As chegadas de Daniel Alves e Juanfran não farão o São Paulo mudar o seu planejamento financeiro para o restante de 2019 - ou seja, o clube não precisará voltar atrás no discurso de não vender nenhum dos jovens de Cotia que estão se destacando na equipe principal, como Antony, para tapar um rombo no caixa. Foi o que a diretoria de futebol garantiu após apresentar o espanhol nesta sexta-feira.
- O impacto dessas duas contratações neste ano não vamos dizer que é pequeno, mas não têm o impacto necessário para que a gente tenha que sentar e replanejar até o fim do ano. Os dois entenderam que, quando você faz uma contratação em agosto, você já usou boa parte do seu orçamento. Boa parte dos recebíveis ficam para o ano que vem, no caso do Daniel para os outros anos também. Foi criado espaço para a chegada desses dois com as mudanças que a gente fez no elenco depois do Paulista - disse Alexandre Pássaro, gerente de futebol do São Paulo.
As mudanças citadas por ele foram as saídas de jogadores como Diego Souza, Nenê, Jonathan Gómez, Araruna e Brenner, que aliviaram a folha salarial. Jucilei e Bruno Peres também sairão, mas ainda não encontraram novos clubes.
Mas não houve apenas saídas. O São Paulo também contratou Tchê Tchê, Vitor Bueno, Raniel e Alexandre Pato após o Paulistão. Este último, a exemplo dos recém-chegados, topou receber um valor menor até dezembro, com aumento já previsto para janeiro.
Apesar do discurso, a situação financeira do São Paulo não é confortável. O orçamento do clube tem um rombo causado pelas eliminações precoces na Libertadores e na Copa do Brasil - a previsão era chegar até as quartas de final das duas competições, o que geraria receitas muito maiores com bilheteria, cota de TV e premiações. Além disso, a meta de arrecadação com vendas de atletas não foi batida.
O orçamento prevê R$ 120 milhões vindos de transferências, mas por enquanto foram arrecadados cerca de 55 milhões com as saídas de Tuta (R$ 7,6 milhões) e Rodrigo Caio (R$ 22,2 milhões) e com a ida de Militão para o Real Madrid (R$ 25 milhões). Há ainda outras bonificações geradas pelo desempenho dos atletas vendidos em seus novos clubes, como Pratto, que gerou receita ao ser campeão da Libertadores com o River, e Thiago Mendes, que levou o Lille à Champions League e também rendeu dinheiro ao Tricolor.
Mas, para a diretoria do São Paulo, é momento de pensar grande e não se prender tanto ao orçamento. Os dirigentes acreditam que a imagem de Daniel Alves vai atrair muitas receitas, assim como o bom desempenho esportivo da equipe.
- Vocês viram, até superou a expectativa que eu tinha, o impacto da chegada dele. A valorização institucional é uma coisa completamente imensurável. Os parceiros atuais e os que querem se juntar ao São Paulo se sentiram muito valorizados. Isso é intangível, o Daniel coloca o São Paulo em outro patamar. O São Paulo tem que ter ambições grandes. Para competir no nível que o São Paulo merece é preciso ter uma estratégia global. Cabe a nós explorar tudo o que a chegada do Daniel proporciona em termos de oportunidades. Temos que ter competência para explorar - disse o diretor Raí.
- Desde a primeira conversa com o Daniel, falamos em projeto, não na contratação de um atleta. Acho que foi isso que o seduziu. A chegada de um atleta do tamanho dele só pode ser encarada como grande projeto. Antes de evoluir depois do primeiro contato que tivemos fomos ver a viabilidade disso. Contatamos vários parceiros possíveis, no primeiro momento os mais próximos para ver se a ideia ficava em pé, e sem dúvida a reação foi positiva. Pouco a pouco ele foi vendo a grandeza com que o São Paulo estava encarando a chegada dele e também a maneira de montar essa operação para que ela parasse em pé.