Renan Ribeiro abre o jogo: ‘Ainda não entendi por que saí do time’

Em entrevista exclusiva, goleiro ainda mostra lamentação com a saída de Ceni, em julho, e admite que aceita mudar de clube já, mas prefere aguardar posicionamento do São Paulo

Escrito por

Em 13 de agosto, o São Paulo venceu o Cruzeiro, de virada, por 3 a 2, e Renan Ribeiro saiu do Morumbi falando sobre as negociações para renovar seu contrato, que acaba em 28 de maio. Mas, naquela semana, a situação mudou completamente: o goleiro ouviu de Dorival Júnior que sairia do time. E, até agora, ainda não entendeu o motivo.

De férias, à espera de um posicionamento do Tricolor sobre o interesse em discutir a renovação, o goleiro, que fará 28 anos em março, conversou com o LANCE! Ele abriu o jogo a respeito das dúvidas que ainda tem sobre a decisão do técnico de colocar Sidão em seu lugar, sem descartar defender um novo time já a partir de janeiro.

- Tive de acatar, mas até hoje não consigo entender. Não tive nenhum argumento ou explicação que pudesse me convencer, mas acatei e segui trabalhando como sempre foi em todos esses anos de clube - disse o goleiro, que terminou o ano como atleta da posição que mais jogou no clube (30 partidas, contra 27 de Sidão e nove de Denis).

Na entrevista, Renan Ribeiro fala ainda que chegou a pedir para não ir ao banco de reservas para manter tratamento no joelho direito (atuou com dores enquanto foi titular) e lamentou a demissão de Rogério Ceni, técnico do time até julho.

Confira o bate-papo exclusivo do LANCE! com o goleiro:

Quais são seus planos para 2018?
Sinceramente, ainda não é algo que parei para pensar de maneira concreta. O que sei e posso garantir é que meu contrato com o São Paulo vai até maio de 2018. Por conta disso, ainda não tem como planejar muita coisa. Minha expectativa é de resolver isso ainda em dezembro ou, no máximo, janeiro. Preciso ter uma posição para saber como as coisas vão ficar. Independentemente disso, projeto um 2018 ainda melhor do que 2017, já que, neste ano, consegui jogar, mostrei meu trabalho e me senti pronto e preparado para seguir assim.

Este ano foi o que você mais jogou no São Paulo (foi, inclusive, o goleiro que mais atuou na temporada) e, ao mesmo tempo, passou o segundo semestre na reserva. Qual é o saldo final do ano para você?
Analisando o ano todo, vejo como muito positivo. Comecei com uma lesão, que me atrapalhou no início, mas depois, rapidamente, pude ter meu espaço, sequência, e mostrei meu trabalho. Era algo que buscava desde que cheguei ao São Paulo, em 2013, e consegui. E isso aconteceu nas mãos de um grande ídolo do clube, que conhece tudo ali dentro, especialista na posição e me viu crescer, evoluir e trabalhar duro durante todos esses anos. Termino como o atleta da posição com mais jogos em 2017 e isso me deixa feliz. A parte ruim ficou para o final, falando individualmente, quando não pude mais jogar. Mas o clube conseguiu terminar o Brasileiro de forma digna, permaneceu na Série A, e fico contente em ter feito parte disso.

Nos últimos jogos do ano, você ficou fora do banco. A informação oficial é que você trata uma tendinite no joelho direito, mas chegamos a vê-lo treinando normalmente. Sua condição física já está boa?
Sim, tive uma tendinite e fiquei fora para tratar e resolver este problema. Era algo que vinha comigo no período em que estava jogando também. Fazia tratamento, tomava remédio, treinava e jogava. Quando saí do time, optamos por zerar e ficar 100%. Isso aconteceu e fiquei à disposição. Em certos jogos, pedi para não ir, pois perderia dois dias de treinos. Como iria ficar no banco e tinha o Denis, pedi para treinar mais, ficar bem e em condições caso precisassem de mim. Também já pensando em 2018, para estar em ritmo e preparado.

