Se era titular absoluto com Rogério Ceni, Wellington Rato vai aos poucos mostrando o seu cartão de visitas a Dorival Júnior no São Paulo. Afinal foi do ponta, o 'Supermouse do Morumbi', o gol de falta que abriu a vitória por 2 a 0 do Tricolor sobre o Puerto Cabello, na Venezuela, na noite desta terça-feira (23), resultado que deixou os brasileiros isolados na liderança do Grupo D da Copa Sul-Americana.
Motivos de sobra para o camisa 27 comemorar à vera seu tento. É a segunda participação direta decisiva em bola parada. No último final de semana, Rato já havia cobrado escanteio na cabeça do zagueiro Beraldo para marcar um dos gols da vitória por 4 a 2. Além disso foi o primeiro gol de falta do São Paulo desde 10 de novembro de 2021, quando o meia Benítez acertou em cheio a cobrança na ocasião para selar o empate em 1 a 1 com o Fortaleza, pelo Campeonato Brasileiro.
Mais motivos ainda para comemorar de Dorival. O treinador segue sem conhecer uma derrota neste seu retorno ao São Paulo. E com os dez jogos invictos que alcançou, já é dono da maior sequência de um técnico no comando do Tricolor neste século.
Sobre o jogo, não podia se esperar muita coisa. Dorival cumpriu o prometido, enviou a campo uma escalação completamente alternativa. E o Tricolor sentiu o peso do desentrosamento. Sem conseguir se encontrar para atacar de forma orquestrada, apelou para as jogadas individuais. E em uma dessas Juan recebeu a falta que Rato cobrou para encaminhar a vitória, aos 27 do primeiro tempo. Na etapa final, a ordem foi se poupar ainda mais. E o time do Morumbi, sofreu certo sufoco, insuficiente para mudar o placar. Pelo contrário. Deu tempo de Alisson selar o placar final nos acréscimos.
O resultado deixa o São Paulo com dez pontos, isolado na liderança da chave, independente do resultado de Tigre e Tolima, que jogam nesta quarta-feira (24), na Argentina. Com duas partidas ainda a serem disputadas nesta primeira fase no Morumbi, o Tricolor deixou mais do que encaminhada a sua classificação, sem precisar torcer contra o rival de Buenos Aires, na segunda posição com seis. Os brasileiros sequer tomaram gols ainda no torneio. O Puerto Cabello não conquistou um ponto sequer ainda na competição.
ESCALAÇÃO INÉDITA DIFICULTA
O São Paulo começou o jogo não só com um time que nunca atuou junto, mas também com uma formação nunca antes utilizada pelo treinador. Com isso, era natural esperar certa dificuldade dos brasileiros em acertar o passe, a colocação dentro de campo, a saída de bola…
O time do Morumbi cozinhou como pôde os minutos iniciais esperando sinais dos mandantes para saber de espaços por onde poderia penetrar. Deu certo aos 17', quando Rodriguinho abriu caminho e rolou para Wellington Rato arriscar de longe e ver a bola quicar no gramado e por pouco nao enganar Romero, que desviou para escanteio.
ADVERSÁRIO ENSAIA ALGO. MAS…
Se haviam dificuldades ofensivas, haviam defensivas também. Com apenas Luan de volante, Michel Araujo e Rodriguinho batiam cabeça sobre quem voltaria para dar aquela força esperta na marcação. E o Cabello, que não é bobo nem nada, aproveitou. Os venezuelanos já vinham apertando constantemente, mas não conseguiam completar. Até os 21', quando Lugo se livrou de dois marcadores e chutou de fora da área para acertar a trave esquerda de Rafael.
SUPERMOUSE TRICOLOR DECIDE
Nada que pudesse tirar o sono são-paulino. Se o entrosamento era nulo, prejudicava a articulação, por qual motivo não arriscar mais na qualidade individual e tentar beliscar algo?
Certo Wellington Rato? Mais do que certo. O Supermouse do Morumbi começou então seu show. Pegava a bola na intermediária e tentava passar pela marcação. Aos 26', encontrou Rodriguinho, que tocou rápido para Juan, que caiu após sofrer a falta. Quem bate? o camisa 27 tricolor, que mandou às redes e encerrou um jejum de quase um ano e meio sem gol de bola parada para abrir o placar.
