Trabalho duro e humildade: os segredos de Bruno Alves no São Paulo

Zagueiro será titular contra o América-MG, no Independência, e fala ao LANCE! sobre a disputa com os outros defensores do elenco e as chances recebidas de Diego Aguirre

imagem cameraZagueiro chegou ao São Paulo no segundo semestre do ano passado e, com Aguirre, está se tornando um dos titulares da equipe (Érico Leonan/saopaulofc.net)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 26/05/2018
20:13
Atualizado em 27/05/2018
05:30
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Cada vez mais utilizado pelo técnico Diego Aguirre, o zagueiro Bruno Alves começa a se destacar com a camisa do São Paulo. Reserva no início da temporada, o camisa 34 entrou em campo em dez dos 14 jogos do treinador uruguaio no Tricolor. Neste domingo, às 19h, o defensor terá mais uma chace com o comandante. Desta vez contra o América-MG, no Independência.

Defendendo a invencibilidade do São Paulo no Brasileirão, a equipe mede forças com o Coelho, que em três jogos em seu estádio, venceu todos. Na visão de Bruno Alves, o Tricolor - principalmente o sistema defensivo - precisa ter muito cuidado com o centroavante Rafael Moura. Se vencer, o São Paulo consegue sua primeira vitória fora de casa e encosta nos líderes do torneio.

O zagueiro atendeu a reportagem no início da tarde da última quinta-feira, logo após o fim do treino da equipe no CT da Barra Funda. Além de comentar sobre a boa fase no clube do Morumbi, o camisa 34 relembrou um mau momento vivido no Independência, no ano passado, e falou sobre as qualidades dos outros zagueiros do elenco. Confira!

Bruno, já é possível afirmar que você é titular do São Paulo?
Não, jamais. O próprio Aguirre deixou bem claro para o grupo que não existem onze titulares e, sim, um elenco qualificado. Sabemos que todos os jogadores têm chances de jogarem. Por isso, todo mundo treina forte para ganhar uma oportunidade.

Mas você já está em outro patamar no clube, não concorda?
Não (risos). Continuo com os pés no chão e com a mesma humildade. Treino todo dia, toda semana, esperando uma oportunidade com a camisa do São Paulo. Quando o Aguirre seleciona quem for jogar, procuro dar o meu melhor para a equipe e buscar sempre a vitória.

Alguns números que talvez façam você se sentir melhor. Dos 16 jogos que você fez nesta temporada, o São Paulo não levou gol em dez. Você é dono da menor média de gols sofridos entre os zagueiros do elenco, e é o defensor mais utilizado no time neste Brasileiro. Você está em uma condição diferente daquela que tinha no início do ano?
Ah, isso é verdade. No início do ano, sabia que teria poucas oportunidades, então procurei aproveitar minhas chances da melhor maneira possível. O Aguirre vem me dando mais oportunidade e estou tentando corresponder da melhor maneira possível.

O Aguirre tem conversado mais com você?
Não. No primeiro jogo que fiz com ele, contra o São Caetano, nas quartas de final do Paulistão, ele só me colocou para jogar e não me disse nada. Depois, ele me chamou para conversar e disse que gostou do que tinha visto, que eu havia ido bem e que foi um jogo difícil. Comecei a pegar a confiança dele, assim como todos os outros zagueiros do elenco. Acho que estamos em uma disputa sadia.

Como você vê essa disputa com os outros zagueiros? O Aguirre, inclusive, já comentou que a zaga é o melhor setor do time...
Vejo como uma disputa muito boa. Temos excelentes zagueiros: o Rodrigo Caio e o Arboleda jogam em seleção, o Anderson Martins é um cara com uma carreira consolidada e eu me sinto no nível deles. Procuro aprender com eles nos treinamentos. Entre nós, um observa o outro e sempre nos ajudamos para quando chegar o dia do jogo nós possamos fazer nosso melhor dentro de campo.

Você está em seu melhor momento no São Paulo?
Concordo. No ano passado, fiz apenas quatro jogos e em datas alternadas. É difícil. Quando um jogador tem uma sequência ele consegue render mais. Acho que estou vivendo meu melhor momento no São Paulo, mas tudo isso é fruto de um trabalho com muita humildade e dedicação, que vai acontecendo todos os dias.

