O São Paulo entra no Brasileirão tentando apagar a péssima impressão deixada na última edição do principal campeonato do país, quando brigou na parte de baixo da tabela durante quase toda a competição e se livrou de um inédito rebaixamento para a Série B apenas nas rodadas finais. O susto do ano passado alertou a diretoria, que investiu quase R$ 30 milhões em reforços para 2018. Apesar dos esforços, dentro de campo os resultados ainda não foram vistos e o torcedor anseia por melhoras.
Os primeiros meses do São Paulo tiveram mais baixos do que altos. Mesmo com dificuldades na fase de grupos do Paulistão e com derrotas em todos os clássicos da etapa de classificação, o time chegou ao mata-mata. Nas quartas, em jogos parelhos, conseguiu eliminar o São Caetano. Nas semis, o Tricolor estava com a vaga para a decisão em mãos até os 47 minutos do segundo tempo do duelo de volta, quando o Corinthians empatou a partida com gol de Rodriguinho. Nos pênaltis, o São Paulo ficou no quase.
Nas outras duas competições que disputa (Copa do Brasil e Copa Sul-Americana), o Tricolor não vive situações cômodas. No torneio nacional, a equipe de Diego Aguirre, briga por uma vaga nas oitavas de final contra o Atlético-PR. Na ida, o Furacão venceu, por 2 a 1, e joga por um empate para despachar os são-paulinos.
Na Sul-Americana, o panorama é um pouco melhor. Afinal, o São Paulo arrancou um empate sem gols diante do Rosario Central, na Argentina, e joga por qualquer vitória no Morumbi para avançar de fase.
Em meio a conturbada temporada, o elenco tricolor ainda lidou com a mudança do comando. No início de março, depois de perder para o Palmeiras, por 2 a 0, no Allianz Parque, Dorival Júnior foi mandado embora e o uruguaio Diego Aguirre assumiu a equipe. O novo treinador ainda está implantando seu sistema de trabalho e, ao que tudo indica, os jogadores estão aceitando bem as novas ideias.
Embora o São Paulo ainda não tenha empolgado seus torcedores na temporada, o time, aos poucos, volta a ser competitivo. O Tricolor vendeu caro as derrotas para Corinthians, na semifinal do Paulistão, e Atlético-PR, pela Copa do Brasil, e teve atuação elogiável contra o Rosario Central. A diretoria sabe que Aguirre precisa de tempo para fazer com que o time dê a resposta necessária. A postura, no entanto, já é outra.
Tricampeão (2006, 2007 e 2008) e clube com melhor aproveitamento (55,2%) desde a implantação dos pontos corridos no Campeonato Brasileiro, o São Paulo reconhece que, neste momento, não é um dos candidatos ao título. A equipe, porém, promete não deixar de honrar a camisa e fazer uma campanha digna da história do Tricolor. A estreia acontece no Morumbi, na próxima segunda (16), diante do Paraná.
O que fez em 2018:
Aproveitamento: 54,54% (22J, 11V, 3E e 8D)
Paulistão: eliminado nas semifinais para o Corinthians
Copa Sul-Americana: disputa a primeira fase contra o Rosario Central-ARG
Copa do Brasil: disputa a quarta fase contra o Atlético-PR
Opinião
"As turbulências dos anos recentes e a troca de técnico nesta temporada dificultam a projeção do São Paulo para o Brasileirão. Os jogos contra o Corinthians, nas semifinais do Paulista, venderam uma perspectiva melhor. Com Aguirre, o time parece dar sinais de que pode se encorpar e ser mais competitivo. Fazer uma boa campanha, com vaga na Libertadores, já será bastante satisfatório, recolocando o clube em patamar mais digno do seu tamanho. Especialmente se, paralelamente, conseguir avançar em Copa do Brasil e/ou Sul-Americana, quem sabe abocanhando um dos títulos.
Como esteve mergulhado nos últimos anos em seguidas crises políticas e trocas constantes de técnicos, há que sempre se ter uma 'pulga atrás da orelha'. Raí, executivo de futebol do clube, tem boas ideias e princípios. É possível enxergar um rumo a partir deste Brasileirão, com alguma constância no comando e resultados mais expressivos O time tem uma boa 'espinha dorsal' e jovens que podem dar bons frutos ao clube, como Liziero e Lucas Fernandes. A questão é adquirir padrão e não passar os sustos do ano passado, quando correu risco efetivo de um inédito rebaixamento. Mais uma vez o são-paulino, tão acostumado a glórias em um passado não tão distante, tenta acreditar em um novo tempo".
Valdomiro Neto, editor do Lance!