Informação levantada pela diretoria do São Paulo junto à FPF (Federação Paulista de Futebol) e obtida pelo LANCE! aponta que o 'troca-troca' de estádios entre o Tricolor e o Palmeiras, na edição deste ano do Estadual, vai além do reestabelecimento institucional entre as agremiações. A FPF usará as partidas no Morumbi e Allianz Parque como parte de um projeto que pode culminar no fim da torcida única em clássicos e no fim da proibição da venda de bebidas alcóolicas nos palcos paulistas.
Os vetos amarram e desagradam duas frentes: torcidas organizadas e clubes. Na primeira, há descontentamento pela não-oportunidade de ver partidas de maior apelo. Além disso, inclusive, como aconteceu sábado (4), na vitória palmeirense sobre o Santos, no Morumbi, a Federação viu como positiva a experiência de torcedores alviverdes mais novos terem a oportunidade de conhecer o estádio de um rival na mesma cidade.
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O grande público de palmeirenses na casa são-paulina, como ocorria no passado, na avaliação dos dirigentes, segundo o L! apurou, pode criar um hábito de 'civilidade'. Ou seja, com o hábito de ir ao estádio rival, casos de vandalismo podem ser menos habituais.
O primeiro passo foi dado. A FPF pediu ao Tricolor e à PM dados sobre ocorrências no Morumbi no sábado. Ao L!, dirigentes são-paulinos revelaram que a avaliação completa começará nesta segunda-feira (6). Mas apesar de fotos de cadeiras quebradas nas arquibancadas circularem, a posição é que se realmente aconteceu, são casos isolados, de torcedores que pularam em cima dos assentos.
Isoladas por tapumes, a estátua de Telê Santana e a sede da Torcida Independente não sofreram nenhum tipo de depredação. Por contrato, o Palmeiras se comprometeu a pagar eventuais prejuízos detectados pela vistoria realizada pelo Tricolor e que o clube alviverde terá total acesso.
FEDERAÇÃO QUER VER COMO SERÁ A RECEPÇÃO PALMEIRENSE
Para levar a ideia adiante, a FPF agora quer ver como será 'o outro lado da moeda'. Por isso a presidente alviverde Leila Pereira vem assegurando que não importa a pressão interna, vai ceder o Allianz Parque ao rival quando necessário.
A reciprocidade tem data para acontecer. O Palmeiras aceitou a proposta do São Paulo para usar o Allianz Parque entre os dias 10 e 18 de março, quando o Morumbi receberá seis shows da banda britânica de pop-rock Coldplay. Para estas datas estão previstas as realizações das quartas e semifinais do Paulistão.
Mas, se do lado são-paulino não houve grande barulho pelo 'acordo informal' entre os rivais, inclusive com o hino do Verdão executado no Morumbi, no palmeirense foi diferente. Ao L!, fontes que frequentam a vida política do Verdão esperam por uma resposta da presidente 'em caráter de urgência'. E ameaçam entrar na Justiça para suspender qualquer jogo do Tricolor no Allianz Parque sob o pretexto de 'risco máximo de segurança'. Grupo com cerca de 30 conselheiros entregou ata à Leila exigindo que o acordo não se concretize.
- Há riscos claro de segurança. Isso porque o Morumbi no passado era utilizado pelos rivais do São Paulo para mandar seus jogos grandes. E o estádio do tricolor (sic) tem ruas mais largas, enquanto o Allianz Parque tem seu entorno recheado de lojas do Palmeiras e sedes de torcidas organizadas, algo que poderia gerar conflitos em dia de jogo. Além disso, as entradas de nossa parte social ficam próximas ao estádio - diz o texto.
Ao L!, o Palmeiras disse por meio de uma nota oficial que tudo foi feito com autorização dos órgãos de segurança e fez a ressalva de que os conselheiros que se uniram para a redação desse pedido foram da oposição da gestão.
- A atual gestão do Palmeiras ressalta que o acordo com o São Paulo foi feito com a autorização dos órgãos de segurança e em conformidade com o Departamento de Futebol, que priorizou aspectos técnicos, entre eles a qualidade do gramado do Morumbi. Se quisermos melhorar o futebol como um todo, temos de deixar de lado antigas divergências e olhar para frente - aponta.
UNIÃO PELA LIGA, BEBIDAS PARA OS PATROCINADORES
'Deixar de lado divergências e olhar para a frente' sinaliza outras questões entre Palmeiras e São Paulo. A principal delas é a Libra, liga nacional de clubes. Se o 'troca-troca' de estádios sinaliza uma unidade em prol do projeto, os clubes vêm pressionando a FPF por outra questão, estritamente comercial: o fim da proibição da venda de cerveja nos estádios paulistas.
Banida desde 1995, na esteira de outras proibições, a cerveja une o trio de ferro em uma questão: fonte de receitas e patrocínios.
Ao L!, pelo menos dois dirigentes confirmaram que algumas das várias propostas na mesa da Liga para o futuro envolvem cervejarias. Mas para se chegar aos valores sonhados, seria necessário o lobby para forçar a liberação da bebida.
Nada que haja oposição do trio de ferro. Palmeiras e Corinthians entendem a liberação da cerveja como um ponto de crescimento exponencialmente de renda em suas arenas. O São Paulo entende que a procura por camarotes e aluguel de espaços corporativos no Morumbi também cresceriam.
Pontos a serem discutidos pela Federação, que mostrou flexibilidade como no caso da liberação das bandeiras de mastro às organizadas e também vê a queda das restrições como uma chance de revitalizar o Estadual.
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