Alexandre Pato não tem algumas das características que Cuca mais aprecia para um atacante, e o estilo de jogo que Cuca quer impor não é exatamente o que deixa o jogador mais confortável em campo. Mas isso não significa que a relação dos dois no São Paulo seja conflituosa. O que se vê até o momento é um tentando se adequar ao outro.
Pato, por exemplo, topou jogar como centroavante quando Pablo estava machucado e Cuca ainda esperava pela chegada de Raniel. Depois da pausa para a Copa América, quando finalmente foi escalado pelo lado esquerdo do ataque, sua posição preferida, foi chamado na sala do treinador e ouviu que precisaria colaborar muito com Reinaldo na marcação ao lateral-direito adversário - isso ficou muito evidente diante de Marcos Rocha, do Palmeiras, no clássico que terminou empatado por 1 a 1 na semana passada.
- A gente conversou e falei que estou aqui à disposição dele. Se ele pedir para voltar, eu vou voltar. Foi o que fiz. Isso aqui é um time e eu tenho que jogar para o time - disse o camisa 7, depois daquela partida.
Cuca reconhece esse esforço. É por isso que, mesmo acreditando que Pato possa render mais em uma posição diferente, flutuando atrás do centroavante, tem tentado encaixá-lo ao lado esquerdo do ataque. É uma tentativa de atender ao desejo do atleta, que diz ser essa a faixa de campo em que mais se sente confortável.
Até agora, Cuca só não usou Pato como titular em uma ocasião. Foi na derrota por 1 a 0 para o Bahia, em Salvador, no jogo que eliminou o São Paulo da Copa do Brasil - ele entrou no intervalo. O atacante de 29 anos começou jogando nas outras 11 partidas que fez, completando 90 minutos em cinco delas e anotando três gols.
Agora, a titularidade dele pode estar ameaçada. Embora tenha criado as melhores jogadas do Tricolor no primeiro tempo do jogo contra a Chapecoense, na segunda-feira, Pato saiu no intervalo para a entrada de Toró - Everton também entrou, no lugar de Luan. Mais intenso, vertical e firme na marcação, o time deslanchou na etapa final e marcou quatro gols. Os dois que entraram são justamente os que mais ameaçam a vaga de Pato para o jogo de sábado, fora de casa, contra o Fluminense.
Nas entrevistas pós-jogo, tanto Cuca quanto Pato passaram longe de qualquer polêmica.
- Não é coincidência (a melhora do time após as substituições). Quem entrou, entrou bem, fez o que deveria ter feito. Isso é time, quem entrar conseguir fazer o melhor. Isso que o professor está querendo. As mudanças foram boas - disse o jogador.
- Fico muito feliz de estar no São Paulo e encontrar jogadores assim, que estão aqui para competir. Estou aqui, vou competir. Estou feliz por quem entrou. O espírito de grupo vai além do individual. O professor fez boas mudanças e nós conseguimos ganhar - emendou.
- O Pato não fez um mau jogo, mas a gente estava embolando, estava muito concentrado por dentro. Ele passou a fazer um mau jogo só no fim do primeiro tempo. A gente confia e tem muita esperança de que ele será um diferencial para nós ainda - disse Cuca.