'Se eu ficar, as coisas na parte técnica serão do meu jeito.' Uma das várias frases de efeito proferidas por Rogério Ceni em sua entrevista após a derrota por 1 a 0 para o Internacional, na última terça-feira (8), em pleno Morumbi, já era um prenúncio do que acontecerá no São Paulo a partir do próximo ano, quando o treinador ganhará poderes dentro do clube e se transformará em uma espécie de manager, cargo comum a técnicos nas equipes europeias.
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A prerrogativa de um Ceni mais atuante no departamento de futebol são-paulino já era uma ideia da gestão Julio Casares quando renovou o contrato com o ex-goleiro de forma antecipada, em julho, após a classificação nas oitavas de final da Copa do Brasil ante o Palmeiras.
Agora, segundo o que o LANCE! apurou, a medida se torna mais do que necessária após abalos internos sofridos pelo treinador e que exigiram a vinda pública de Casares para assegurar a sua permanência no cargo. Basicamente, a briga com Patrick nos vestiários do Maracanã durante a derrota para o Fluminense e informações de que parte do elenco não só discorda da postura de Ceni como não o respeita. Verdade ou não, o fato obrigaria um aumento no status interno do ex-goleiro, avaliaram dirigentes.
O posto, também avaliam dirigentes, inibe as insatisfações internas de parte principalmente de conselheiros. Muitos deles 'fizeram barulho' junto a Casares e até da imprensa sobre a postura crítica de Ceni, quase sempre franco nas entrevistas. A não indicação de Galoppo - reforço mais caro da temporada -, críticas públicas a jogadores, à estrutura e episódios como o que revelou que não tinha sido chamado para discutir o planejamento de 2023 são alguns dos que fizeram a orelha do mandatário arder com as queixas vindas da política interna do Morumbi.
E assim será feito. Ceni a partir de agora tem a última palavra sobre contratações, dispensas, vendas, alterações no estafe interno do CT da Barra Funda, do Morumbi, horários de treinos, recuperação de jogadores e até da logística do São Paulo em viagens e afins.
Não é uma situação inédita ao treinador. No Fortaleza, ele 'ganhou a chave do departamento' e revolucionou o futebol do clube nordestino. É nesse conhecimento prático que a diretoria são-paulina aposta para dar sequência ao trabalho de reestruturação.
Com R$ 700 milhões em dívidas e sem ter como fazer grandes investimentos, Ceni será a aposta para se conseguir reforços pontuais e certeiros. Confiando também, claro, na idolatria de uma torcida que continua o blindando como um dos maiores jogadores de todos os tempos a passar pelo Tricolor.
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