Como foi seu relacionamento com o Dorival depois de ele te tirar do time? Ficou alguma mágoa? Consegue dizer se foi justo ou não?
Se foi justo ou não, só ele pode responder. No futebol, a gente não pode ter mágoa, mas não quer dizer que temos de aceitar todas as decisões. São opções e temos de respeitar. Eu disse a ele que não concordava, ainda mais naquele momento. Vínhamos de uma vitória contra o Cruzeiro, quando defendi uma bola importante no momento em que o time perdia por 2 a 1 e viramos depois. Estava me sentindo muito bem e preparado para seguir como titular. Como você já disse, termino como o goleiro com mais jogos no ano pelo São Paulo e isso me deixa satisfeito. Mas, ao mesmo tempo, sei que poderia ter feito mais, mas não foi possível. Respeito os meus companheiros de posição, mas os meus jogos mostravam que eu vinha evoluindo e poderia ajudar mais. Não entendi ainda o motivo de ter saído, pois vinha lutando há quatro anos por isso, para ter uma oportunidade, e foi encerrada uma sequência que entendi poder me fazer ser titular do São Paulo. Tive de acatar, mas até hoje não consigo entender. Não tive nenhum argumento ou explicação que pudesse me convencer, mas acatei e segui trabalhando como sempre foi em todos esses anos de clube. Torci de fora e fiquei feliz pelo clube ter saído da situação que estava, posição que nunca deveria ter chegado e não merecia por sua história.

Sidão recebeu elogios pelo turno que fez, mas você começou o Brasileiro apontado como um dos melhores goleiros da competição. Como você enxerga essa comparação e a sua situação final no Brasileiro?
O Sidão fez um grande campeonato também e isso comprova a qualidade que tínhamos na posição. E, como você disse, pelo turno que fiz, e até pelo Paulistão e pela Copa do Brasil, eu me via bem para seguir. Não só pela crítica, mas também pela torcida, comissão técnica, companheiros e a minha própria avaliação. Jogando, pude ver o que precisava melhorar e estava em busca disso. Eu estava vendo evolução, mas o time oscilava muito, principalmente nos resultados. Fazíamos bons jogos, mas às vezes não ganhávamos. Tanto que o Rogério acabou saindo, algo que lamentei muito. Foi ele quem me deu a oportunidade e me colocou para jogar. Alguém que conhece bem o clube, viu tudo o que fiz e o que passei nesses anos, e também é grande especialista na posição.

Soubemos de sondagens de outros clubes e você já está livre para assinar com outros times. Como lida com isso? Segue aguardando um posicionamento do São Paulo?
Temos algumas sondagens. Até porque os clubes já sabem da minha situação, me viram atuar este ano e estão cientes de que meu contrato com o São Paulo só está garantido até maio de 2018. Mas eu ainda preciso ter uma posição definitiva do São Paulo, se vão querer renovar ou de que não vão contar mais comigo. A partir do momento que tiver esta posição, vamos dar andamento ou não às sondagens que já tivemos.

No primeiro semestre, quando era titular absoluto, você falou repetidamente que queria renovar. Mantém essa vontade ou, hoje, aceitaria jogar em outro time já a partir de janeiro?
Sim, mantenho o meu desejo de permanecer no São Paulo. Mas preciso jogar, algo que também já disse em outras entrevistas, até mesmo antes da minha sequência, e acabou acontecendo. Eu me vejo pronto para jogar. Se no São Paulo eu não puder ter isso, vou respeitar, acatar, mas terei que seguir minha vida em outro lugar. Não quero me escalar, mas quero que as coisas sejam justas. Eu tinha uma sequência, tinha boa avaliação de todos, mas acabei saindo. Algo que respeito, mas não concordo. Então, temos que conversar e ver o melhor para todos os lados. Aceitaria jogar em outro clube em janeiro, sim. Se continuar na situação atual, isso pode ser melhor para mim e para o São Paulo. Mas temos que sentar, conversar, e definir, já que existe um vínculo vigente. Eu ainda tenho contrato até maio e vou aguardar uma posição deles, antes de tomar qualquer decisão, e aí, dependendo do que me passarem, seguir em frente no São Paulo ou fora.

Siga o Lance! no Google News