Vocês (zagueiros) têm um nível parecido. O que você pode falar de cada um dos outros três?
O Anderson é um zagueiro mais técnico, junto com o Rodrigo Caio. A parte de velocidade e marcação é comigo e com o Arboleda. Temos nossas semelhanças e diferenças, mas dentro de campo todos nos entendemos. O importante é que está dando certo e estamos ajudando o São Paulo.

O América entrou no campeonato como candidato ao rebaixamento e está na parte de cima da tabela. O que vocês estão pensando dessa partida?
Sabemos que não tem jogo fácil no Campeonato Brasileiro. Jogamos contra o Santos, uma partida difícil, e agora vamos pegar o América, que está na parte de cima da tabela. Esperamos fazer um grande jogo, colocar intensidade, criar chances e conseguir surpreender eles para sairmos com a vitória.

Falando do seu setor, o que você conhece do América para segurarem eles em casa?
Penso no Rafael Moura. Joguei com ele no Figueirense, então sei que é um jogador forte na bola aérea e que finaliza muito bem. A gente vai ter que encurtar bastante os espaços do Rafael.

No Independência aconteceu talvez a sua única falha pelo São Paulo. Você se lembra?*

*Pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro do ano passado, Bruno Alves cometeu pênalti no hoje são-paulino Valdívia. O lance gerou o gol da equipe mineira, que venceu o confronto, por 1 a 0.

Lembro. O Valdívia chegou aqui falando que tinha sido pênalti (risos). Eu falei para ele que apenas fiz a carga e ele caiu, aí ele me disse que precisava fazer aquilo (risos). Eu estava fazendo um bom jogo, foi um lance que o Marcos Rocha bateu o lateral rápido e aconteceu aquilo. A gente aprende com o erro. Sei que eles vão acontecer, mas tentamos minimizar o máximo possível. Aprendi, evoluí bastante com o erro e foi bom para sentir o peso. Na minha estreia, fiz um gol e logo depois fiz um pênalti. Então, fui do céu ao inferno de um jogo para o outro. Aquilo foi bom pra mim.

Aquele foi um lance isolado?
Creio que sim. Ali foi um lance isolado, mas eu tive minha culpa naquele pênalti. Depois, procurei evoluir e amadurecer.

O Valdívia provocou você?
Ah, ele provocou (risos). Mas já passou. Esquecemos isso (risos).

Você comentou que a parte de desarme e marcação fica com você e com o Arboleda. Como equilibrar isso para evitar os cartões?
A gente procura ter o momento certo de dar o bote. Procuro estudar muito os atacantes antes de jogar. O São Paulo tem um sistema de análise de desempenho dos adversários que manda vídeos para nós. Procuro assistir todos e estudar os atacantes titulares e reservas. Então, eu já vou mapeando o que posso fazer. Se o cara gosta de levar para o fundo. por exemplo, já fecho aquele setor para que ele tenha dificuldade.

Como é com o Rafael Moura?
Não podemos dar espaço. Tem que ficar perto dele. É um cara que gosta muito de finalizar, temos que ficar espertos com ele dentro da área.

Então, a solução seria antecipá-lo? Porque ele costuma finalizar de primeira...
Não, se a gente antecipar ele vira o corpo e vai para o gol. A gente precisa deixar a dobra (um outro marcador) vir porque ele é alto e forte. Não podemos dar espaço.

Como é formar a dupla de zaga com o Arboleda?

É uma boa dupla porque temos características parecidas. Temos características parecidas. Ele é um zagueiro rápido.

O Jucilei deve voltar mais para ajudar na saída de bola?
Sim. O Aguirre tem treinado bastante a recomposição da defesa nesses dias, que começa lá no início (ataque). O time inteiro está comprometido para ajudar a colocar o São Paulo no lugar que ele merece.

Para você muda algo em jogar com três ou dois zagueiros?
No futebol moderno você precisa se adaptar rápido. No jogo contra o Fluminense, com três zagueiros, fizemos um grande jogo, apesar do resultado. Com dois zagueiros também fizemos bons jogos. São opções que o Aguirre tem para fazer o São Paulo ser competitivo.

O que falta ao São Paulo para conseguir uma vitória fora de casa?
Temos feito bons jogos, mas o gol não está saindo. Temos que ter concentração máxima para essa partida porque queremos avançar na tabela.

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