Hernanes é o rei das metáforas. Não à toa é chamado de Profeta. Nesta terça-feira, comparou o São Paulo a um avião. O momento, com o time na zona do rebaixamento, é uma turbulência, segundo o meia. São 19 pontos conquistados, e a 17ª colocação na tabela, posição que precisará ser revertida no segundo turno do Campeonato Brasileiro. No último domingo, derrota para o Bahia em Salvador e, no voo de volta para a capital paulista, mais uma inspiração para o Profeta.
- Você tem de ter tranquilidade, lucidez. Não adianta vir com malabarismo. Estamos trabalhando. Mas é uma turbulência, quem já viajou de avião sabe. Você começa a voar e o avião começa a tremer. Foi até engraçado porque tinha uma mulher do meu lado, que ficou com medo, segurou no meu braço. E eu disse: "Calma, é só uma turbulência" - contou o camisa 15, em entrevista coletiva.
Mas, então, se o São Paulo é um avião, pode cair? Hernanes foi lembrado da frase de Muricy Ramalho. O ex-técnico assumiu o time em 2013 em situação muito semelhante e na época disse que o Tricolor não poderia ser rebaixado porque era um 'boeing" de tão grande. Boeing cai, Hernanes? Ele ri antes da resposta:
- Esse aqui, não. Esse aqui (aponta para o símbolo do clube no microfone), não! - disparou.
O bom humor ficou de lado quando ele comentou críticas ao time. O diretor executivo Vinicius Pinotti disse após o jogo de domingo que talvez falte comprometimento. Hernanes discordou.
- Não gosto de fazer essas análises. Teria de ter algum embasamento, e não tenho nenhum. Nos treinos, não percebi isso. É que às vezes tem de saber a importância do momento, da camisa que se veste, de cada passe, cada detalhe. Esses detalhes, que não se dá muita atenção, que te punem. Tem que acertar. Não acredito que seja falta de comprometimento. Não adianta ter ansiedade - afirmou.
Em três jogos pelo time, após voltar com contrato de empréstimo por um ano, Hernanes marcou dois gols. Conquistou uma vitória e sofreu duas derrotas. Agora, o time enfrenta o Cruzeiro no próximo domingo no Morumbi. Confira abaixo outros trechos da entrevista do meia:
Momento
Momento de reflexão, porque quando as coisas não vão da maneira que deveriam estar, você tem de refletir para saber onde você está errando, para encontrar o caminho. Temos o segundo turno inteiro para reverter essa posição. Temos de saber analisar a realidade, e a realidade é que na tabela estamos numa posição em que não queremos estar. Mas nossa situação é de trabalho, de busca. Então tem de ter tranquilidade nesse momento para encontrar as soluções, para que os resultados no segundo turno sejam melhores.
Grupo está fazendo contas?
Normal fazer os cálculos. É constante, temos de fazer. Temos calculado, e pensado em que como obter os pontos. Mais importante do que calcular, é saber o que fazer para conseguir os pontos. É mais importante.
Não pode perder pontos para adversários diretos?
A gente confunde a posição na tabela com nossa situação. Às vezes ficamos ansioso para conseguir as vitórias, mas em pensar que podemos perder por querer rápido a melhorar nossa posição na tabela. Temos de aumentar ainda mais nossa cautela. Pontuar, daqui para a frente, é nossa prioridade, independentemente do adversário. Não podemos mais ficar sem pontuar.
Desempenho pessoal
Para mim é o mais importante ouvir a opinião do Dorival, dos companheiros, de vocês. Não vale aqui dizer se estou satisfeito ou não, não vai agregar nenhum valor. Talvez se pegássemos alguns dados, poderíamos analisar mais friamente. O que não estou satisfeito é com nossos resultados obtidos. Isso é o mais importante.
Dá para garantir que não vai cair?
Já falei que vamos nos salvar, que vamos sair dessa situação. Temos o segundo turno inteiro para reverter essa posição na tabela.