Foi um mês e meio de espera para um momento que era para ser de glória. Mas o destino foi cruel com o São Paulo. Diante de mais de 61 mil pessoas no Morumbi, o time caiu para o Atlético Nacional (COL) por 2 a 0 no jogo de ida da semifinal da Libertadores e ainda perdeu sua maior figura para a volta. Maior investimento da história do clube (pagará cerca de R$ 22 milhões ao Porto mais parte de dois garotos), o zagueiro Maicon foi expulso aos 28 minutos do segundo tempo e está fora do jogo da volta. Veja a repercussão nos vestiários.
A dificuldade esperada passou a virar tragédia justamente a partir da expulsão de Maicon. Após uma falta para o São Paulo, o zagueiro e capitão tentou apressar a cobrança e empurrou a cabeça de Borja em frente ao árbitro. O são-paulino foi imprudente, apesar da marcação do argentino Mauro Vigliano tenha sido exagerada. Vermelho direto. Vermelho do drama, do sangue tricolor. Minutos depois, os colombianos construíram o excelente placar. E adivinha com quem? Borja, o homem que cavou a expulsão de Maicon.
As jogadas dos dois gols, com a defesa do São Paulo escancarada, simbolizam a noite infeliz que teve o técnico Edgardo Bauza em suas escolhas. Suas apostas para substituir Kelvin e Ganso, lesionados, saíram-se um desastre. Apesar de manterem o time competitivo, Wesley e Ytalo destoaram e foram insignificantes na criação, do que mais o time precisava. Para piorar, quando perdeu Maicon, Bauza decidiu manter uma defesa improvisada com Bruno, Rodrigo Caio e Mena, mesmo com Lugano no banco e mais uma substituição, e viu a final da Libertadores ficar mais longe do que a distância entre o Morumbi e a Argentina, seu país natal.
Para se ter uma ideia, o São Paulo precisará vencer por 3 a 0 ou dois gols de diferença desde que marque pelo menos dois. Isso contra uma equipe que está 100% em casa nesta Libertadores. Pior: a equipe do equatoriano Reinaldo Rueda é bem armada, tem defesa sólida, toca a bola com precisão e sabe, como mostrou no Morumbi, matar seu adversário quando lhe é permitido. Um cenário trágico.
Um castigo para quem ficou sem seus dois fatores mais desequilibrantes em termos técnicos (Ganso e Kelvin) e teve inspiração apenas em Michel Bastos, dono das melhores jogadas. Vale destacar também a partida do volante João Schimidt, que saiu quando ainda estava 0 a 0 e fazia partida muito boa. De nada adiantou.
O tetra ficou longe para o São Paulo. Uma distância que possivelmente nem R$ 22 milhões comprem. Uma ironia: Borja, autor dos dois gols e carrasco, foi uma das contratações do Atlético Nacional para as semifinais da Libertadores. O São Paulo teve apenas Ytalo no jogo desta quarta. Foi definitivo.
FICHA TÉCNICA
SÃO PAULO 0 X 2 ATLÉTICO NACIONAL (COL)
Local: estádio do Morumbi, em São Paulo (SP)
Árbitro: Mauro Vigliano (ARG)
Assistentes: Juan Belatti e Gustavo Rossi (ambos da ARG)
Cartões amarelos: João Schmidt (SAO), Díaz e Borja (ATL)
Cartão vermelho: Maicon (SAO)
Público e renda: 61.766 / R$ 7.526.480,00
Gols: Borja 37' 2ºT (0-1); Borja 43' 2ºT (0-2)
SÃO PAULO: Denis; Bruno, Maicon, Rodrigo Caio e Mena; Thiago Mendes, João Schmidt (Daniel 25' 2ºT), Wesley (Hudson 35' 2ºT), Ytalo (Alan Kardec 17' 2ºT) e Michel Bastos; Calleri. Técnico: Edgardo Bauza
ATLÉTICO NACIONAL: Armani; Bocanegra, Davinson Sánchez, Henríquez e Farid Díaz; Jonathan Mejía, Sebastián Pérez (Diego Arias 41' 2ºT) e Macnelly Torres; Marlos Moreno (Elkin Blanco 47' 2ºT), Ibargüen (Alejandro Guerra 15' 2ºT) e Miguel Borja. Técnico: Reinaldo Rueda