Sinceridade não faltou a Diego Lugano em entrevista coletiva concedida nesta segunda-feira no CT da Barra Funda. O uruguaio não escondeu a ansiedade de voltar ao Morumbi para defender o São Paulo em uma partida de Copa Libertadores da América, admitiu as dificuldades para o time se firmar nesta temporada e rechaçou qualquer "crise" com Edgardo Bauza pelas chances de ser reserva contra o River Plate (ARG) nesta quarta-feira, às 21h45.
- O jogo é do São Paulo e de 30 atletas que têm orgulho de vestir a camisa, senão não estariam aqui. O jogo é grande, decisivo e com pressão e atletas são animais competitivos e gostam quando fica mais difícil. Claro que seria lindo voltar ao Morumbi em um jogo desse, mas sou apenas mais um e vou esperar a decisão da comissão técnica. Eles me trouxeram para dar exemplos esportivos e humanos, então tenho que ser esse exemplo - afirmou o camisa 5, que concorre com Rodrigo Caio no rodízio da defesa feito por Patón:
- Bauza não inventou a pólvora com o rodízio. Talvez no mundo nenhum time tenha jogado tantos jogos como o São Paulo desde janeiro (22 partidas). Não dá para um jogador atuar sempre ou a imprensa ficar cobrando repetição de time. Isso é bobagem e ficou no passado, não é nada moderno. O técnico precisa saber quem está bem para jogar, trocar os atletas e assim manter o nível de intensidade, com os jogadores com seu máximo potencial. Claro que somos pagos para jogar sempre, mas é preciso ser consciente e jogar 100%, senão vira um fominha da vida que só pensa individualmente - rebateu.
Se optar por Lugano ao lado de Maicon na zaga, Bauza comprovará a preocupação do próprio uruguaio com experiência do elenco do River Plate. O zagueiro, único campeão da América no elenco além de Paulo Henrique Ganso, acredita que há somente duas formas de derrotar os argentinos, atuais campeões da Libertadores e treinados por Marcelo Gallardo: cabeça no lugar e superioridade técnica. Parece simples, mas...
- Teremos que ter paciência, equilíbrio tático e, principalmente, equilíbrio emocional. Eles estão mais acostumados a isso, estão à frente. Jogam bom futebol, têm um técnico jovem, campeão e que sabe jogar fora de casa. Mas o São Paulo está crescendo e pode combater isso. A instituição e a camisa crescerão, mas falar qualquer um fala, faz promessa. O que precisamos fazer é demonstrar no campo, deixar o torcedor orgulhoso. O segredo é ser superior ao adversário. Se quiserem, falo coisas bonitas na televisão, mas a realidade é que precisamos jogar mais que o River na quarta-feira, às 21h45 - disse.
'Se quiserem, falo coisas bonitas na televisão, mas a realidade é que precisamos jogar mais que o River na quarta-feira, às 21h45'
A última vez em que Lugano atuou no Morumbi como atleta tricolor foi em 9 de agosto de 2006, quando o São Paulo foi derrotado por 2 a 1 para o Internacional na primeira final da Libertadores - no jogo de volta, os paulistas empataram em 2 a 2, mas perderam o título. Contra Oeste e Trujillanos (VEN), quando o estádio foi reaberto após reforma estrutural neste ano, o zagueiro estava fora devido a quadro de lombalgia.
Confira outros trechos da entrevista coletiva de Diego Lugano:
Como o Morumbi pode ajudar na quarta-feira?
Será um jogo especial e decisivo, com a cara do São Paulo. Daqui para frente todas as partidas serão assim. Estou louco para chegar quarta-feira e ver o Morumbi com 60 mil pessoas. Será vida ou morte. Voltei para o São Paulo para isso, essas noites de Libertadores com estádio lotado. Estamos prontos para nosso objetivo diante do campeão da América. É a cara do clube. O Morumbi tem uma mística especial, com muito respeito dos times de fora. Isso ajuda muito, mas não ganha jogo. Isso é com os atletas. Mas empurra o time para frente, cria um ambiente especial. Muitas noites de quarta-feira tiveram o São Paulo brigando e ganhando várias batalhas. Estaremos de novo com essa camisa e agora queremos sair vitoriosos contra o campeão da América.
O São Paulo tem condições de vencer o River?
O São Paulo vem melhorando em resultados e em rendimento. Pelo que conheço deles, do jogo na Argentina, eles têm um elenco maior e mais experiente. Mas o São Paulo tem uma camisa que nestas horas iguala ou coloca a gente na frente. Quarta é uma chance de mostrar isso. Lembro desse jogo e de muitas outras quartas de casa cheia, de adrenalina, competência... Foi muito complicado e conseguimos vencer, que é nosso objetivo de novo. Não podemos nos deixar levar pela ansiedade da torcida. A torcida tem que entender que o apoio é necessário a todo momento para tentar ganhar o jogo.
O elenco é forte o suficiente para esta sequência de decisões?
Agora começam as semanas decisivas, a parte linda do futebol, com todo jogo valendo algo. Se não ganha, está fora. É uma sequência maluca que já vem desde janeiro. Parece que é só o São Paulo que joga partidas importantes a cada três dias. Há uma diferença clara neste aspecto. A longo e médio prazo isso faz diferença, com contusões, cansaço e baixa no rendimento. Serão desafios muito grandes. O elenco está pronto, com fome e vontade de deixar marcas no clube. Só o resultado falará por nós. A confiança está na gente e a gente está comprometido, mas é a bola quem fala a verdade.