio. No momento, ele possui 33 jogadores, mais jovens da base que eventualmente compõe o grupo.
- Não para o rendimento da equipe, mas pelo rendimento do trabalho no dia a dia. A posição de goleiro deixo à parte, são os quatro, mas acredito que podemos trabalhar com 25 jogadores de linha, contando que sempre há suspensos, lesionados, e trabalhando com categoria de base, para trazer um ou outro jogador para fazer parte de determinado jogo. Nós trabalhos com um time inteiro de sub-20, fora as duas semanas que passei em Cotia. Todos os jogos que passei lá, já temos noção. Então são 29 com goleiros, um a mais um a menos. Para que eles se sintam motivados, e a gente dê uma atenção maior - analisou o comandante.
Ceni disse que usará as duas semanas de treino que ganhou após as eliminações para tentar criar novas formas de jogo. Ele falou em alternativas para furar times que jogam na retranca. Descartou, pelo menos num primeiro momento, mudar o esquema.
- Temos um estilo de jogo, principalmente contra equipes de linha baixa, defensiva. Não só a gente como qualquer equipe do mundo tem dificuldade de finalizar, chegar à área contra equipes assim. E vamos tentar melhorar o índice de chutes, finalizações, chegadas às laterais, contra equipes de marcação atrás do meio de campo. Temos de encontrar alternativas para melhorar poderio ofensivo nesse sentido, tentar sofrer menos contra-ataques. Para isso, estamos tentando encontrar alternativas. Se vamos encontrar, vamos descobrir só daqui duas semanas - disse.
O treinador falou antes do treino desta sexta-feira. Na sequência, comandou um trabalho técnico depois tático com portões fechados. O São Paulo volta a campo no próximo dia 11 para o jogo de volta da primeira fase da Copa Sul-Americana contra o Defensa y Justicia (ARG) no Morumbi. A estreia no Brasileiro é dia 14 contra o Cruzeiro.
Confira abaixo outros trechos da entrevista de Ceni:
Por que fechar treino tão distante dos jogos?
A segunda parte é tática, já visando dois jogos, Defensa y Justicia. Temos ausências, depois suspensão, caso do Cueva que não pode jogar o Brasileiro, caso do Maicon que não enfrenta o Defensa. E a gente trabalha a parte tática tentando evoluir, melhorar os quesitos que deixamos a desejar na primeira parte.
Como trabalhar o psicológico do time após as eliminações?
Gostaríamos de estar jogando, domingo e domingo. Temos essa semana de intervalo, e é boa para trabalhar. Não são necessárias duas semanas, como fizemos. Mas como ficamos fora do Paulista, ganhamos esse tempo. Temos de trabalhar formas diferentes de jogos. Na pré-temporada tivemos uma forma, e agora com a chegada de novos jogadores, temos que ter variações para jogar.
Time sentiu fisicamente?
Fizemos os testes na quarta, e terminamos ontem no período da manhã. E alguns jogadores, principalmente os de lesão, terminaram numa condição física mais baixo do que os demais que conseguiram se manter na média, então vamos tentar fazer trabalhos individualizados para quem precisa de força muscular, os que precisam de resistência, quem ficou machucado, e aumentou o peso, estamos tentando fazer além do trabalho normal do campo, em alta intensidade, fazer junto com todos um trabalho individualizado para cada caso que esteja desproporcional.
Formação de elenco
Um clube tem que ter uma espinha dorsal com jogadores mais experientes, mais rodados, com certeza experiência no futebol, rodados. E quando você não tem a possibilidade de ter determinado atleta com característica, você tenta achar na base. Leva um pouco mais de tempo para formá-lo, mas é uma alternativa que a longo prazo traz benefício interessante. Cada caso é um caso diferente. Alguns estão sendo muito utilizados, como Júnior e Araruna. O Araújo foi muito utilizado, e tem outros, como o Lucas que voltou de lesão. Não pode ainda render. Para dar ritmo a esses jogadores para observar. Com algum elenco tão grande. Mesmo nos treinamentos para dar uma atenção maior, você precisa ter esse intercâmbio. Você vai observando os jogadores e no dia que precisar de uma pessoa para cada posição, você já sabe o que ele vai precisar.
Como está a vida de técnico?
Muito parecido com o que idealizei. A única diferença é que você não consegue entrar no campo. Isso muda a cabeça da gente. Está sendo altamente satisfatório participar dessa função. Acho que a gente cria muita expectativa de título e vitória a todo tempo, e nem sempre você consegue entregar isso, isso te frustra um pouco. Como treinador você assume os demais, a maior parte da responsabilidade. É uma frustração. Mas em compensação, a evolução que a gente vê no dia a dia, o aprendizado, e a gente consegue cada vez mais lidar melhor nos treinamentos, como se portar, a equipe no campo, variações. Mas pelo que tracei, talvez por ter vivido no campo também, é muito próximo do que imaginei
Jogo contra o Cruzeiro em Belo Horizonte é referência?
Jogamos muito bem, sim. É um jogo que serve de referência, que temos de levar para a frente. Não só pelo resultado, claro que é melhor quando ganha. Mas eu valorizo muito a produção e naquele dia produzimos bastante.