O 7 a 1 foi uma surpresa para o futebol brasileiro, mas nem tanto para o lado alemão. Não pelo placar, é claro, e sim porque o sucesso colhido na Copa do Mundo de 2014, no Brasil, foi fruto de um projeto conduzido por mais de 10 anos. Uma década depois daquele Mundial, ainda é um exemplo que o futebol brasileiro deve seguir.
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A geração já é outra, e a seleção alemã não vive o mesmo momento de alta da década passada. Mas, neste 8 de julho, o Lance! relembra o esforço de reconstrução do futebol alemão como um exemplo que o Brasil precisa e ainda não seguiu.
Forjados na frustração
Tudo começou em 2002, quando a Alemanha retornou à final da Copa do Mundo na Coreia do Sul, depois de 12 anos, diante do Brasil. Os europeus só haviam sofrido um gol na Copa do Mundo, e Oliver Kahn, goleiro alemão, fazia atuações memoráveis que lhe renderam o prêmio de melhor jogador da competição.
Porém, os deuses do futebol não recompensaram o lendário goleiro, que falhou em um dos gols do Fenômeno Ronaldo. A Alemanha perdeu por 2 a 1 para o Brasil, novo pentacampeão do mundo.
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Esse não foi o fundo do poço. Dois anos depois, na Eurocopa de 2004, a equipe caiu na fase de grupos com uma derrota por 2 a 1, de virada, para os reserva da República Tcheca.
Reestruturação
Os resultados mostravam que o futebol alemão não era mais competitivo, e a federação local agiu. O plano foi montado para reerguer o esporte no país. A estratégia traçada foi mais eficiente e mais barata do que contratar grandes grifes. Os dirigentes criaram uma estrutura de divisões de base para que os jovens pudessem brilhar anos depois.
Desde 2004, a Federação Alemã de Futebol (DFB) obrigou, entre outras medidas, que todos os clubes das primeira e da segunda divisões nacionais construíssem centros de excelência para formação de jovens jogadores. Todos os clubes foram obrigados a montar escolinhas de futebol como exigência para que pudessem participar do campeonato nacional.
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Além disso, a presença de filhos de imigrantes na Alemanha beneficiou a renovação do esporte local. Ao todo, a seleção de 2014 teve sete jogadores com raízes fora do país: os poloneses Podolski e Klose; Mesut Özil, de pai turco; Sami Khedira, de família tunisiana; Jerome Boateng, com família nascida em Gana; e Shkodran Mustafi, de pais albaneses nascidos na Macedônia.
Tropeços no caminho
O início do novo investimento do futebol alemão começou a dar resultados logo cedo. Mesmo com as derrotas, a Alemanha percebeu que o caminho seria doloroso. Para chegar bem ao final da jornada, era necessário aproveitar o processo, por mais difícil que ele parecesse.
Afinal, a seleção havia sido eliminada para a Itália na semifinal da Copa de 2006 (campeã), e para a Espanha na final da Eurocopa de 2008 e a semifinal da Copa de 2010 (campeã).
A chegada de novas promessas e estrelas mostrou o futuro promissor da Alemanha. O principal deles, Thomas Müller, meia que se tornou ídolo do Bayern de Munique e disputou quatro Mundiais e quatro Euros.
Coroação do projeto de 10 anos
A revanche foi tardia, mas concluída. A Alemanha reencontrou o Brasil no mata-mata da Copa do Mundo de 2014 e contou uma das maiores histórias do esporte, 7 a 1 em uma semifinal, dentro da casa do maior campeão do torneio. Para a grande maioria, a derrota da Amarelinha em 2014 foi o maior vexame da história do futebol.
Depois de 10 anos de lutas, a seleção da Alemanha venceu a Argentina no Maracanã e conquistou, pela 4ª vez em sua história, a Copa do Mundo. Foi a coroação do projeto.
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