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PRESSÃO TOTAL VENEZUELANA
Com um São Paulo desentrosado que decidiu se poupar após marcar o gol, o Puerto Cabello voltou do intervalo buscando o tudo ou nada seu na noite. Se lançou ao ataque e passou a assustar o Tricolor. Logo aos 3', Lugo cobrou falta na cabeça de Granados, que desviou da pequena área e viu Michel Araujo salvar da forma que deu. Menos de dois minutos depois, foi a vez de Rafael salvar a casinha, desviando cruzamento fechado de Pérez. Na sobram Lugo arriscou a finalização e Diego Costa livrou o perigo.
O TEMPO PASSA, O TEMPO VOA
Uma das principais marcas desse São Paulo de Dorival Júnior é a frieza. Calculista, o time consegue controlar as ações no campo sem ser incomodado. Quando precisa atacar, artiicula. Na Venezuela, com a vantagem a seu favor, era hora de administrar. E assim foi feito. Aos 15', os mandantes até chegaram de novo com Pérez, que recebeu bom passe dentro da área e bateu cruzado, com perigo. Mas foi só.
Dorival mandou a campo no decorrer do segundo tempo a sua tropa de choque, os titulares poupados, como Pablo Maia e Calleri. E aí o cenário ficou ainda mais complicado para os venezuelanos. Perigo, perigo mesmo, só aos 36', com um cruzamento na área salvo pela defesa. Mas se esse Tricolor tem uma resiliência impressionante, não seria um time tão frágil quando o Puerto Cabello que interromperia uma série tão positiva quando esta sustentada. Nos acréscimos, ainda deu tempo de Luciano arrancar em contra-ataque e achar Alisson, que chutou e definiu o placar a favor do São Paulo.
PRÓXIMOS JOGOS
O São Paulo volta a campo pela Copa Sul-Americana somente no dia 8 de junho (quinta-feira), às 19h (de Brasília), quando recebe o Tolima no Morumbi. Dois dias antes, 6 de junho (terça-feira), às 21h (de Brasília), o Puerto Cabello vai à Argentina encarar o Tigre. Pelo Brasileirão o Tricolor joga no sábado (27), ante o Goiás, às 21h (de Brasília), também em casa.
FICHA TÉCNICA
PUERTO CABELLO-VEN 0 x 2 SÃO PAULO-BRA
COPA SUL-AMERICANA - FASE DE GRUPOS - QUARTA RODADA
Data e horário: 23/5/2023 (terça-feira), às 21h30 (de Brasília)
Local: Estádio Polideportivo Misael Delgado - Valência (Venezuela)
Árbitro: Bryan Loayza (Equador)
Auxiliares: Ricardo Baren e Dennys Guerrero (ambos do Equador)
VAR: Roberto Sanchez (Equador)
Público e renda: não disponíveis
Cartões amarelos: Danny Pérez (Puerto Cabello); Alan Franco, Raí Ramos, Pablo Maia e Marcos Paulo (São Paulo)
GOLS: Wellington Rato (falta) aos 27min do 1ºT (0-1) e Alisson aos 50min do 2ºT (0-2)
PUERTO CABELLO
Luís Romero; Carlos Rivero, Edwin Peraza, Kevin de la Hoz (Ándres Montero, 32/2) e Diego Osio; José Granados, Juan Colina (Gideón Iliya, 15/2) e George Ayine (Júnior Cedeño, 10/2); Danny Pérez, Williams Lugo (Richard Figueroa, 32/2) e Luifer Hernández (Alfredo Stephens, 16/2)
Técnico: Noel San Vicente
SÃO PAULO
Rafael; Raí Ramos, Alan Franco, Diego Costa e Patryck; Luan (Pablo Maia, 20/2); Marcos Paulo (Luciano, 31/2), Michel Araujo, Rodriguinho (Alisson, intervalo) e Wellington Rato (Calleri, 20/2); Juan (Gabriel Neves, 41/2)
Técnico: Dorival Júnior