Na esteira da aliança entre as diretorias de Palmeiras e São Paulo, a Mancha Verde e a Independente, principais torcidas organizadas dos times alviverde e tricolor, respectivamente, além da Torcida Jovem, do Santos, decidiram selar um 'pacto de paz'. O objetivo, conforme apurou o LANCE!, é ajudar no lobby dos cartolas pelo fim da torcida única e a liberação de mais materiais das facções nas arquibancadas paulistas.
Conforme o L! revelou no início do mês, Leila Pereira e Julio Casares, respectivamente mandatários de Verdão e Tricolor, tem como objetivo a queda do veto à presença de torcedores visitantes nos clássicos do futebol paulista, além de partidas envolvendo os dois clubes de Campinas (SP), Guarani e Ponte Preta.
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As duas agremiações acertaram um 'troca-troca' de estádios, com palmeirenses jogando no Morumbi e são-paulinos no Allianz Parque, que será usado pela FPF (Federação Paulista de Futebol) como base de um estudo para pressionar Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo e Ministério Público Estadual. O pano de fundo, além da queda da torcida única, é o fim de outros vetos, como venda de cerveja e mais autonomia para os clubes em relação a seus estádios.
O L! apurou que uma ata de reunião entre Leila, Casares e dirigentes dos dois clubes listou reclamações de vetos das autoridades paulistas por motivos de segurança até em medidas consideradas institucionais dos clubes, como artefatos de luzes e papel picado, além de ações para sócios-torcedores.
DE OLHO EM LIBERAÇÕES, ORGANIZADAS ENDOSSAM O CORO
As organizadas entram em um segundo movimento. Destacam o fato de que desde o retorno no ano passado das chamadas 'bandeiras de mastro', ou seja, com bambu, não foram registrados incidentes. Querem mais. E por isso temem retrocessos com casos pontuais de violência.
O sinal de alerta foi ligado na madrugada do último dia 10 (sexta-feira), quando um ônibus da Gaviões da Fiel, do Corinthians, foi emboscado e destruído supostamente por palmeirenses. Cinco pessoas ficaram feridas, uma delas baleada no rosto.
Mancha, Independente e Torcida Jovem usaram suas redes sociais para divulgaram conjuntamente notas definindo que estão proibidos atos de violência por parte de integrantes das torcidas. Todas alertam para punições a quem se envolver em incidentes.
Ao L!, lideranças ouvidas destacam o fato de que uma 'união' de bastidores, com direito a reuniões conjuntas, tem como objetivo a entrega de uma lista de reivindicações, como a liberação de mais bandeiras e artefatos. Também está prevista uma manifestação pública em prol do fim da torcida única.
Os Gaviões foram a única das grandes torcidas organizadas do Estado a não se posicionarem publicamente. A reportagem não conseguiu contato com a agremiação para comentar o fato.
AÇÕES E REAÇÕES
O pano de fundo da 'paz' principalmente entre Mancha e Independente envolve a aproximação entre as diretorias.
O L! apurou que a diretoria são-paulina consultou sua principal organizada antes de decidir fechar o 'acordo informal' com o rival. Em 'troca' do fechamento da sede da Independente, os cartolas aceitaram a maior das exigências da facção: que a arquibancada laranja (atual setor sul), onde ficam as uniformizadas tricolores, ficasse fechado. A palmeirense Mancha Verde ficará na amarela (setor norte) e o clube alviverde promete abrir o setor apenas se esgotarem as entradas dos outros setores das arquibancadas.
O esquema de segurança colocado em prática por São Paulo e Polícia Militar isolou alguns pontos da casa são-paulina e seu entorno. A estátua em homenagem a Telê Santana, inaugurada mês passado, está cercada de tapumes. A sede da Independente, localizada em frente à entrada das arquibancadas laranja e azul (sul e leste), também está isolada e com presença constante de PMs.
Mesmo com um alerta divulgado nas redes sociais da Independente, em que havia uma promessa de 'revide' para casos de vandalismo no Morumbi, nenhum incidente mais sério foi registrado e uma nota conjunta entre os clubes foi divulgada.
Para levar a ideia de acabar com a torcida única em clássicos adiante, a FPF agora quer ver como será 'o outro lado da moeda'. Por isso a presidente alviverde Leila Pereira vem assegurando que não importa a pressão interna, vai ceder o Allianz Parque ao rival quando necessário.
A reciprocidade tem data para acontecer. O Palmeiras aceitou a proposta do São Paulo para usar o Allianz Parque entre os dias 10 e 18 de março, quando o Morumbi receberá seis shows da banda britânica de pop-rock Coldplay. Para estas datas estão previstas as realizações das quartas e semifinais do Paulistão.
A reportagem apurou que partiu das próprias organizadas são-paulinas e palmeirenses a iniciativa de fechar um 'acordo informal' para garantir que nada ocorrerá às sedes das facções alviverdes que se encontram em frente ao Allianz, que também deverão ser isoladas.
A presença do Santos também entra nesse contexto, já que o Tricolor colocou o Morumbi à disposição do time litorâneo, que em breve fechará a Vila Belmiro para reformas.
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