Especialistas analisam possível anulação do jogo Ceará x São Paulo

Doutor Rafael Cobra, presidente da Comissão de Direito Desportivo da OAB/Santos e Pedro Henriques, ex-CEO do Bahia e eleito melhor CEO de clubes no Brasil, dão opiniões 

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Uma polêmica tomou conta desta semana no futebol brasileiro. Durante o empate por 1 a 1 entre Ceará e São Paulo, o juiz Wagner do Nascimento Magalhães validou o gol de Pablo, mas voltou atrás após o reinício do jogo e anulou o tento por impedimento.

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Porém, de acordo com a opinião do Dr. Rafael Cobra, presidente da Comissão de Direito Desportivo da OAB/Santos, não há elementos claros para um equívoco no procedimento e protocolo do uso do VAR, como o erro de direito.

- Como opinião, não acho que seja passível de anulação de partida. Primeiro, que não ficou absolutamente claro um erro no procedimento e protocolo no uso do VAR. Fica meio questionável se de fato ele tinha autorizado o início do jogo. Fato é que a bola rolou, mas os jogadores podem ter reiniciado a partida com ele ainda se comunicando com o VAR - afirmou Cobra em contato exclusivo com o LANCE!.

Cobra ainda utiliza como exemplo a partida entre Botafogo x Palmeiras, disputada em maio de 2019. Na ocasião, o árbitro Paulo Roberto Alves Júnior resolveu aceitar uma recomendação do VAR depois de mandar a partida reiniciar para analisar um possível pênalti.

O atleta da equipe carioca já tinha dado início ao jogo com tiro de meta, mas o juiz pediu a paralisação da partida novamente e acabou dando pênalti em cima do atacante Deyverson.

- Pode eventualmente ser questionado um equívoco no protocolo do uso do VAR. Tivemos um caso similar na partida entre Botafogo e Palmeiras, quando o juiz mandou bater o tiro de meta e depois voltou atrás e deu pênalti. Na época, o Botafogo pleiteou a anulação da partida a não teve sucesso. Acredito que esse seja o mesmo caminho para o São Paulo - finalizou.

A opinião do ex-CEO do Bahia, Pedro Henriques, é diferente, Segundo o dirigente, o equívoco do árbitro pode caracterizar um erro de direito e é passível de anulação do jogo.

- A possibilidade de anulação pode ser discutida pois seria decorrente de um erro de direito, diferentemente de um erro de interpretação. Aparentemente o juiz autorizou o reinício do jogo, validando um gol que foi realmente ilegal, mas, logo depois, acionado pelo VAR, que tinha autorizado a validação, parou o jogo já reiniciado para anular o gol. Em tese, isso pode caracterizar um erro de direito e poderia justificar uma eventual anulação da partida por parte do São Paulo, que foi o prejudicado, ou de algum interessado - disse o dirigente, eleito o melhor CEO de clubes de futebol no Brasil em 2020 pela CONAFUT (Conferência Nacional de Futebol).

Ele defendeu que os dirigentes do São Paulo recorram ao STJD para tentar alguma atitude em relação ao jogo. Além disso, Pedro criticou a atuação do VAR como um todo no futebol brasileiro. 

- Vai gerar uma comoção na discussão, mas eu particularmente entendo que o dirigente do clube precisa defender os interesses do clube. Assim como os dirigentes do Ceará vão defender a decisão do campo, que foi moralmente correta, os diretores do São Paulo têm toda a legitimidade de pedir a anulação da partida. A situação é delicada e vai colocar mais asteriscos na atuação do VAR no Brasil, que já vem sendo bem problemática - concluiu.

São Paulo pode tentar anulação (Foto: Miguel Schincariol)

* Sob supervisão de Vinícius Perazzini

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