Nesta quarta-feira, Fernando Diniz foi o entrevistado da noite no programa "Troca de Passes", do SporTV. O técnico do São Paulo entrou no ar via internet e abordou alguns assuntos, entre eles o processo de negociação do clube com os jogadores em meio à paralisação, uma vez que estuda-se a suspensão de parte dos salários durante o período em que não houver jogos e atividades por conta do isolamento provocado pela pandemia de coronavírus.
O treinador elogiou a postura dos dirigentes do Tricolor, principalmente pelo fato de abrirem para que os atletas possam participar diretamente das negociações a fim de tomarem uma decisão em conjunto. Segundo Diniz, esse comportamento é algo que ele tem notado desde que chegou, em 2019.
- Os jogadores estão todos preocupados, porque a gente sabe quando começou a pandemia, mas ninguém sabe qual é o fim. Ninguém sabe qual vai ser o pico de disseminação da doença e tem todas essas questões que estão sendo ventiladas pela imprensa que eu estou acompanhando, e o São Paulo tem tido uma postura muito positiva de buscar a melhor solução conjuntamente, porque trabalha cada vez mais nessa direção, de fazer uma coisa que contemple todas as pessoas envolvidas no contexto geral do clube e tendo como principais atores, que eu acho o mais importante, os jogadores e o torcedor - avaliou antes de completar:
- A gente tem que fazer o melhor possível para que os jogadores se sintam seguros e eu acho que o São Paulo está caminhando com a sua diretoria nessa direção, de trocas ideias. A gente não tem receio de trocar ideias com os jogadores e suas lideranças para eles participarem na decisão de forma coerente, porque o jogador de futebol tem que, na minha opinião, ter cada vez mais voz, uma voz consciente, porque de fato, junto com o torcedor, ele é o grande protagonista desse espetáculo que é o futebol. Então o jogador tem que ser ouvido e no São Paulo ele é ouvido, ele ajuda a articular as coisas para que a gente consiga ter um alinhamento cada vez maior, porque é assim que eu estou vendo o São Paulo desde a minha chegada, cada vez mais coeso, com todos os atores remando parra o mesmo lado.
Diniz também contou como tem feito para falar com o elenco do São Paulo durante a paralisação, em que cada um tem ficado em sua residência. Além disso, o comandante expressou suas preocupações com a pandemia de coronavírus que começa a atingir todos os cantos de nosso país.
- Não sou muito dado às tecnologias, então não criei nada de WhatsApp para falar com os jogadores, nem outro sistema, estou procurando falar por telefone mesmo com alguns, com o maior número de jogadores possível, para a gente poder manter minimamente o contato, mas é um período muito crítico para todo mundo, para a sociedade civil como um todo e o futebol não escapa disso, a gente torce para que a gente consiga passar da melhor maneira possível e que esse vírus não atinja os grandes bolsões de pobreza que eu acho que é o meu maior medo nesse momento - concluiu.
Uma negociação coletiva entre os clubes tem sido conduzida pelas diretorias de Atlético-MG, Bahia, Fluminense, Grêmio e Palmeiras, as partes têm trocado propostas desde a última sexta-feira. A mais recente, que foi encaminhada na última segunda-feira, fala em 20 dias de férias coletivas aos atletas e, persistindo a paralisação das competições, uma suspensão de 25% de salários e direitos de imagem após este período.
Após a definição da negociação coletiva, o São Paulo deve iniciar as conversas sobre este tema com seus jogadores, tanto sobre os pagamentos mensais de salários quanto sobre pagamento de parcelas pré-estipuladas de luvas ou direitos de imagem.